Por: Rádio Jovem Bissau. 20/09/2025
O bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau, António Nhaga, manifestou este sábado 20/ 09 a sua profunda preocupação quanto às tentativas do poder político de controlar e “domesticar” os jornalistas, sobretudo no atual contexto, considerado crucial para a realização das eleições gerais previstas para 23 de novembro.
Em declarações aos jornalistas à margem do encerramento de uma palestra dirigida a representantes de diversos órgãos de comunicação social e estudantes de 1° a 4° ano da Escola Superior de Comunicação e Jornalismo da Guiné-Bissau, sob o tema “Imprensa guineense: Uma análise científica do seu percurso histórico”, Nhaga advertiu para a possibilidade de persistirem tensões entre o poder político e a classe jornalística.
Segundo afirmou, alguns atores políticos procuram transformar os jornalistas em “mininus di mandadus” (rapazes de recado) de partidos políticos, numa lógica que tende a desvirtuar a missão da imprensa. “O objetivo destes políticos é fazer dos jovens jornalistas pessoas "marmiteiros", dispostos a esconder a verdade em troca de benefícios”, denunciou.
O bastonário e igualmente Diretor-Geral da Escola Superior de Comunicação e Jornalismo exortou as novas gerações da classe jornalística a resistirem a estas pressões.
“Espero que a imprensa na Guiné-Bissau, sobretudo a vossa geração, não "marmite’" a situação política do país. A minha maior preocupação é com os jovens, que devem ser jornalistas independentes, tal como em qualquer parte do mundo”, reforçou sublinhando o papel central dos jovens jornalistas na consolidação da democracia. Para ele, sem uma imprensa livre e independente, o país corre o risco de perpetuar sistemas autoritários do passado.
“O poder político quer manter aquele modelo herdado do tempo de António de Spínola e Amílcar Cabral, onde tudo o que era dito era tomado como verdade. Mas os jovens jornalistas devem pautar-se pelo interesse público e pela defesa da democracia”, afirmou.
Como caminho para fortalecer a classe jornalística e enfrentar intimidações, espancamentos, insultos, calúnias e outros abusos, professor António Nhaga apontou a união dos profissionais como solução essencial para dignificar e valorizar a profissão jornalística na Guiné-Bissau.

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