[REPORTAGEM_janeiro_2022] A ONG “Guiné-Bissau Verde Homem Novo”, através dos seus associados, apresentou uma habilidade criativa e de inovação surpreendentes, ao inventar uma máquina de lavar roupa que não precisa de corrente elétrica. A máquina vai funcionar num tambor que servirá de recipiente para colocar as roupas, poderá também absorver a água, tanto com sabão ou sem, e tem ainda a capacidade ou a facilidade de extrair água através da sua grande força de rotação para a seca das roupas.
Para além da máquina de lavar roupas, a ONG Homem Novo também trabalhou no processo de produção de lenha ecológica para o uso doméstico. Neste caso, transformar-se-á o lixo orgânico para a produção de lenha ecológica.
O projeto da invenção da lenha ecológica trabalhará basicamente na transformação de papéis, palhas, cartões, madeiras entre outros lixos orgânicos, serão moídos, ensopados em água e depois serem comprimidos num molde, e transformado em madeira , neste caso, lenha para o uso doméstico.
“Nós temos o hábito de trabalhar com as lenhas, às vezes as pessoas usam pedaços de colchão ou cartas para acender o fogo, que liberta químicos altamente perigosos e nocivos à saúde humana”, disse, para de seguida garantir que a lenha que o seu projeto criou é mais segura e irá contribuir na limpeza da cidade, sem cortes de árvores para a produção do carvão mineral.
Em entrevista exclusiva ao jornal O Democrata, depois do lançamento da iniciativa, o coordenador do projeto Homem Novo, Juviano Leopoldo Correia Landim, disse que apesar da sociedade guineense estar acostumada a outra forma de lavar roupas, é possível incorporar essa nova invenção. Salientou neste particular que é preciso apostar no método de sensibilização, mostrar como funciona a máquina para que as pessoas possam aderir à sua iniciativa.
“Irá enfrentar muita resistência por causa do costume de lavar a roupa a mão, mas estamos à espera que as pessoas consigam ver que realmente é a melhor forma e ainda vai poupar os esforços físicos”, salientou. Landim explicou que a ideia de criar uma máquina de lavar a roupa sem recurso à eletricidade é um primeiro passo do protótipo que ainda precisa ser melhorado.
O Homem Novo enfatizou que a sua invenção não se limitou apenas no saneamento básico, tendo defendido que se mais guineenses trabalharem para melhorar a situação das comunidades e servir o bem comum em qualquer área, será “o verdadeiro sentido de homem novo”.
Informou na entrevista que a máquina surgiu dentro das inovações que a ONG tem estado a desenvolver, porque “o nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida dos cidadãos guineenses e temos estado realmente a constatar aspectos negativos a sociedade legitimou como algo normal”.
O ativista defendeu a introdução, no currículo escolar guineense, de uma disciplina sobre o saneamento básico, para garantir que cada cidadão tenha consciência sobre o saneamento, sendo uma área de muito impacta.
“Construímos urinóis para reduzir ou acabar com o péssimo hábito de urinar nas vias públicas, que é um dos exemplos negativos para a nossa sociedade”, indicou e disse que o trabalho de Homem Novo é fazer pressão às organizações e às instituições do Estado para que assumam as suas responsabilidades sociais.
“Criamos urinóis e funcionou perfeitamente. Já recolheram a urina para tratamento e transformação em adubo orgânico. Foi possível realizar com empenho e determinação, esse adubo é muito bom e rico ”.
Juviano Landim sublinhou que a ideia com os urinóis nas ruas de Bissau teve um impacto positivo, porque foi possível colocar a maior parte dos urinóis nos locais onde as pessoas urinavam ao ar livre. Realçou que a sociedade guineense precisa de apoio para a sustentabilidade da mudança de comportamento.
O ativista referiu que para conseguir a sustentabilidade e mudança de comportamento, será preciso um engajamento forte do governo guineense, da Câmara Municipal de Bissau, mas sobretudo será necessário um “esforço gigante” dos cidadãos para ter a consciência de que, sim, é possível contribuir e mudar o rumo das coisas na Guiné-Bissau.
Questionado sobre a persistência da população que continua a urinar nas ruas, Correia Landim frisou que lamentavelmente é um hábito que tem vindo a ser praticado há muitos anos, que não pode ser banido rapidamente “ terá uma certa morosidade até ser revertido”.
O ativista disse acreditar que, com a colocação dos urinóis nas ruas e uma aposta forte nas campanhas de sensibilização é possível voltar a ter um hábito saudável.
Juviano Correia Landim contou ao jornal O Democrata que o Homem Novo tem uma iniciativa denominada “Cabaz di Guinendadi”. A iniciativa visa ajudar a classe mais desfavorecida na sociedade guineense e despertar a consciência sobre a forma como algumas famílias vivem na Guiné-Bissau.
“O Homem Novo procura identificar nos bairros, as famílias que mais necessitam para ajudá-las”, notou, tendo revelado que o projeto que lidera chegou a acudir uma senhora que teve problemas no pé e morava num quarto que não tinha porta nem janela e ainda dormia no chão.
“O programa HN conseguiu reabilitar o quarto da senhora com a cama nova, eletrificação, etc”, afirmou, frisando que o programa não ficou por aí, também já teve várias ações do género, mas para isso é preciso ajuda de todos .
Landim realçou que Homem Novo é um despertar da consciência dos guineenses em todas as áreas possíveis. Apesar do foco ser saneamento básico, o HN investe também em outras áreas para poder melhorar a vida da sociedade e promover o desenvolvimento na Guiné-Bissau.
Por: Djamila da Silva
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