O Governo nigeriano reconheceu neste domingo (25.02), após divergências sobre os números concretos, que 110 estudantes continuam desaparecidas uma semana após o ataque do grupo radical islâmico a uma escola em Dapchi.
A confirmação do desaparecimento das 110 estudantes chegou na voz do ministro da Informação, Lai Mohammed, após um encontro com entidades em Dapchi, no estado de Yobe, e familiares das vítimas.
"Os insurgentes estavam realmente em Dapchi na segunda-feira à noite e, hoje, não contamos 110 dessas raparigas. Sabe-se que o número de estudantes no registo total dos alunos que vieram à escola na segunda-feira foi de 906", adiantou Lai Mohammed.
A declaração do ministro acontece depois de uma certa confusão sobre o número de raparigas desaparecidas. Estimativas variavam entre 50 e mais de 100 estudantes. A polícia do estado, o governo de Yobe e outros órgãos tinham avançado diferentes números, enquanto um pai, representando famílias, dissera à agência de notícias Reuters que 105 estudantes estavam desaparecidas.
Sequestradas pelo Boko Haram?
Testemunhas relatam que os militantes do Boko Haram perguntavam onde estava localizada a escola. Outros disseram à agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) terem visto as jovens sendo levadas com armas apontadas à cabeça.
"Fomos à escola para verificar quais eram as pessoas desaparecidas. Quando cheguei, descobri que a minha filha era uma das raparigas levadas. Isso, depois de uma amiga dela me ter entregado os seus pertences. Outros amigos também confirmaram que minha filha estava entre as raparigas levadas num veículo”, explica Kachalla Bukar, pai de uma das meninas desaparecidas.
Os nigerianos temem que as estudantes tenham sido levadas para servirem de noivas dos extremistas de Boko Haram. Em 2014, o grupo raptou 276 meninas de um internato em Chibok, forçando-as a casar com os seus sequestradores.
A população continua a pressionar o Presidente Muhammadu Buhari para que tome uma posição sobre este novo episódio e assegure que não aconteça uma situação semelhante à ocorrida em 2014.
"Um desastre nacional”
Entretanto, o recente sequestro de alunas na Nigéria já foi apontado, na última semana, como um revés para Buhari, que desde a eleição prometera derrotar o Boko Haram. Em declarações na última sexta-feira, o Presidente pediu desculpas às famílias das meninas e classificou o ocorrido "como um desastre nacional".
Acredita-se que o recente sequestro de raparigas possa ser um dos maiores sequestros desde Chibok. Este domingo, o ministro Lai Mohammed prometeu esforços para melhorar a segurança nas escolas: "A polícia e Defesa civil vão assegurar sua presença forte em todas as escolas para impedir a ação dos insurgentes. As agências de segurança e órgãos responsáveis já estão a trabalhar para que as meninas sejam recuperadas o mais rápido possível. Queremos garantir aos nigerianos a nossa determinação em resgatá-las".
O Boko Haram, cujo nome significa "a educação ocidental é pecado", luta pela imposição de um Estado islâmico na Nigéria, um país predominantemente muçulmano no norte e maioritariamente cristão no sul. Desde o início da insurgência na região, em 2009, mais de 20 mil pessoas morreram.
DW
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