Foto de arquivo: Eleições presidenciais na Guiné-Bissau (2014)
A realização das eleições legislativas na data fixada, a 18 de novembro do ano corrente, é a grande incógnita na Guiné-Bissau, porque segundo vários observadores os trabalhos no terreno estão atrasados e atos prévios ainda estão por fazer, mas autoridades tentam a todo o custo acertar o calendário e ultrapassar os problemas.
Nesta terça-feira (10.07), os funcionários do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral estiveram reunidos em Bissau para validarem os trabalhos de atualização de cartografia eleitoral que decorreram em todo país. Trata-se de um dos atos prévios no processo que no fundo serve para definir o mapa eleitoral do país.
Distritos eleitorais cartografados
Braima Biai, Diretor Geral de Cadastro, anunciou que dos cerca de 2.222 distritos eleitorais cartografados, registou-se a maior mobilidade na região de Bafatá, no leste do país.
"Isto tem a ver com a identificação das aldeias. Existem aldeias novas e outras que desapareceram e portanto era preciso identifica-las para que possam ser inseridas dentro dos distritos eleitorais que depois permitirão a equipa de recenseamento identificar essas pessoas que serão os potenciais eleitores. Os trabalhos decorreram em todo território nacional, que permitiram cartografar todos os setores administrativos do país. Em alguns não houve alteração e noutros foram registadas grande mobilidade de pessoas".
Dúvidas sobre cumprimento da data
No entanto, no terreno os observadores continuam com uma série dúvidas sobre a realização do escrutínio na data prevista, tudo por causa da falta de meios financeiros e logísticos, sendo que a própria comunidade internacional, tradicionalmente financiadora do pleito guineense, ainda não tenha traduzido na pratica todas as promessas de apoios nomeadamente financeiros feitas recentemente.
Aristides Gomes |
Greves prosseguem
Entretanto, no país as dificuldades não são somente relacionadas com a realização das eleições. Também prosseguem as greves no setor da educação nacional e na Função Pública. A juntar-se às paralisações, regista-se no país uma crise no abastecimento de gasolina, que já vai em mais de dois meses, com os automobilistas desesperados face à esta situação.
Quanto à greve na Função Pública, desde maio e que entrou na sua quinta paralisação, persistem os desentendimentos entre a Central Sindical e o Governo.
José Alves Té, porta-voz da comissão negocial de grave da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau (UNTG) , maior central sindical do país, disse que ainda o Governo "não se dignou em participar na mesma mesa de negociações com a central sindical", apesar desta vaga de paralisações e pelo facto o sindicato vai adotar outras formas de luta.
"Além desta vaga de greves que não surtiu efeito, porque até agora não conseguimos dialogar com as autoridades governamentais, achamos por bem adotar outras medidas de reivindicações, que começará com uma marcha marcada para esta quarta-feira, dia 11 de julho. Talvez no futuro possamos avançar com outros protestos", disse Alves Té.
Ano letivo anormal
Segundo um retrato do país feito recentemente pelo Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof) a Guiné-Bissau está a enfrentar atualmente dificuldades de vária ordem que colocam a vida das populações em perigo. O Sinaprof aponta como exemplo um dos piores anos letivos na história do país, cujos resultados no "futuro das crianças em idade escolar serão muito negativas". As aulas que tiveram início em janeiro já sofreram "várias interrupções devido às sucessivas greves dos professores e até hoje o ensino escolar no país não conheceu a normalidade". Essas sucessivas greves decretadas pelo Sinaprof poderão "colocar em risco os exames do ano letivo nas escolas públicas" que normalmente deverão ter início no dia 16, admitem os próprios professores.
Em comunicado distribuído esta terça-feira (10.07) aos órgãos de comunicação social, o presidente interino do Sinaprof, Domingos de Carvalho, acusou o Governo de não respeitar "a palavra dada", segundo a qual os cerca de 1.700 professores, com salários em atraso, relativos aos anos de 2011 a 2013, iriam receber até ao passado mês de março.
A dívida refere-se aos chamados "professores do novo ingresso", docentes recém-admitidos no sistema e os contratados.
dw.com/pt
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