Abu Lay Camará, jovem guineense
Abu Lay Camará, de 23 anos, sonha em se tornar um jornalista de televisão, mas por enquanto teve que optar por estudar ciência política e relações internacionais no Instituto Politécnico Nova Esperança em Bissau, pois é o curso que ele tem condições de pagar.
A Guiné-Bissau passa por uma crise política que já dura quase quatro anos e que deixou as principais instituições completamente paralisadas. Foi em 16 de abril de 2018 que o sétimo primeiro-ministro foi empossado pelo Presidente José Mário Vaz, eleito em 2014.
José Mário Vaz havia marcado eleições legislativas para o dia 18 de novembro, mas devido ao atraso no recenseamento eleitoral isso não foi possível. Em dezembro, o presidente anunciou que as eleições vão occorrer no dia 10 de março.
Em entrevista à Voz da América, Abu diz estar otimista com relação ao futuro da Guiné-Bissau e acha que as coisas vão melhorar depois da realização de eleições justas e transparentes.
“Os nossos governantes já aprenderam com as eleições que essa crise política não ajuda o país. Somente a estabilidade.”
Ele sabe que não é fácil conseguir emprego, mas espera que com esforço e dedicação consiga entrar no mercado de trabalho.
Abu deixou uma mensagem para os políticos na qual pediu que tenham misericórdia do povo. Disse que eles estão a tratar os guineenses de forma desumana, já que a maioria dos jovens não tem acesso a condições satisfatórias nas áreas de educação, saúde e habitação.
Abu citou a realidade contrastante dos filhos dos políticos de seu país, os quais conseguem receber um ensino de qualidade em boas universidades no exterior. Por isso, os governantes não se preocupam com a educação na Guiné-Bissau.
Segundo Abu, a maioria dos jovens universitários não tem um computador portátil para fazer os trabalhos e nem acesso à Internet.
Ele apelou para que os políticos invistam na educação e em oportunidades para os jovens conseguirem um emprego.
"Aqui na Guiné se você não tem amigo num ministério, ou seu pai não é ministro, você não vai conseguir entrar no mercado de trabalho".
Abu terminou a entrevista expressando otimismo para 2019 e acreditando que a situação no seu país vai mudar.
VOA
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