A China convidou centenas de oficiais de exércitos de quase todo o continente africano a visitar Pequim. O objetivo: estreitar a parceria nos setores da Defesa e Segurança.
Base militar da China no Djibouti
O "Fórum sobre Defesa e Segurança" começou esta terça-feira (26.06) na China e decorre até 10 de julho. Foram convidados centenas de militares de 50 países africanos. A China quer desenvolver uma nova parceria com África numa área que até à data não era considerada prioritária.
Por um lado, os observadores consideram que esta é uma forma de assegurar os interesses económicos crescentes da China no continente.
"Proteger as rotas comerciais é importante para a China, pois a zona costeira no nordeste africano até ao canal do Suez faz parte da nova rota marítima da seda", explica Cobus van Staden, especialista em questões chinesas no Instituto Sul-Africano de Relações Internacionais, em Joanesburgo.
Além disso, a China tem "relações cada vez mais complexas com África", acrescenta. O país tem grandes investimentos no continente, e muitos chineses vivem em África.
Capacetes azuis
Tropas da China em Juba, no Sudão do Sul
A China começou a interessar-se mais por questões de defesa e segurança em África a partir de 2012, lembra van Staden.
"As atividades da China começaram por acontecer em contextos multilaterais. O país fez nomeadamente parte das forças de manutenção de paz no Sudão do Sul e também enviou tropas de manutenção de paz para o Mali e para Libéria".
Ainda assim, o empenho militar da China em África não é novidade para alguns países, segundo o pesquisador sul-africano.
"Já nos anos 1950 e 1960, a China esteve envolvida em África, nomeadamente prestando apoio político, treinamento militar e enviando armamento a diversos movimentos de libertação colonial, a movimentos que lutavam contra as potências coloniais e pela independência."
Exportação de armas
Alguns observadores consideram que a China descobriu o potencial de África como potencial cliente para material de guerra e armamento chinês. Até agora outras potências têm vindo a apetrechar os exércitos, as forças aéreas e as marinhas africanas. A China quererá, pois, penetrar nesse negócio lucrativo.
Segundo o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI), entre 2013 e 2017, a exportação de armas chinesas para África aumentou 55% em relação ao período 2008 a 2012. Na região subsariana, as importações de armas chinesas aumentaram de 16% para 27%.
Além disso, a influência estratégica da China deverá também ser reforçada através da sua base militar no Djibouti. Oficialmente, a China não reconhece a designação de "base militar", frisa van Staden. A imprensa chinesa utiliza, por exemplo, a designação "base de apoio".
O Ministério da Defesa chinês confirmou recentemente que a China vai construir no Djibouti uma nova doca, que também estará à disposição do Quirguistão e terá espaço para acolher fragatas chinesas e navios de abastecimento de grande porte. O objetivo é "honrar melhor compromissos internacionais como as operações anti-pirataria e manter a paz e estabilidade em África e no mundo."
dw.com/pt
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