© Getty Images Por Lusa 27/10/24
Arranca campanha eleitoral para as eleições legislativas do Senegal
A campanha eleitoral para as eleições legislativas do Senegal, previstas para 17 de novembro, começa hoje, três semanas antes de uma votação em que o presidente do país, Bassirou Diomaye Faye, espera que o seu partido obtenha uma maioria parlamentar.
"A obtenção de uma maioria na Assembleia Nacional (parlamento unicameral) é crucial porque nos permitiria implementar reformas profundas na governação, na justiça e nas instituições legislativas", disse à EFE Mbene Faye, o candidato número dois do partido senegalês Patriotas do Trabalho, da Ética e da Fraternidade (Pastef).
O candidato, que não tem laços familiares com o presidente Faye, é o segundo na lista do Pastef, logo atrás do primeiro-ministro, Ousmane Sonko.
Para dar início à campanha, o partido realizará vários eventos e manifestações nas principais cidades do país.
Em meados de setembro, o Presidente senegalês anunciou a dissolução da Assembleia Nacional, para sair do atual impasse no hemiciclo, onde o seu partido tem apenas 23 deputados num total de 165.
"É evidente que estamos a assistir a uma verdadeira transformação política no Senegal, impulsionada sobretudo pelas novas aspirações dos jovens", afirmou o candidato Faye.
"A necessidade de uma mudança profunda foi sentida nos últimos anos (...) As políticas tradicionais não produziram os resultados esperados em termos de desenvolvimento económico, justiça social e inclusão", acrescentou.
Em 17 de novembro, os senegaleses devem escolher a composição da Assembleia Nacional a partir de uma lista de 41 partidos e coligações políticas.
Além do Pastef, o antigo presidente Macky Sall (2012-2024), que lidera a coligação da oposição Takku Wallu Senegal (Defender o Senegal, em wolof), uma aliança entre o seu partido, a Aliança para a República (APR) e o Partido Democrático Senegalês (PDS), fundado pelo seu antecessor na chefia do Estado, Abdoulaye Wade, está a fazer o seu regresso à arena política.
Grupos como Jàmm Ak Jariñ (Paz e Prosperidade), liderado pelo antigo primeiro-ministro Amadou Ba, e a coligação Samm Sa Kaddu (Manter a palavra), liderada por Barthélémy Dias, presidente da Câmara de Dakar, também estão na corrida.
A oposição criticou a iniciativa do Presidente Faye, considerando-a uma tentativa de consolidar o poder executivo em detrimento da representação parlamentar.
"Ouvimos o primeiro-ministro (Sonko) dizer que precisavam de uma maioria esmagadora (...) Isso significa que precisam de uma maioria para esmagar a oposição e, obviamente, para esmagar a democracia. Porque quando não há oposição, não há democracia", disse à EFE Thierno Bocoum, porta-voz do Samm Sa Kaddu.
Para Bocoum, "é necessário equilibrar os poderes, canalizá-los mais. Acima de tudo, é essencial criar um contrapeso na Assembleia Nacional, porque só o poder detém o poder".
O Presidente, que venceu as eleições presidenciais deste ano com maioria absoluta, procura uma vitória nas eleições legislativas que lhe permita implementar o seu ambicioso programa económico, centrado numa menor dependência externa.
Faye defende, por exemplo, a saída do Senegal do franco CFA, uma moeda controversa criada em 1945 pela França (ex-metrópole) e utilizada em oito países da África Ocidental, bem como a renegociação dos contratos de hidrocarbonetos com as multinacionais.
Além disso, defende uma renovação institucional completa com medidas como a abolição do cargo de primeiro-ministro e a criação de uma vice-presidência, algo que exigiria uma reforma constitucional e teria de ser aprovado pela Assembleia Nacional.
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