O líder do Partido Republicano da Independência e Desenvolvimento (PRID), uma formação politica sem assento no parlamento, afirmou esta quarta-feira (03.10), que o espaço temporal proposto pelo Chefe de Estado, José Mário Vaz para realização das eleições legislativas a 18 de Novembro não era exequível, devido a situação sociopolítico da Guiné-Bissau.
Afonso Té, fez esta afirmação durante encontro convocado pelo Presidente da Republica para analisar a evolução do processo eleitoral no país. Encontro que juntou o primeiro-ministro, partidos políticos com e sem assento parlamentar, Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) e Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Na sua intervenção, Té alertou ao primeiro-ministro guineense que qualquer precipitação ou pressão da Comunidade Internacional, para realizar o sufrágio na data marcada poderá ter consequências imprevisíveis.
“Qualquer pressão dos nossos parceiros internacionais para cumprir com a data de 18 de Novembro poderá trazer problema, é por isso, que por diversas vezes alertamos para não internacionalizasse a crise interna do país, porque que temos condições de resolve-las. A quando nomeação do primeiro-ministro (Aristides Gomes) tínhamos alertado nos órgãos da comunicação social das consequências que poderão advir devido ao tempo que foi proposto para realizar as eleições”, explicou Té.
Para o político, o governo de consenso não tem condições, não está em condições materiais para resolver e respeitar a fita temporal que aceitou, que é de realizar as eleições legislativas no próximo mês.
Afonso Té reconheça que é impossível a realização das eleições legislativas a 18 de novembro, devido aos atrasos no processo. O líder do PRID pede ao Presidente da República a não deixar a comunidade internacional interferir no processo eleitoral.
“O país não pode permitir que as pessoas vieram de fora para nos ensinar resolver o nosso problema, aquilo é admissível. Os representantes dos parceiros que estão no país, são simples funcionários da Comunidade Internacional, porque se houver o problema no país, não estarão presentes para ajudar resolve-los”, referiu Té.
Na sua longa intervenção, Afonso Té, referiu que devido a morosidade e denúncias à volta do recenseamento, a Guiné-Bissau corre risco de realizar eleições legislativas e presidências em simultâneas.
De recordar que o Chefe de Estado guineense marcou em abril as eleições legislativas para 18 de novembro, na sequência de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para ultrapassar o impasse político que se vivia no país desde 2015 e que incluiu também a nomeação de Aristides Gomes primeiro-ministro do país, bem como a reabertura do parlamento.
Durante encontro, José Mário Vaz, diz que tinha marcado eleições para 18 de novembro e que até agora não tinha informações sobre se há ou não condições para as realizar, considerou, no final do encontro, que o nível de confiança "esta muito baixo" e que pode ser perigoso.
Perante o cenário, Mário Vaz, instou ao primeiro-ministro para a aproximar as partes para saída plausível sobre o sufrágio eleitoral.
O líder da Frente Patriótica de Salvação Nacional (FREPASNA), antigo primeiro-ministro, Baciro Djá, relembrou ao Chefe de Estado, José Mário Vaz que só resta diálogo e consenso para resolver o problema do processo eleitoral.
O processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau tem provocado fortes críticas dos partidos sem assento parlamentar e da sociedade civil, que têm pedido que as legislativas sejam adiadas.
Em causa está, essencialmente, o recenseamento eleitoral que não decorreu entre 23 de agosto e 23 de setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada dos equipamentos para recenseamento biométrico dos eleitores e do financiamento prometido pela comunidade internacional.
O recenseamento começou em 20 de setembro e deve terminar em 20 de outubro.
Por: Alison Cabral
Rádio Jovem Bissau
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