O DEMOCRATA 21/07/2023
O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, confirmou a sua presença na segunda cimeira Rússia e África, que se realiza na próxima semana, na cidade de São Petersburgo, na qual a questão do desbloqueamento de cereais poderá ser um dos temas, advertindo, neste particular, que a “África não é um continente faminto”.
“Esta cimeira já tinha sido marcada antes do bloqueio de cereais. Participamos na reunião da União Europeia e África, bem como dos Estados Unidos e África e vou estar presente nesta segunda cimeira Rússia e África. Eu sou do grupo que se posiciona contra este tipo da reuniões. Serão 54 chefes de Estado da África a reunirem-se com apenas um chefe de Estado. Portanto, estamos a analisar a possibilidade de no futuro, apenas o presidente em exercício da União Africana e os presidentes em exercício das nossas organizações sub-regionais, a CEDEAO SADC, CEAC, entre outros passarão a participar nestas reuniões”, disse.
O chefe de Estado guineense fez estas observações em entrevista ao Jornal O Democrata e à agência Lusa esta sexta-feira, 21 de julho, à margem da cerimónia de investidura do antigo chefe de Estado, José Mário Vaz, como membro do Conselho de Estado, para falar da sua participação na segunda cimeira Rússia – África, bem como dos resultados da reunião da Troika CEDEAO.
A Troika da CEDEAO, que foi criada pelos chefes de Estado na cimeira de Bissau, é formada por três países, a Guiné-Bissau, a Nigéria e o Benin e está a ser dirigida pela Guiné-Bissau, tem como objetivo procurar uma solução a submeter à Conferência dos chefes de Estado e do Governo da CEDEAO sobre os desafios da segurança que a região enfrenta, particularmente no concernente à situação no Mali e no Burkina Faso, abalados com o fenómeno do terrorismo.
Umaro Sissoco Embaló disse que a África está interessada em contribuir na busca da paz no conflito Rússia Ucrânia, acrescentando que os chefes de Estado vão falar com o Presidente Putin com o intuito de encontrar uma solução para a paz.
Informou ter falado com o Presidente Zelensky e ter abordado a questão de uma visita oficial que deverá efetuar a Kiev.
Assegurou que a África não pode criar campos ou posições, mas sim manter a sua posição de neutralidade neste conflito.
Questionado sobre os resultados da reunião da Troika e da sua posição em relação à presença de mercenários do grupo russo Wagner na região, Embaló assegurou que a organização está preocupada com a presença do grupo Wagner na região.
“A Troika está a trabalhar neste sentido. Criamos um grupo de trabalho para o efeito. Os chefes de Estado-Maior General das Forças Armadas da região vão reunir-se em breve na Nigéria, para analisar profundamente a situação. Já demos também o mandato ao nosso enviado que é o Presidente Patrice Talon, do Benin, que deverá viajar para Conacri, Bamako e Ouagadougou para ouvir os dirigentes destes países em crises, depois apresentará um relatório à Conferência de chefes de Estado para analisar a situação e encontrar uma solução para ajudá-los”, explicou.
Interrogado se o grupo Wagner pode avançar para outros países da região, respondeu: “não, não. Os chefes militares vão reunir-se na Nigéria para encontrar uma solução para a criação de uma força militar para fazer face ao fenómeno do terrorismo, sobretudo a questão dos golpes de Estado”.
Revelou que a Troika reunir-se-ia em Bissau para analisar algumas situações, mas devido à cimeira Rússia África, a reunião ficou protelada para uma outra data a ser definida.
Por: Assana Sambú
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