sábado, 28 de maio de 2022
CEDEAO TRANSFORMA ECOMIG NUMA FORÇA POLICIAL PARA NORMALIZAÇÃO DA GUINÉ-BISSAU
JORNAL ODEMOCRATA 28/05/2022
O Presidente da Comissao da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Jean Claude Kassi Brou, disse que a CEDEAO decidiu acelerar o destacamento da missão de apoio à estabilização da Guiné-Bissau e transformar progressivamente as Forças ECOMIG numa força policial com vista a contribuir para sustentar a normalização no país.
Em mensagem, consultada por O Democrata, por ocasião da comemoração do 47° aniversário da CEDEAO que hoje assinala-se, sob o tema “reforcar a resiliência e a estabilidade regional”, Kassi Brou fez um balanço da situação na região, reconhecendo que o ressurgimento de ataques terroristas e certas crises pos-eleitorais criaram a instabilidade no Burkina Fasso, na Guiné Conakri e no Mali com a ocorrência de golpes de Estado militares. Contudo informou que estão a trabalhar ativamente para acompanhar esses países a voltarem a uma ordem constitucional.
Em relação à paz e à seguranca na região, Kassi Brou lembrou que os ataques de terroristas continuam a levar muitas famílias à morte e a agravar a situação humanitária nos países afetados, afiançado que, face à essa ameaça, a CEDEAO vai continuar os seus esforços nacionais e dar uma resposta coletiva.
“Ao mesmo tempo, estamos a trabalhar para provomer o diálogo intercomunitário, construir infraestruturas socioeconómicas de base em prol das populações civis afetadas por esta crise, especialmente mulheres e crianças” disse.
Sobre a saúde, o Presidente da comissão da CEDEAO afirmou que, após dois anos difíceis de gestão da pandemia do coronavirus, notou que a região foi capaz de adaptar as suas respostas a diferentes vagas da pandemia da covid 19, assim como foi capaz de as conter e limitar os seus efeitos.
Lembrou que após um ano difícil em 2020 com uma ligeira recessão económica decorrente da covid 19, a região conseguiu encontrar recursos para retomar o caminho do crescimento económico em 2021 com uma taxa estimada de 4,1%, sublinhando que as perspetivas para 2022 são também muito boas.
Por: Tiago Seide
Rússia "pronta" para ajudar a uma exportação de cereais "sem entraves"
© Lusa
Por LUSA 28/05/22
A Rússia está "pronta" para ajudar a uma exportação "sem entraves" de cereais da Ucrânia, assegurou hoje o presidente russo, alertando para os riscos de uma maior "desestabilização" da situação se continuarem as entregas de armas ocidentais em Kyiv.
"A Rússia está pronta para ajudar a encontrar opções para uma exportação de cereais sem entraves, incluindo cereais ucranianos a partir dos portos situados no mar Negro", informou o Kremlin, num comunicado divulgado após uma conversa telefónica entre o presidente russo, Vladimir Putin, o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, que ocorreu no contexto dos receios de uma grave crise alimentar devido à ofensiva russa na Ucrânia.
Putin considerou que as dificuldades relacionadas com as entregas de alimentos foram causadas por "uma política económica e financeira errada dos países ocidentais, assim como pelas sanções antirrussas" impostas por esses países, segundo o comunicado de imprensa.
Um aumento das entregas de fertilizantes e de produtos agrícolas russos poderia diminuir as tensões no mercado agrícola internacional "o que exigirá obviamente o levantamento das sanções apropriadas" contra Moscovo, sublinhou o presidente russo.
A Ucrânia, grande exportadora de cereais, sobretudo de milho e trigo, vê a sua produção bloqueada pelos combates no seu território devido à invasão militar por parte da Rússia.
Por sua vez, a Rússia, outra potência na produção de cereais, não pode vender a sua produção e os seus fertilizantes por causa das sanções ocidentais que afetam os setores financeiro e logístico.
Os dois países, Ucrânia e Rússia, produzem um terço do trigo produzido a nível mundial.
O conflito prejudicou o equilíbrio alimentar mundial, levantando a temores de uma grave crise que afetará particularmente os países mais pobres.
Durante a conversa por telefone, Vladimir Putin também "enfatizou a natureza perigosa de continuar a inundar a Ucrânia com armas ocidentais, alertando para os riscos de uma maior desestabilização da situação e um agravamento da crise humanitária", segundo o comunicado do Kremlin.
O presidente russo confirmou que a Rússia continua "aberta à retoma do diálogo" com Kyiv para resolver o conflito armado, enquanto as negociações de paz com a Ucrânia estão paralisadas desde março, de acordo com a mesma fonte.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de quatro mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de oito milhões de pessoas, das quais mais de 6,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
BANCO AFRICANO DE DESENVOLVIMENTO: África tem potencial para ser solução para a crise alimentar global
© Reuters
Por LUSA 28/05/22
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento defendeu que África tem potencial para se tornar a solução para a crise alimentar global, porque 65% de toda a terra arável por cultivar está no continente.
"O que África fizer com a agricultura vai determinar o futuro da alimentação no mundo, porque 65% de toda a terra arável que não está ainda cultivada está em África", disse Akinwumi Adesina na sexta-feira ao final do dia, na conferência de imprensa de encerramento dos encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que decorreram esta semana em Acra, capital do Gana.
