Por Jorge Herbert
A Guiné-Bissau viveu quase meio século de opressão e abuso por aquele que se diz o partido libertador... Essa organização criminosa criou e alimentou no seu seio um enxame de criminosos de todos modelos e feitios, desde criminosos de sangue, pedófilos e criminosos do âmbito económico, para não falar que o grosso dos militantes desse partido nunca trabalhou sem ser ligado à um cargo político!
À custa dessa multiplicidade de atividades criminosas no seio dos que deturparam o objetivo libertador do homem guineense pelo qual Cabral deu a vida, o homem guineense não se libertou mas oprimiu-se deixando oprimir-se.
O homem guineense comum, limitado na sua capacidade de sonhar e empreender, habituou-se e acomodou-se em ser o permanente pedinte de mãos esticadas e admirador do eterno colonizador.
No seio dos homens guineenses nasceu um novo tipo de homem, aquele que, em decalque do modelo colonial, é o ser superior porque é aquele que é melhor aceite e apoiado por aqueles que ainda mantêm o ímpeto colonizador.
Frantz Fanon nos seus escritos já retratava o negro que se sente superior aos restantes negros, por ser melhor aceite entre os brancos colonizadores e ser capaz de falar com sotaque deles, esforçando-se para esconder o seu sotaque nativo.
Essa estirpe de negro assimilado, em pleno século XXI, é aquele que é introduzido em lobbies de fabrico de líderes europeus, onde têm de cumprir rigorosos rituais, desde a iniciação até ao trabalho da conquista do poder junto ao seu povo.
Esse povo, que continua miserável, a ser explorado na emigração, como mão de obra indiferenciada e, quando pretendem diferenciar-se, atingem um “tecto” que não podem ultrapassar, sem se submeterem aos interesses desses lobbies protectores.
Esse povo que continua miserável no seu próprio país, porque os acordos de cooperação com os países europeus são amplamente condicionados à satisfação desses lobbies de interesses, quando vota de forma consciente em direção à total liberdade tão sonhada por Amilcar Cabral, as torneiras europeias, influenciadas por esses lobbies europeus começam a fechar, num exercício de autêntica asfixia económica, não se importando quantos negros mais morrerão por falta de cuidados de saúde mais básicos, ou quantas crianças ou jovens negros com elevado potencial intelectual se perderá por falta de educação condigna! O que importa é dominar e usufruir dos seus recursos a preços de chuva!
Quem não se lembra que, no governo do atual presidente da república Umaro Sissoco Embaló, a União Europeia recusou pagar pela pesca nos nossos mares, o mesmo preço que pagava à outros países da mesma costa africana?!
No entanto, a assinatura desse acordo foi dos primeiros actos do governo de Aristides Gomes, a um preço simpático e com uns milhões a serem imediatamente dispensados ao governo guineense! Esse é apenas um exemplo da técnica utilizada na asfixia económica.
Por outro lado, esses lobbies fabricantes de lideres, até mundiais, também têm sob controlo, determinados órgãos da comunicação social, que de forma desavergonhada e com elevada falta de profissionalismo, num exercício exaustivo de cacofonia, vão manipulando intencionalmente a opinião pública, alienando as mentes menos atentas.
É nesse contexto de forte ímpeto colonizador, que me entristece e revolta ver negros, principalmente guineenses, a manifestarem-se primeiro para exigir a igualdade de direitos na sociedade acolhedora da emigração, intitulando isso de luta contra o racismo, mas é essa mesma população que se manifesta, aglomerando-se junto à sede da União Europeia, a apelar à intervenção daquele que lhe asfixia economicamente quando lhe dá jeito, para ver se conseguem recolocar no poder, o líder forjado pelo lobbie europeu que orienta essas estratégicas asfixias económicas, que tanto sofrimento causa às populações africanas!
Lutam pela igualdade de direitos na emigração, mas querem continuar submissos no que concerne à política do próprio país!
Cabral ontem voltou a dar voltas à tumba! O homem guineense doutrinado pelo partido por ele mesmo criado não quer caminhar em direção à independência em todo o sentido do termo, mas sim caminhar no sentido da total entrega à nova colonização do século XXI, tudo em nome de uma vida tranquila com base num pseudoelitismo parasita!
Para aqueles que dizem não concordarem com nenhuma das marchas dos guineenses ocorridas ontem, tenho a responder que, independentemente de quem organizou ou poder ter havido ganho político por um dos lados da contenda política, continuo a insistir que a marcha de Sacavém é um marco histórico no exercício da cidadania guineense. É a primeira vez que o cidadão comum guineense sai à rua para questionar diretamente a um político, sobre a proveniência do dinheiro para a compra de um imóvel de luxo na Europa.
Que iniciativas iguais se repitam e se generalizem, para que os alienados e facilitadores da nova colonização dos países africanos comecem a colocar a mão na consciência sobre os seus actos.
Que as suas vizinhanças comecem a perceber que não são só aqueles africanos que lhes são seletivamente mostrados na televisão que se enriquecem de forma ilícita, mas o seu educado e simpático vizinho do lado, que até fala com sotaque igual a ele, também é tão ou mais criminoso que aquele/a que lhe mostram na televisão.
E que esse educado e simpático vizinho também deu e dá o seu contributo na morte de muitas crianças, jovens, adultos e grávidas em África, por falta dos mais básicos meios de tratamento...
Que se repita a marcha de Sacavém, as vezes que forem necessárias!
Jorge Herbert
Certo e claro
ResponderEliminarConcordo plenamente contigo. O que me envergonha é o comportamento triste da Imprensa portuguesa, principalmente da rtp, com atitudes de parcialidade, sem isenção como mandam as regras... Esperava outra forma de fazer jornalismo, ainda mais de um país europeu...pena...
ResponderEliminarPercebo um profundo sentimento de ódio, ressentimento e contradição neste seu discurso, senhor!
ResponderEliminarQuando adjetiva de enxame de criminosos de sangue, criminosos econômicos, pedófilos, entre outros, os criados no seio do partido libertado, gente que nunca trabalhou sem ser ligado a um cargo político, na ânsia de atingir o seu alvo identificado, o senhor acaba atingindo a todos os políticos guineenses sem exceção e, segura e mais fortemente, os que estão hoje do outro lado deste partido libertado.
Eu entendo a mágoa e a despeita em relação à nova estirpe de lideres africano, decalques do modelo ocidental, capazes de falar com sotaque deles, porque, no fundo, eles são peças de reposição, em substituição àqueles que se privilegiaram, no passado colonial e até hoje gozam deste privilégio herdado do colonialismo. Refiro-me aos “Agentes do Colonialismo”! É só uma questão de mudança de preferência do colonizador, que deixa ciúmes!...