terça-feira, 26 de janeiro de 2021

ORGANIZAÇÕES ESTUDANTIS CRITICAM A POSIÇÃO DO GOVERNO DE SUSPENDER AS AULAS EM BISSAU

26/01/2021 / Jornal Odemocrata 

Três organizações estudantis, a Confederação Nacional das Associações Estudantis da Guiné-Bissau (CONAEGUIB), a Confederação das Associações dos Alunos das Escolas Públicas e Privadas (CAEPP) e a Carta-21 criticaram a posição do governo de suspender as aulas em Bissau e defendem a revogação imediata da decisão. Apelaram à sociedade civil, aos sindicatos do setor  da educação, bem como ao governo a ultrapassarem o impasse e a  pautarem-se pelo diálogo como forma de impedir as greves nas escolas públicas.

Para além dessas exigências, as três estruturas estudantis defenderam também a criação de condições necessárias para que o plano de contingência possa ser cumprido na  íntegra.Em reação à decisão do executivo, o presidente da CONAEGUIB, Bacar Darame, pediu ao governo liderado por Nuno Gomes Nabian que reveja a sua decisão de suspender as aulas por trinta dias.

Em entrevista ao jornal O democrata, Bacar Darame considerou contraproducente a decisão do Conselho de Ministros de suspender as aulas por  trinta dias, baseando-se nas propostas da Alta Comissária para a Covid-19, porque “o número de casos de infeção não justificava que o governo suspendesse as aulas”.

“Todos temos que contribuir para que o sistema educativo seja eficaz”, indicou. Para Braima Darame, não se pode considerar a escola como um meio de  propagação da doença. A escola é, sim, um espaço onde se  poderia intensificar as ações de sensibilização.

De acordo com o presidente da CONAEGUIB, a Guiné-Bissau está num espaço sub-regional onde a competitividade “fala mais alto”, tendo defendido que os sindicatos, enquanto parceiros privilegiados do Ministério da Educação, deveriam considerar as propostas do governo para  permitir a continuidade do ano letivo em curso.

CAEPP PEDE AO GOVERNO A REVOGAÇÃO IMEDIATA DA DECISÃO DA SUSPENSÃO DE AULAS

Interpelado pela repórter de O Democrata, o Coordenador da Confederação das Associações dos Alunos das Escolas Públicas e Privadas (CAEPP), Alfa Úmaro Só, pediu ao governo a revogação imediata, em menos de vinte e quatro horas, da decisão que mandou suspender as aulas por tintos (30) dias no Setor Autónomo Bissau e a criação de condições para que o plano de contingência possa ser implementado na  íntegra.

Para Alfa Úmaro Só, suspender as  aulas por trinta dias com sessenta e oito casos ativos não se justificava, como também prova “a incapacidade e a incompetência dos governantes para lidar com  a Covid-19”.Segundo o coordenador do CAEPP, nenhum ponto tido como  prioridade das prioridades no plano de contingência foi cumprido, admitindo que as escolas têm mais condições de funcionar do que os ministérios.    

 Alfa Úmaro Só critica a posição do executivo e questiona a razão pela qual o governo não suspendeu as reuniões do Conselho de Ministros nem fechou os ministérios onde foram detetados casos da Covid-19.

O coordenador afirmou que a decisão do governo é um “ato cobarde” e tentativa de fugir das suas responsabilidades em relação ao compromisso que tem com os sindicatos, porque “não faz sentido fechar as escolas por trinta dias só porque foi detetado um caso numa escola de Bissau”.

“Apenas recebemos a confirmação do Presidente da Associação dos Alunos da Cooperativa Escolar São José de que estiveram lá para testá-los. Para além dessa confirmação, todas as escolas mencionadas não foram testadas”, disse.

Perante esse clima de falta de informações sobre a evolução da pandemia  no país, Alfa Só refere que a Alta Comissária para Covid-19 deveria ter tomado medidas  mais eficazes na questão de prevenção da Covid-19, do que avançar para a suspensão das aulas.

O líder estudantil revelou que existe um plano de contingência aprovado pelo Conselho de Ministros, na ANP,  promulgado pelo Presidente da República e divulgado no Boletim oficial e ao qual foi dado todos os tratamentos legais transformando-o numa lei.

“Tudo que  está relacionado com a evolução de casos da Covid-19 está dentro do plano de contingência”,  informou, adiantando que o governo não podia tomar nenhuma decisão fora do plano de contingência já que é uma lei, considerando que a decisão de suspensão das aulas por 30 dias “é muito exagerado”.

Perante esta situação, pede à Alta Comissária para a Covid-19 que coloque o seu cargo à disposição, porque “não faz sentido continuar no cargo tomando decisões que não favorecem a sociedade”.

CARTA-21 CONDENA COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS E PEDE AO EXECUTIVO QUE DIMINUA O PRAZO

Por sua vez, o coordenador de carta-21, Franique Alberto da Silva, pediu ao governo que diminua os dias de suspensão de aulas, porque a posição do executivo não tem nenhum enquadramento, “o próprio governo não fez auscultações como deveria ter sido”.

Franique Alberto da Silva sublinhou, por isso,  que o executivo deve aceitar e assumir  que não tem condições para ultrapassar a greve no setor da educação e na função pública nem como proibir as manifestações que estavam a ser projetadas pela União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG), por isso decidiu usar a estratégia de suspender as aulas.

Fanique Alberto da Silva frisou na sua declaração ao jornal O Democrata que a decisão do governo não tem nenhum tipo de enquadramento, porque os transportes públicos estão a circular normalmente para as regiões, como também os mercados estão a funcionar regularmente com pessoas aglomeradas.

“É muito duvidoso porque a própria universidade que disponibilizou o seu laboratório e materiais para testagem da Covid-19 violou as regras, porque abriu  as suas  portas esta manhã e os alunos foram assistir as aulas”, acusou.

Franique da Silva criticou  que o Ministério da Educação foi bastante fraco, sobretudo no cumprimento do plano de contingência aprovado.

 “Foi elaborado um plano de contingência com os respetivos métodos de prevenção que o governo não disponibilizou financiamento para tal” referiu e defendeu que o princípio da verdade deveria reinar nessa história, de contrário a “desconfiança será permanente”.

Por: Carolina Djemé

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