terça-feira, 11 de abril de 2017

Política - “Estou a ser hostilizado por ser muçulmano e a liderar governo”, diz Umaro Sissoco Embaló

Bissau,11 Abr 17 (ANG) – O Primeiro-ministro, Umaro Sissocó Embalo afirmou que está a ser hostilizado na liderança do governo por ser muçulmano.

Num encontro mantido Sábado com dezenas de Imâmes das diferentes mesquitas de Bissau, na residência do líder religioso Causo Baldé, em Bissak, arredores de Bissau, o chefe do executivo referiu que o seu nome consta na primeira posição dos três escolhidos pelo Presidente da República no âmbito do Acordo de Conacri.

“Mas como o meu nome é Umaro Sissoco Embaló, para o efeito não podemos ser nada neste país. E como o outro é apelidado de Fadiá, igualmente não pode ser nada”, disse.
O Primeiro-ministro disse que, por um lado, os muçulmanos são culpados porque aceitam ser usados para outras pessoas atingirem os seus objectivos e por isso são menosprezados na sociedade guineense.

“Mesmo se fosse o nome de Aladje Mamadú Fadia que era escolhido para ocupar funções de Primeiro-ministro seria igualmente alvo de hostilização como está a acontecer comigo”, considerou.

Umaro Sissoco Embaló sublinhou que existe um aspecto que lhe agrada bastante, acrescentando, a título de exemplo, que “desde que as pessoas roubaram ao Braima Camará a liderança do PAIGC no Congresso de Cacheu, nunca mais se houve sons de tambores na sede deste partido”.

Frisou que o motivo que está por detrás do silêncio dos sons dos tambores na sede do PAIGC é  a coesão que existe no seio da etnia mandinga.

“Quero dizer aos meus parentes fulas para escolhermos bem o nosso campo de acção”, aconselhou, acrescentando que ele pessolamente está bem na vida e que se querem  que os seus filhos continuassem a seguir  passos das pessoas que os usam para atingir os seus objectivos será uma vergonha”, explicou.

Umaro Sissoco Embaló sublinhou que quando foi nomeado primeiro-ministro pelo Presidente da República as pessoas contestaram a escolha alegando ser muçulmano.

“Isso faz-me sentir mal por que não posso ser tribalista. A minha mulher é cristã e para tal não posso ser contra cristãos. Os meus melhores amigos são igualmente cristãos”, vincou.
O Primeiro-ministro sublinhou que durante a luta de libertação nacional ninguém conhecia a raça e religião, salientando que todos veem o que acontece actualmente no país porque existem partidos políticos que nunca aceitarão a liderança de muçulmanos.
“O Presidente da República informou-lhes que, mesmo que ele é da etnia manjaca todos o guineenses têm o mesmo direito”, afirmou.

Umaro Sissoco Embaló salientou que, o maior problema que José Mário Vaz enfrenta é de ter nomeado um muçulmano para o cargo do Primeiro-ministro em detrimento dos cristãos.
“E no momento de ir pedir dinheiro no exterior, as pessoas lembram que existem fundos árabes, do Quait, Arábia Saudita e outros Bancos Árabes. E esquecem que são dinheiros dos muçulmanos”,referiu.

Disse que chegou o momento dos muçulmanos se abdicarem de correr atrás das pessoas.
Em resposta aos pedidos feitos pelos Imâmes do bairro de Bissak, Umaro Sissoco Embalo disse que uma missão do Banco Árabe de Desenvolvimento Económico em África(BADEA), chegará brevemente ao país, acrescentando que se eventualmente financiarem a construção das estradas, aquele bairro será a prioridade.

Prometeu ainda construir escolas corânicas e colocar painéis solares nas mesquitas bem como a canalização de água potável.

Por sua vez, o líder religioso Causo Baldé afirmou que o encontro realizado na sua residência visa a leitura do alcorão para pedir a paz para o país.
“Hoje em dia, pela idade que tenho e responsabilidade na parte de Deus, penso que é isso que deve ser o meu trabalho -  ser o mensageiro de paz para os guineenses”, disse, frisando que foi um dos motivos do seu regresso ao país.

Causo Baldé apelou aos políticos guineenses no sentido de dialogarem  e privilegiarem o perdão para tirar o país da situação de crise em que se encontra.
“ O único vencedor dessa crise será a parte mais tolerante e que sofre perante Deus e ao povo em geral”, revelou.

O líder religioso sublinhou que os guineenses devem se entender uns aos outros para acabar com a crise que já leva muito tempo.  

ANG/ÂC/SG

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