sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

RECONTAGEM DE VOTOS E QUEIXAS CRIMES – A TERCEIRA VIA PARA O PODER OU EXPEDIENTE DE BLOQUEIO DO PAÍS.

Por Jorge Herbert

Levo os últimos anos a avisar que ao PAIGC e ao seu líder, importa-lhes pouco ou quase nada a Guiné-Bissau e o seu povo, desde que o poder absoluto esteja assegurado por eles, permitindo-lhes controlar o erário público e os interesses que giram a volta do poder. Julgo que isso ficou provado no bloqueio cerrado que o PAIGC e o seu presidente fizeram ao país nos últimos três anos, importando-se pouco ou nada com o sofrimento que esse bloqueio estava a provocar à população guineense.

Domingos Simões Pereira incorporou na sua mente e quis transmitir a ideia (pelo menos não desmentiu a propaganda dos seus apoiantes), de ser ele “o homem mais inteligente e politicamente mais bem preparado da Guiné-Bissau”, pelo que tem de assumir o poder político e decidir os destinos daquele povo, custe o que custar! Julgo que esse delírio colectivo não precisa de mais dados nem mais letras, para ser provado, porque já está a vista de todos os guineenses!

Tendo falhado, por várias tentativas atingir o seu desiderato, o homem deita a mão à sua última “bóia de salvação”, de nome Supremo Tribunal de Justiça, que até já lhe foi favorável noutras circunstâncias… Mas, Domingos Simões Pereira sabe que essa bóia de salvação é como se fosse o seu último fôlego político, já que, ninguém tem dúvidas que, depois das três últimas campanhas eleitorais em que participou e com a quantia nelas investidas, se não garantir o poder, para que os seus investidores consigam recuperar com juros altos o que investiram nele, passará do homem mais bem preparado, para o mais insignificante dos guineenses, porque os próprios investidores o virarão as costas…

Ouvir o advogado do PAIGC e do candidato Domingos Simões Pereira a anunciar aceitar qualquer veredito do Supremo Tribunal de Justiça, para mim significa o anúncio do conhecimento prévio de que a decisão do STJ lhes será favorável! Julgo que isso não surpreenderia a maioria dos guineenses e todos os adversários políticos do candidato que pede a recontagem dos votos.

Como cidadão de bem que me considero, só tenho que aceitar que um candidato reclame junto das instâncias judiciais, caso se sentir lesado em qualquer processo em que participe, desde que esse candidato tivesse a mesma lisura cidadã, quando são os outros a reclamar. Ora, nas últimas eleições legislativas em que participou e em que os adversários também reclamaram e o mesmo STJ não deu procidência às suas reclamações, o posicionamento do PAIGC, foi de alegria! Julgo que qualquer verdadeiro democrata não aceitaria a vitória, sem que se esclarecesse de forma efectiva as reclamações dos seus adversários, apelando as instâncias ao cabal esclarecimento das reclamações dos adversários. Mas, Domingos Simões Pereira, apesar de ser intitulado pelos seus apoiantes do “melhor preparado”, ainda não atingiu esse nível de conceito da democracia! A democracia para Domingos Simões Pereira serve apenas para as suas vitórias! E a justiça e uma determinada comunidade internacional, para as suas derrotas! E assim vai se preparando para ser “o único que deve assumir o poder na Guiné-Bissau”, ofendendo a inteligência de centenas de quadros intelectuais que a Guiné-Bissau pariu!

Dizia eu que, como cidadão de bem e com elevado sentido democrático que sou, só podia desejar que o STJ desse procidência à recontagem dos votos. Mas, também, como cidadão guineense com mais de meio-século de vida, tenho profunda consciência que o PAIGC não é pessoa de bem e consequentemente o seu líder também não o é. Por isso, importa-me primeiro saber, no caso de ser decidido pela recontagem dos votos, que votos serão recontados, de que região ou circulo eleitoral e quem são as pessoas ou instituições mais idóneas para assumir esse processo, inédito no nosso país! Importa-me saber quem, até à data da recontagem desses votos é e será o guardião das urnas em causa! Que garantias teremos que os boletins de votos constantes das urnas sujeitas à recontagem não foram primeiramente manipuladas e só depois seleccionadas para a reclamação! Se a guarda dessas urnas não oferecer qualquer segurança em termos da possibilidade de já terem sido manipuladas, o STJ não pode nem deve decidir pela recontagem dos votos, sob pena dessa instituição que devia ser da justiça, estar ela própria colaborar com uma descarada fraude…

Em todo o caso, é minha profunda convicção que o PAIGC e o seu candidato não desejam propriamente a recontagem dos votos! Tenho essa convicção arreigada desde o dia que ouvi o discurso do líder do PAIGC a dizer que ia impugnar os resultados eleitorais, que o grande objetivo dessa instituição pouco idónea e o seu líder, é bloquear a tomada de posse do novo presidente eleito e prolongar a crise no tempo. Os tais processos crimes apresentados contra os membros da CNE, tem a intenção de bloquear o desenrolar da impugnação eleitoral e, dessa forma, o PAIGC e o seu líder continuarem agarrados ao poder executivo que já detêm neste momento, prolongando o mandato de um Presidente da República (José Mário Vaz), sem poderes para o derrube do seu governo. Dessa forma, ganham tempo para tentar organizar a caótica governação deste executivo e o tão propalado uso do erário público para as campanhas eleitorais em que estiveram envolvidos. E dessa forma, o PAIGC continuará com o caminho livre para os desmandos a que tanto se habituou, sempre colado e no controlo do erário público, sem qualquer tipo de fiscalização e importando-se pouco ou nada com a disfuncionalidade do país e o sofrimento do seu povo.

Alguém tem de travar o PAIGC, a megalomania do seu líder e a interesseira comunidade internacional sedenta para delapidar os nossos recursos.

Jorge Herbert

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