Por LUSA 04/03/22
A Rússia negou hoje ter atacado a central nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, a maior da Europa, e alegou que o incidente foi uma provocação de um grupo de sabotagem ucraniano.
"O objetivo da provocação do regime de Kiev a esta instalação nuclear foi uma tentativa de acusar a Rússia de criar uma fonte de contaminação radioativa", disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, citado pela agência espanhola EFE.
O porta-voz disse que as tropas russas controlam a central e a cidade de Enerhodar, onde se situa, e que a infraestrutura nuclear está a funcionar normalmente desde 28 de fevereiro, quatro dias depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia.
"No dia 04 de março, por volta das 02:00 (...), uma patrulha russa foi atacada por um grupo de sabotagem ucraniano. Com o objetivo de atear fogo ao edifício, as tropas foram atacadas de várias janelas do centro de treino da fábrica", disse o militar russo.
Konashenkov disse que os militares russos responderam ao ataque dos "sabotadores ucranianos", que acusou de terem iniciado o incêndio ao fugirem, o que descreveu como "uma monstruosa provocação".
"A reação imediata do Presidente [ucraniano Volodymyr] Zelensky sobre a alegada ameaça à central nuclear e as suas conversações com Washington e Londres não deixam margem para dúvidas", disse, observando que o objetivo era culpar a Rússia por uma fuga radioativa.
O porta-voz do Ministério da Defesa disse que o incidente era um indicador de um "plano criminoso do regime de Kiev" ou um sinal de que Zelensky perdeu o "controlo de grupos de sabotagem com a participação de mercenários estrangeiros".
"Neste momento, o pessoal da central nuclear de Zaporizhzhia continua a trabalhar normalmente, a prestar assistência às instalações da central e a controlar a situação radioativa", disse.
O incêndio no centro de formação da central nuclear cobriu uma área de 2.000 metros quadrados e foi extinto por bombeiros ucranianos nas primeiras horas da manhã.
A companhia nuclear estatal da Ucrânia disse que três soldados ucranianos foram mortos e dois ficaram feridas no ataque russo.
A central situa-se a cerca de 450 quilómetros a sudeste da capital ucraniana, Kiev.
Ao denunciar o ataque, o Presidente da Ucrânia acusou a Rússia de "terrorismo nuclear" e de "querer repetir" a catástrofe de Chernobyl, a central ucraniana onde ocorreu o pior desastre nuclear da história, em 26 de abril de 1986.
"Alertamos todo o mundo para o facto de que nenhum outro país além da Rússia alguma vez disparou contra centrais nucleares. Esta é a primeira vez na nossa história, a primeira vez na história da Humanidade. Este Estado terrorista recorreu agora ao terror nuclear", disse Zelensky, num vídeo difundido pela presidência ucraniana.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
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O presidente russo, Vladimir Putin, recomendou aos países vizinhos que "não agravem a situação, não imponham limitações", garantindo que "não tem más intenções", enquanto o Kremlin apelou à união do povo da Rússia.
"Quero sublinhar novamente -- sempre o dissemos - que não temos más intenções em relação aos nossos vizinhos", disse Putin, durante uma conversa com o governador do enclave de Kaliningrado, Anton Alikhanov, no momento em que tropas russas invadem a Ucrânia.
O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) declarou hoje que a invasão russa na Ucrânia é um "castigo divino" para o Ocidente pela sua "infidelidade", bem como pelo seu "apoio" e participação em guerras em países islâmicos.
No editorial da revista semanal 'Al Naba', difundido pelo EI através dos seus meios de comunicação, a organização 'jihadista' estimou que a guerra na Ucrânia "terá consequências significativas que mudarão muitas das leis de paz e guerra entre os países" ocidentais.
O grupo terrorista também sublinhou que o conflito "irá espalhar-se para outras capitais europeias".
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