O despacho do governo que abole todos os postos de controlo inter-urbanos é uma decisão acertada, no caminho da almejada promoção de livre circulação de pessoas e bens. A medida constitui um sinal forte de desintoxicação das artérias públicas que, ao logo de décadas, transformaram-se progressivamente em mercados de burla pública contra o cidadão comum.
De Bissau para todos os cantos do país, centenas de postos improvisados, serviam de meio para injustamente confiscar dinheiro aos cidadãos que diariamente labutam para garantir o pão para a boca. Os agentes policiais descaradamente têm legitimado e comportado como autênticos “cobradores de impostos” ilegalmente institucionalizados.
Alguém tinha que atuar para estancar a prática que muito custou aos cidadãos.
Nos últimos anos, as vias públicas foram inundadas de incontáveis agentes fardados ao ponto de se confundirem com as viaturas. Em cada interseção, quer dentro de Bissau quer fora, constatava-se vários agentes cujo trabalho era estorquir dinheiro aos automobilistas e aos comerciantes.
A exigência de garantir a segurança pública nunca deveria servir de pretexto para assaltar, sem vergonha, os bolsos de humildes cidadãos. A segurança e ordem pública deve ser garantida com mecanismos objetivos e justos, a bem dos cidadãos, não contra eles. O governo deve assumir a sua responsabilidade cabalmente para que a medida não seja mais uma mera propaganda condenada ao fiasco. Para isso, é preciso inovar os mecanismos de controlo através da capacitação dos agentes afetos às linhas fronteiriças, adotando-lhes de armação tecnológica que lhes permita detetar materiais ilícitos dissimulados. Nessa estratégia, a Polícia Judiciária deve merecer uma atenção especial no combate ao crime.
A nova medida é um desafio para o governo, que deve pôr um ponto final na disputa de competências entre as forças de segurança, nomeadamente: a Polícia de Transito e a corporação da Guarda Nacional. Em definitivo, é hora de se mentalizar que qualquer medida ou política pública que não promova o bem-estar dos cidadãos deve ser banida. Há muito tempo que cidadãos deste país têm sofrido e pago injustamente faturas que beneficiaram exclusivamente um punhado de indivíduos que agem sob capote de fiscalização e controlo.
A medida deve ser extensiva aos demais serviços de cobranças em via pública, nomeadamente: portagens de João Landim, São Vicente e Jugudul, que diariamente acumulam somas avultadas em dinheiro cujo paradeiro é duvidoso, considerando a permanente degradação das vias rodoviárias do país.
Ao governo, é urgente reativar a máquina (Raio X) de controlo de bagagens no Aeroporto Internacional “ Osvaldo Vieira”, como forma de pôr cobro à vergonhosa situação de descontrolo que caracteriza os serviços que ali operam. É hora de agir, para desmantelar as redes ilícitas e repor a autoridade do Estado ao serviço dos cidadãos.
Por: Redação
OdemocrataGB
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