Aliu Cande
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O Movimento Nacional da Sociedade Civil, Paz e Desenvolvimento da Guiné-Bissau manifestou estar preocupado com a evolução da situação política, nomeadamente com uma alegada reunião entre dirigentes políticos com a presença de militares ocorrida no norte do país.Em causa está uma conferência de imprensa realizada no início desta semana por dois militantes do Partido de Renovação Social (PRS), terceira força política do parlamento guineense e que faz parte da coligação no Governo, que denunciaram a realização de uma reunião na aldeia de Patche Yala, no norte do país, entre o líder do PRS, Alberto Nambeia, e o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, com a presença de militares.
Em comunicado, divulgado na quinta-feira ao final do dia, o Movimento Nacional da Sociedade Civil salienta que a "reunião em si não constituiria nenhum questionamento por se tratar de um ato estratégico entre partidos", mas o "envolvimento de altas patentes" da classe castrense do país é "algo fora da lógica".
Para a organização não-governamental, a participação de militares na alegada reunião gera "desconfiança e inquietude na população em geral".
O comunicado do Movimento Nacional da Sociedade Civil foi divulgado após o PAIGC e o PRS terem negado publicamente a realização da alegada reunião.
Em declarações à imprensa na quarta-feira, o responsável pela comunicação do PAIGC, Muniro Conté, disse que as pessoas que anunciaram a realização da reunião são quem deve fazer prova de que ela se realizou.
"Pelo que sei, não houve nenhuma reunião", salientou.
Já o PRS, através do seu vice-presidente Orlando Viegas, disse na quinta-feira não ter conhecimento da reunião, mas confirmou a presença do presidente do partido na aldeia a convite dos populares.
A alegada reunião levou também o conselho de Chefes de Estado Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau a apelar a todos os militares no ativo e na reserva a absterem-se de participar em reuniões de caráter político-partidário.
Segundo a imprensa guineense, a reunião, apesar de não ter sido oficialmente confirmada, pode significar uma hipotética nova aliança política no país e uma suposta mudança da maioria no parlamento.
Questionado sobre se estava a ser negociado um acordo parlamentar com o PRS, o responsável pela comunicação do PAIGC disse que não pode avançar nenhuma informação.
"O que posso dizer é que se esses dois partidos entenderem que é chegado o momento de tirar o país do lamaçal, de repudiarem da mesma forma o tipo de governação que estamos a assistir, se comungarmos desses valores, não haveria nenhum problema do PAIGC para a constituição de Governo, porque seria legal e constitucional", salientou.
Sobre o mesmo assunto, Orlando Viegas disse que o PRS é um "partido político e se um dia tiver de negociar com o PAIGC todo o mundo vai saber".
Questionado sobre se há essa possibilidade, o vice-presidente do PRS disse que na "vida tudo é possível".
"Por isso se diz que na política não há inimigos permanentes e que as coisas mudam em função da realidade e quem sabe se um dia há necessidade de fazer essas negociações. Não se preocupem porque quando o PRS tiver que tomar uma posição vai fazê-la publicamente", salientou.
O PAIGC venceu as últimas eleições legislativas na Guiné-Bissau, mas o seu Governo foi demitido pelo atual chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, que nomeou um outro composto pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15, segunda força política no parlamento), PRS, Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB, quarta força política no parlamento).
O atual Governo, liderado por Nuno Gomes Nabiam, conseguiu aprovar o seu programa com os votos do Madem-G15, PRS, dois deputados da APU-PDGB e cinco deputados do PAIGC.
MSE // VM
Lusa/Fim