terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Sociedade civil e oposição convocam marcha de protesto em Dacar

© Damian Lemaski/Bloomberg via Getty Images

POR LUSA   12/02/24  

A contestação ao Presidente senegalês, Macky Sall, volta terça-feira às ruas de Dacar sob a forma de uma marcha silenciosa, que os organizadores pretendem que seja uma resposta ao adiamento das eleições presidenciais que estavam marcadas para este mês.

Em conferência de imprensa realizada em Dacar, Abdou Khafor Kandji, porta-voz dos movimentos cívicos que compõem o coletivo Aar Sunu Election ("Protejamos a nossa eleição", na língua wolof), apelou à mobilização geral "para dizer não ao adiamento das eleições, para dizer não ao prolongamento do mandato do Presidente Macky Sall".

A manifestação está marcada para as 15:00 locais (mesma hora em Lisboa).

Na sexta-feira, muitos senegaleses tentaram responder a um outro apelo difundido nas redes sociais, com as forças de segurança a reprimirem o protesto, no qual resultaram três mortos.

Os organizadores da marcha de terça-feira disseram não ter recebido qualquer informação das autoridades sobre se a manifestação seria autorizada ou proibida.

O Senegal está a atravessar uma das piores crises políticas das últimas décadas, desencadeada pela decisão de Macky Sall em adiar a eleição presidencial, que estava marcada para o próximo dia 25.

O adiamento foi justificado com a abertura de uma investigação sobre o processo de validação dos candidatos presidenciais e entre os quais foram excluídas figuras proeminentes como o líder da oposição, Ousmane Sonko, e Karim Wade, filho do ex-Presidente Abdoulaye Wade.

Os deputados apoiantes de Sall e os que apoiam Karim Wade ratificaram o adiamento das eleições para 15 de dezembro e a manutenção do Presidente no seu cargo até à tomada de posse do seu sucessor, 'a priori' no início de 2025.

Esta alteração de última hora, excecional num país elogiado pela sua estabilidade e práticas democráticas, suscitou protestos de "golpe constitucional".

Desde o anúncio do adiamento para meados de dezembro, as forças de segurança senegalesas detiveram dezenas de pessoas nos últimos dias.

A imprensa senegalesa tem noticiado a existência de conversações para renovar as linhas de diálogo com a oposição, incluindo com Ousmane Sonko, que lutou contra o Governo durante mais de dois anos antes de ser preso em 2023.

Alguns meios de comunicação social evocaram a possibilidade de uma amnistia para Sonko, mas também para Bassirou Diomaye Faye, igualmente detido desde 2023, e para os detidos durante os tumultos de março de 2021 e junho de 2023.

Nem a Presidência nem o Governo responderam aos pedidos da Agência France Presse (AFP) sobre esta questão.



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