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Notícias ao Minuto 23/08/22
A campanha retrata um homem transgénero - nascido mulher, mas com identidade de género no masculino - durante a gravidez, abraçado ao companheiro.
A ministra francesa pela Igualdade entre Mulheres e Homens, Isabelle Rome, saiu em defesa da associação Planning Familial, cuja campanha pelos direitos das pessoas transgénero está a causar polémica no país.
"A Planning Familial é uma associação histórica essencial para os direitos das mulheres, e para o acesso à contraceção e ao aborto. Apoio totalmente a sua campanha", assegurou a responsável, em declarações à AFP.
“Não deixemos que a extrema-direita instigue ao ódio ao instrumentalizar uma campanha, ainda que compreenda que possa não ser consensual”, complementou.
“Na Planning, sabemos que os homens também podem estar grávidos”. Foi esta a frase que provocou indignação nas redes sociais, particularmente entre vozes de partidos de direita e de extrema-direita. A campanha retrata um homem transgénero - nascido mulher, mas com identidade de género masculina - durante a gravidez, junto ao companheiro.
Para a deputada Laure Lavalette, do partido de extrema-direita União Nacional, a campanha “ridícula” transforma “a Planning Familial cada vez mais numa máquina de propaganda”, considerando ser necessário “desmascarar estes militantes que pretendem apenas espalhar a sua ideologia falsa e grotesca”.
A estas declarações, partilhadas na rede social Twitter, juntou-se a opinião de Sébastien Chenu, porta-voz do partido de Marine Le Pen, que classificou a campanha como “estúpida” e “perigosa, em última instância”, devido à “obsessão de desconstruir tudo”.
“E nós sabemos que a Planning Familial vai às escolas espalhar as suas doutrinas. Sabemos que não o queremos”, atirou, na mesma rede social, Laurence Trochu, presidente do movimento conservador, com a hashtag “protejamos as nossas crianças”.
Por sua vez, Fabien Di Filippo, d’Os Republicanos, acusou a associação de se “afastar da ciência, juntando-se à militância ideológica mais questionável, muito longe da sua missão de informar a juventude e as mulheres”.
“Estes excessos que, certamente, não são partilhados por todos os membros, devem parar”, lançou.
Face às críticas, a associação denunciou, em comunicado, o “ataque extremamente violento” por parte de membros e apoiantes dos partidos de direita e de extrema-direita nas redes sociais - que, na sua ótica, tem como objetivo questionar a sua “legitimidade como associação de defesa dos direitos das mulheres e de luta pelo direito ao aborto”. Irá, por isso, processar os “instigadores do ódio”, mesmo aqueles que são “funcionários eleitos pela República”, comprometendo-se na luta pelo direito à saúde sexual por parte de pessoas transgénero, e pelo acesso à educação sexual.
No ativo há mais de 65 anos, o organismo salientou que, entre as cerca de 300 mil pessoas que encontra todos os anos em eventos e ações de sensibilização, as pessoas transgénero pedem “conselhos sobre contraceção, aborto, e acompanhamento médico da sua transição”.
“Cabe-nos acolhê-los. Cabe-nos fazer com que se sintam bem-vindos. Nós, feministas, não vamos aceitar que a Planning Familial seja o objeto de uma campanha de difamação às custas das minorias de género. Sim, o nosso acolhimento é incondicional. Sim, as pessoas transgénero têm o seu lugar no nosso movimento”, apontou a entidade, apelando a que todas as ”organizações feministas, organizações políticas, sindicatos, associações progressistas e aliados” apoiem a sua causa.
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