Para o banqueiro, "África deve tornar-se a solução para a crise alimentar global" e o BAD está a apostar na agricultura africana, para garantir que, mesmo enquanto lida com a atual emergência alimentar, África impulsiona a transformação estrutural da agricultura.
"O mais importante para nós é que a agricultura vai diversificar as nossas economias, transformar o nosso meio rural, que infelizmente se tornou um local sem esperança, e criar empregos", disse.
O responsável defendeu ainda uma agricultura moderna, com tecnologia apropriada, produtividade e enquadrada com as infraestruturas necessárias, rodoviárias, de energia, de irrigação, logísticas.
"Chegou o tempo de África, não só produzir comida, mas também processar comida. Embalar comida. África deve ter padrões de qualidade nos alimentos que produz e deve exportar. Quando falamos de agricultura, não falamos de agricultura para manter a pobreza, mas sim para criar riqueza para áfrica", disse.
Adesina acrescentou que ao longo dos encontros anuais, os governadores do BAD também falaram sobre a questão da segurança, sublinhando que "o desenvolvimento só acontece quando há segurança".
"Devemos apoiar os países a abordarem a segurança, por isso deve haver uma ligação entre segurança, investimento, crescimento e desenvolvimento", afirmou.
O BAD anunciou na semana passada um Plano Africano de Produção Alimentar de Emergência, promovido em conjunto com a Comissão da União Africana, no valor de 1,5 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) e que irá beneficiar 20 milhões de agricultores com sementes e fertilizantes, bem como outros insumos agrícolas para produzir 38 milhões de toneladas de alimentos, no valor de 12 mil milhões de dólares (11,2 mil milhões de euros).
Na segunda-feira, primeiro dia dos encontros do BAD, Adesina mostrou-se confiante de que África vai conseguir evitar a crise alimentar iminente com esse apoio.
O plano visa responder aos desafios que a guerra na Ucrânia provocou em África, "especialmente em termos dos elevados preços da energia, elevados preços dos fertilizantes e perturbações nas importações de alimentos", explicou Adesina.
"Com 30 milhões de toneladas de importações de alimentos, especialmente trigo e milho, que não chegarão da Rússia e da Ucrânia, África enfrenta uma crise alimentar iminente", lembrou o banqueiro, para justificar a iniciativa do BAD.
Leia Também: "A Europa devia olhar para África. A África tem imenso gás"
CIMEIRA EXTRAORDINÁRIA: União Africana debate hoje golpes de Estado e terrorismo em cimeira
Por LUSA 28/05/22
Os recorrentes golpes de Estado em África e a ameaça terrorista extremista islâmica são os dois temas da cimeira extraordinária que a União Africana (UA) realiza hoje em Malabo.
Sob o lema "Terrorismo e Mudanças Inconstitucionais de Regime em África", é esperada a participação de mais de uma dezena de chefes de Estado ou de Governo - entre os quais, os Presidentes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe - que vão debater as causas do aumento de golpes no continente em 2021 e 2022 e as implicações para a governança.
África foi palco em 2021 e 2022 de cinco golpes de Estado - dois no Mali e um na Guiné-Conacri, Sudão e Burkina Faso -, e uma tentativa de golpe fracassada na Guiné-Bissau.
Durante a cimeira, o Conselho de Paz e Segurança da UA apresentará propostas de políticas baseadas na sua deliberação de 19 de maio sobre as causas que contribuíram para a frequência de golpes no continente.
Na sua deliberação de 19 de maio, o Conselho identificou a natureza das relações civis-militares em muitos países do continente como o cerne do problema que causa mudanças inconstitucionais de governos.
Assim, o Conselho enfatizará na cimeira a importância da adoção de normas jurídicas mínimas que separem claramente o papel dos governos e dos militares e interrompam as relações entre ambos pautadas por interesses políticos.
Este órgão da UA irá também propor a supervisão civil obrigatória das Forças Armadas e a necessidade de descrever as circunstâncias em que os exércitos são destacados para gerir os desafios de segurança interna.
Na XXXV Cimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da UA, realizada em fevereiro em Adis Abeba, a organização reafirmou "tolerância zero" com a "vaga" de golpes que assolou o continente e convocou a reunião de hoje para discutir o problema.
Na ocasião, o Presidente do Senegal, Macky Sal, cujo país detém a presidência rotativa da UA, disse que "África não pode aceitar este estado de coisas".
A ameaça do terrorismo extremista islâmico será também objeto de análise na cimeira, como recordou esta semana o presidente da Comissão da UA (secretariado), Moussa Faki Mahamat.
"Da Líbia, no norte da África, a Moçambique, na África Austral, do Mali, na África Ocidental, à Somália, no Corno de África, passando pelo Sahel, a bacia do lago Chade, ao leste da República Democrática do Congo, na África Central, o terrorismo continua a espalhar uma teia mortal com consequências consideráveis ??para as finanças, economias e segurança das pessoas", disse Mahamat, na quinta-feira, em Malabo, na Guiné Equatorial.
Segundo a agenda, está prevista a divulgação de uma Declaração Final.