domingo, 20 de março de 2022

GUERRA NA UCRÂNIA: Índia e Japão apelam a "cessar imediato da violência" no país

© T. Narayan/Bloomberg via Getty Images

Por LUSA  19/03/22 

A Índia e o Japão apelaram hoje a um "cessar imediato da violência" na Ucrânia, durante a visita oficial do primeiro-ministro nipónico, Fumio Kishida, a Nova Deli, onde se reuniu com o homólogo indiano, Narendra Modi.

Os dois líderes "reiteraram o apelo ao cessar imediato da violência e assinalaram que não há outra opção senão o caminho do diálogo e da diplomacia para a resolução do conflito", lê-se num comunicado conjunto, citado pela agência EFE, divulgado após a reunião na capital indiana.

Além disso, "expressaram séria preocupação com o conflito e a crise humanitária na Ucrânia", e, sem criticar diretamente a Rússia, "enfatizaram que a ordem global contemporânea foi construída sobre a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e o respeito pela soberania e integridade territorial dos Estados".

Ao contrário dos restantes membros da aliança 'Quad' - Japão, Austrália e Estados Unidos - a Índia absteve-se na votação de três resoluções na ONU de condenação da invasão da Ucrânia pela Rússia, limitando-se a pedir o fim da violência.

A Índia, que mantém laços estreitos com a Rússia desde a Guerra Fria, continua a comprar petróleo russo, a preços reduzidos, segundo a imprensa.

O primeiro-ministro japonês prossegue a sua deslocação ao exterior com uma paragem no Camboja.

Antes da sua visita, a primeira à Índia de um primeiro-ministro japonês desde 2017, um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros nipónico disse que Tóquio estava "consciente" dos laços históricos entre Nova Deli e Moscovo e a situação geográfica da Índia.

"Mas, ao mesmo tempo, partilhamos valores fundamentais e interesses estratégicos. Então, naturalmente, haverá discussões francas sobre como vemos a situação na Ucrânia [...]", disse o responsável à imprensa, a coberto do anonimato.

No início de março, Kishida, o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, não conseguiram convencer o chefe do Governo indiano a adotar uma postura mais dura relativamente à Rússia.

Numa declaração conjunta, o Quadrilateral Security Dialogue, geralmente conhecido por 'Quad', divulgou que os seus líderes "discutiram o conflito e a atual crise humanitária na Ucrânia e avaliaram suas consequências mais amplas", sem condenar a Rússia.

Segundo um relato dos serviços de Narendra Modi, este "sublinhou que o 'Quad' deve manter-se focado no seu objetivo principal, que é promover a paz, a estabilidade e a prosperidade na região do Indo-Pacífico".

A Rússia é o maior fornecedor de armas da Índia, que também precisa do apoio do 'Quad' face à crescente influência da China na região.

As tensões entre Nova Deli e Pequim estão no seu ponto mais alto desde os confrontos em 2020 sobre a fronteira disputada nos Himalaias, que provocou pelo menos 20 soldados indianos mortos e quatro do lado chinês.

Os dois países reforçaram os seus dispositivos militares - para a Índia, em grande parte com equipamentos russos - e enviaram milhares de soldados adicionais para a zona.

Em relação à China, uma fonte de preocupação para o 'Quad', Modi e Kishida "reafirmaram a sua visão comum de uma região do Indo-Pacífico livre e aberta, livre de qualquer coerção", e na declaração conjunta pediram também "um retorno ao caminho da democracia" em Myanmar (antiga Birmânia) e condenaram "os desestabilizadores disparos de mísseis balísticos" pela Coreia do Norte.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 847 mortos e 1.399 feridos entre a população civil, incluindo mais de 140 crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.


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