quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

O exército israelita negou hoje ter atacado um comboio humanitário no norte de Gaza, afirmando que os militares estavam a garantir a segurança dos camiões, e garantiu que Israel não limita a ajuda destinada aos palestinianos.

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POR LUSA   29/02/24 

Israel nega ataque e diz que estava a proteger comboio humanitário

O exército israelita negou hoje ter atacado um comboio humanitário no norte de Gaza, afirmando que os militares estavam a garantir a segurança dos camiões, e garantiu que Israel não limita a ajuda destinada aos palestinianos.

"Não houve qualquer ataque das Forças de Defesa de Israel [FDI] sobre esta ajuda. As FDI estavam a conduzir uma operação humanitária", afirmou o porta-voz do exército israelita Daniel Hagari, numa conferência de imprensa, após mais de 110 palestinianos terem morrido e pelo menos 760 ficado feridos durante a distribuição de ajuda humanitária no norte do enclave, de acordo com as autoridades locais.

Antes, fontes israelitas tinham admitido à agência France-Presse ter disparado munições reais contra a multidão.

Segundo o contra-almirante, "infelizmente, dezenas de mortos e feridos" resultaram de "um incidente", ocorrido pouco antes das 05:00 locais (03:00 em Lisboa), em que "milhares de habitantes de Gaza começaram a empurrar violentamente" os camiões de ajuda humanitária e "a pilhar os bens humanitários".

As FDI, sublinhou, "estavam a garantir a segurança do corredor humanitário para que o comboio humanitário pudesse chegar ao destino, no norte de Gaza" -- uma operação que os militares fizeram nas últimas quatro noites" e, até aqui, "sem qualquer problema".

Durante esta operação humanitária, descreveu, "uma multidão emboscou o comboio, obrigando-o a parar", enquanto os tanques israelitas "tentaram dispersar a multidão com tiros de aviso".

"As centenas [de pessoas] tornaram-se milhares e os tanques retiraram-se de forma cautelosa e segura, [com os militares] a arriscar as suas próprias vidas e sem disparar sobre a multidão", disse Hagari.

As forças israelitas, garantiu, "agiram de acordo com a lei internacional".

"A nossa guerra é contra o Hamas, não contra o povo de Gaza (...). Reconhecemos o sofrimento [dos civis]", disse o representante do exército, que garantiu que Israel está a procurar "formas de expandir esforços humanitários" no enclave palestiniano.

Israel, acrescentou, "não limita a quantidade de ajuda que pode entrar em Gaza".

"Estamos a trabalhar com organizações e a comunidade internacional para ajudar a resolver o problema da distribuição de ajuda", em particular no norte da Faixa de Gaza, afirmou.

O Ministério da Saúde do movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza, acusou o exército de disparar sobre a multidão.

"O ataque foi premeditado e intencional, no contexto do genocídio e da limpeza étnica do povo da Faixa de Gaza. O Exército de ocupação sabia que estas vítimas tinham vindo para esta zona para obter alimentos e ajuda, mas matou-as a sangue frio", acusou o Hamas.

Vários países pressionam Israel no sentido de que seja permitida a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Nas últimas 24 horas entraram na Faixa de Gaza 116 camiões de ajuda humanitária - 92 dos quais através da passagem de Kerem Shalom, na fronteira com Israel, e 24 através da passagem de Rafah, que liga ao Sinai egípcio.

Esta ajuda não é suficiente visto as necessidades prementes do enclave, que enfrenta uma catástrofe humanitária sem precedentes.

De acordo com as Nações Unidas, cerca de 2.300 camiões entraram em Gaza em fevereiro, menos 50% do que em janeiro.

Perante a dificuldade de fazer chegar a ajuda humanitária por terra, vários países - incluindo a Jordânia, o Egito, o Qatar, a França e os Emirados Árabes Unidos - lançaram por via aérea caixotes de alimentos e mantimentos.

O Hamas acusou "a ocupação" de tentar "matar à fome" os habitantes de Gaza e afirma que mais de 700 mil pessoas estão a sofrer de fome no norte do enclave.

O Exército israelita lançou uma ofensiva contra Gaza em retaliação aos ataques do grupo islamita palestiniano de 07 de outubro, que provocaram quase 1.200 mortos e 240 raptados.

Desde então, as autoridades de Gaza relataram a morte de mais de 30.000 palestinianos, além de mais de 400 na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, devido às ações das forças de segurança e aos ataques israelitas.


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