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Por LUSA 11/01/22
A ONU e organizações não-governamentais lançam hoje planos conjuntos de ajuda humanitária de emergência a 22 milhões de pessoas no Afeganistão, a 5,7 milhões de afegãos deslocados e às comunidades locais que os acolhem em cinco países vizinhos.
A ONU e organizações não-governamentais lançam hoje planos conjuntos de ajuda humanitária de emergência a 22 milhões de pessoas no Afeganistão, a 5,7 milhões de afegãos deslocados e às comunidades locais que os acolhem em cinco países vizinhos.
Segundo um comunicado conjunto do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) e do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) hoje divulgado, "os planos combinados de resposta humanitária aos refugiados necessitam de mais de cinco mil milhões de dólares de financiamento internacional em 2022".
Os dois organismos da ONU sublinham que "o povo afegão enfrenta uma das crises humanitárias com crescimento mais rápido do mundo: metade da população encontra-se afetada pela fome, mais de nove milhões de pessoas estão deslocadas, milhões de crianças não estão escolarizadas, os direitos fundamentais das mulheres e das meninas estão a ser atacados, os agricultores e os criadores de gado lutam contra a pior seca em décadas e a economia está em queda livre".
"Sem apoio, dezenas de milhares de crianças correm o risco de morrer de subnutrição, devido ao colapso dos serviços de saúde básicos", frisaram as organizações no documento.
Apesar de o conflito se ter atenuado, prosseguem, "a violência, o medo e as privações continuam a levar os afegãos a procurar asilo e segurança além das fronteiras do seu país, nomeadamente no Irão e no Paquistão".
"Mais de 2,2 milhões de refugiados registados e quatro milhões de afegãos de diferentes classes sociais foram acolhidos nos países vizinhos", uma situação que "está a pôr à prova duramente as capacidades das comunidades que os acolhem, que também precisam de apoio", explicaram.
Para Martin Griffiths, secretário-geral adjunto para os assuntos humanitários e coordenador do auxílio de emergência, "os acontecimentos ocorridos durante o ano que passou no Afeganistão desenrolaram-se a uma velocidade vertiginosa e tiveram profundas repercussões para o povo afegão".
"O mundo está agora perplexo e procura a forma adequada para reagir. Entretanto, aproxima-se uma verdadeira catástrofe humanitária", advertiu.
"Lanço uma mensagem urgente: não virem as costas ao povo afegão. Os parceiros humanitários estão no terreno e eles mantêm as suas promessas, apesar das dificuldades. Ajudem-nos a intensificar a nossa ação e a impedir a fome, as doenças, a subnutrição e, por último, a morte, apoiando os planos de ajuda humanitária que hoje lançamos", instou Griffiths.
Por seu lado, o alto-comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, também citado no comunicado, defendeu: "A comunidade internacional deve fazer o possível para impedir uma catástrofe no Afeganistão, que não só agravaria o sofrimento, mas causaria novas deslocações [de populações] para o interior do país e para toda a região".
"Ao mesmo tempo, devemos intensificar, com a maior urgência, os esforços de ajuda em favor dos refugiados e das comunidades que os acolhem há gerações. As necessidades dos refugiados não podem ser ignoradas, e a generosidade dos países de acolhimento não pode ser dada como adquirida. Eles precisam de apoio e precisam dele agora", insistiu.
O plano de ajuda humanitária aos afegãos e às suas comunidades de acolhimento necessita de 4,44 mil milhões de dólares, o que constitui o mais importante apelo humanitário alguma vez emitido, frisaram as organizações.
Se o plano obtiver financiamento suficiente, as organizações humanitárias poderão acelerar o fornecimento de ajuda alimentar e agrícola vital, serviços de saúde, medicação contra a subnutrição, abrigos de emergência, acesso a água e saneamento, proteção e educação de emergência, acrescentaram.
Segundo o documento conjunto, o plano regional de ajuda aos refugiados afegãos requer um financiamento de 623 milhões de dólares a repartir entre 40 organizações que trabalham nas seguintes áreas: proteção, saúde e nutrição, segurança alimentar, abrigos e artigos não-alimentares, água e saneamento, meios de subsistência e resistência, educação, logística e telecomunicações.
Martin Griffiths e Filippo Grandi participarão hoje num evento virtual de lançamento dos planos de ajuda humanitária que terá início às 11:30 locais (10:30 em Lisboa) e será transmitido pela Web TV da ONU.