Por Rádio Capital Fm
Cerca de uma dezena das Organizações da Sociedade Civil disseram no Comunicado à Imprensa conjunto que “registaram com profunda estupefação as recentes declarações do Coordenador Regional de MADEM G-15, Sr. Malam Camará [Moro], ao afirmar num ato político em Djabada Beafada, na região de Quinará, que a criminalização desta prática [ Mutilação Genital Feminina] visa eliminar a cultura”.“Um ato de total irresponsabilidade e de oportunismo político, o Sr. Malam Camará prometeu ainda lutar pela revogação desta lei, tendo para o efeito, apelado maior união da comunidade local”, lê-se no Comunicado.
Para as organizações subscritores, “estas declarações retrogradas, repugnantes e insensíveis aos graves danos físicos e morais da MGF, acontecem sensivelmente dois meses após a evacuação para Portugal de uma criança de apenas 6 anos de idade, submetida a infibulação uma das formas mais brutais da MGF e que se encontrava em estado bastante critico”.
De lembrar que o Movimento para Alternância Democrática (MANDEM-G15) teria atribuído a responsabilidade dos atos ao Malam Camará, tendo o partido da oposição condenado “as declarações “ proferidas pelo seu Coordenador na região de Quinara.
As organizações subscritores congratulam-se com o Comunicado da Coordenação das Mulheres do MADEM-G15 e exortam à Direção Superior do Movimento para Alternância Democrática “a demarcar publicamente e com urgência, das declarações” que consideram “infelizes” do seu Coordenador regional.
No mesmo Comunicado conjunto, os subscritores alertam “a todos os atores políticos, no sentido de se absterem de proferir declarações incendiárias que visem menosprezar subalternizar os direitos e liberdades fundamentais das mulheres”, e reafirmam ainda “os seus profundos e inabaláveis apoios à legislação contra a MGF”, apelando “a uma maior vigilância das forças de segurança responsáveis pela aplicação da lei”.
As organizações subscritores apelam também “a celeridade de tramitações processuais de casos de prática da MGF pendentes nos tribunais”, e alertam as diferentes comunidades locais do país, de que “a prática da MGF é rigorosamente proibida na Guiné-Bissau, por isso, não devem deixar de serem instrumentalizadas pelos políticos irresponsáveis e oportunistas”.
Assinaram o Comunicado, o Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e Criança, a Liga Guineense dos Direitos Humanos, Rede Nacional de Luta Contra Violência no Género e na Criança, Associação Guineense de Mulheres Juristas, Associação de Amigos de Criança, Associação Guineense de Mulheres Profissionais de Comunicação Social, Rede de Defensores de Direitos Humanos e Fórum de Reflexão dos Quadros Muçulmanos.