domingo, 9 de janeiro de 2022

Cientistas que identificaram anticorpos contra a Ómicron explicam em exclusivo à CNN Portugal como combater a nova variante

Laboratório (AP Photo/Alexander Zemlianichenko)

Catarina Guerreiro | Beatriz Céu  Cnnportugal.iol.pt

Os investigadores internacionais que identificaram anticorpos que têm capacidade de neutralizar a Ómicron explicam como o SARS-CoV-2 está a responder às "ameaças" à sua continuidade

Vários cientistas internacionais de laboratórios e instituições independentes fizeram um estudo onde explicam quais são os anticorpos que mantêm a capacidade de neutralizar a nova variante. À CNN Portugal, os investigadores explicam que o SARS-CoV-2 está a tentar responder à "ameaça" da sua continuidade, mas há anticorpos capazes de o evitar.

Como é que este estudo foi desenvolvido?

Estes resultados pré-clínicos foram produzidos através de ensaios a pseudo-vírus e confirmam descobertas recentes pré-publicadas pelos investigadores da Vir e por outros laboratórios e instituições independentes.

Os dados confirmam a resistência da Ómicron à imunidade e o impacto da Ómicron na capacidade dos anticorpos neutralizarem a maioria dos tratamentos de anticorpos monoclonais testados que têm como alvo o recetor de ligação [do vírus ao organismo] e outras áreas da proteína Spike que são mais suscetíveis a mutações.

Quais são os anticorpos que identificaram que neutralizam a variante Ómicron?

Os dados demonstram que o sotrovimab e cinco outros anticorpos pré-clínicos, desenvolvidos pela Vir em conjunto com a GlaxoSmithKline, mantiveram a sua atividade neutralizante in vitro contra a Ómicron.

O estudo sugere que algumas das atuais vacinas são mais eficazes do que outras contra a nova variante Ómicron. Das atuais vacinas, quais são então as mais eficazes contra a nova variante e quais são as que apresentam menos eficácia?

Este estudo sugere que a vacinação fornece melhor proteção do que uma infeção anterior contra a covid-19, e que a vacinação aliada a uma infeção anterior ou a uma dose de reforço oferecem a melhor hipótese de proteção.

Este estudo conseque explicar o que torna a variante Ómicron tão transmissível?

Este estudo descreve a base estrutural e a magnitude através da qual a nova variante Ómicron do SARS-CoV-2 resiste à imunidade produzida pelos anticorpos, bem como a sua capacidade reforçada de se ligar ao recetor humano ACE2 [uma enzima que se encontra na superfície de várias células através da qual o vírus da covid-19 entra no organismo]. 

Os dados definem as mutações específicas da Ómicron e o seu impacto prejudicial na ligação da maioria dos tratamentos com anticorpos monoclonais testados que têm como alvo a ligação ao recetor da proteína Spike, uma região que é mais suscetível a mutações.

O que falta ainda conhecer da nova variante?

Estes dados demonstram a velocidade e a magnitude extraordinárias com que o vírus SARS-CoV-2 está a sofrer mutações como resposta a ameaças à sua continuidade nos humanos. Ao mesmo tempo que a Ómicron aumentou a ligação ao seu recetor por mais do que duas vezes, evitou significativamente a ligação à maioria dos anticorpos monoclonais autorizados.

Estamos muito satisfeitos por ver que, tal como demonstrado pelos dados pré-clínicos, o sotrovimab continua a manter atividade contra as variantes de preocupação e de interesse testadas, incluindo a Ómicron, o que valida a nossa abordagem de atuar numa região altamente conservada da proteína Spike. Estamos ansiosos por aprender mais sobre a forma como a Ómicron obteve tantas mutações de uma só vez.

Este estudo pode constituir um novo passo para o desenvolvimento de novas vacinas mais eficazes contra a covid-19? 

Estes resultados, em conjunto com novos dados de outras fontes externas, validam a nossa abordagem de orientar o nosso alvo para uma região altamente conservada da proteína Spike. Estamos ansiosos por aplicar estas aprendizagens nos nossos contínuos esforços para combater tanto as atuais como futuras pandemias.

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