sábado, 30 de junho de 2018

Nelson Freitas: músico de sucesso empenhado nas causas sociais em África

Cantor holandês de origem cabo-verdiana está a angariar apoiantes por todo o mundo para apadrinhar todas as crianças órfãs e desfavorecidas da Guiné-Bissau. Objetivo é mobilizar 100 padrinhos até o final deste ano.

Nelson Freitas com crianças da Guiné-Bissau

Nelson Freitas nasceu em Roterdão, na Holanda, onde cresceu e vive. Os pais são de Cabo Verde. Tal como estes, os avós também cresceram ali. Era a avó quem ia buscá-lo à escola, enquanto a mãe trabalhava.

Em conversa com a DW África, em Portugal, onde se encontra para vários concertos, Freitas conta que a sua infância foi feliz.

"Cresci com a minha mãe. Os meus pais se separaram quando eu tinha 10 [anos]. O meu pai foi viver nos Estados Unidos, mas sempre mantemos contato," recorda.

O músico tinha seis meses, quando foi pela primeira vez a Cabo Verde. Mas só sentiu o calor da terra dos seus pais quando tinha nove anos. Aí, começou a tomar contato com a realidade.

"Cabo Verde são ilhas pequenas, onde acho que há pobreza, obviamente. Mas as pessoas estão mais ligadas, há mais solidariedade entre as famílias," avalia.

É a pobreza nalguns países de África, mas sobretudo o exemplo dado pela mãe, que o sensibilizaram.

"Quando fui pela primeira vez para Cabo Verde, a minha mãe levava sempre malas de roupas. Malas com café e com sumos. E quando chegamos em Cabo Verde, ela estava sempre a entregar às pessoas. 'Toma aqui café. Toma aqui bebidas.' E eu [interroguei-a]: 'Mamã, porque é que estás a fazer isso?" revela Freitas.

"Eu achei isso estranho. Eu era miúdo e não sabia o que ela estava a fazer. E ela esteve a explicar. Então aprendi muito com ela," considera.

Assim começa o interesse de Nelson Freitas a favor das causas sociais.

Ajudar crianças na Guiné-Bissau

Recentemente, o músico voltou à Guiné-Bissau, não para cantar, mas na qualidade de embaixador de boa vontade da Associação Padrinhos d’África, com a missão de conhecer melhor a realidade das crianças órfãs e desfavorecidas.

"Desta vez, fomos mesmo para isso. Até muitas pessoas nem sabiam que estava lá, porque não fui fazer show. Mas foi uma viagem super interessante [que serviu] para ver como é que as pessoas vivem, o que é que elas precisam mesmo," diz.

"E precisam de muito," afirma o artista.

Nelson Freitas
"Precisam da possibilidade de ir para a escola. Precisam de comida básica. Precisam de roupas. Precisam de tudo," considera Nelson Freitas.

Ficou com plena consciência do que é mais necessário.

"E como um dos embaixadores da [Associação] Padrinhos d´África, agora a ideia é arranjar mais pessoas para serem padrinhos desses miúdos órfãos," explica.

A campanha, já em curso, visa angariar mais de 400 padrinhos para todas as crianças carenciadas da Guiné-Bissau. A associação, presente também em Angola e Moçambique, acolheu a ideia com muita satisfação e carinho. E não será difícil, segundo o cantor.

"Não é muito complicado. Eu tenho quase um milhão de fãs nas redes sociais. Então, é através dessa plataforma que eu vou utilizar o meu nome. Pode ser Portugal, Holanda, Estados Unidos ou Angola. Pode ser em Cabo Verde, pode ser em qualquer lado do mundo. Acho que em qualquer lado podemos arranjar padrinhos. Porque com 70 euros por ano, o miúdo já vai para a escola e já pode comer. São cinco euros por mês," descreve Freitas.

A Associação Padrinhos d’África já atua na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, estando igualmente em perspetiva a sua presença em Cabo Verde e, possivelmente, em São Tomé e Príncipe.

100 padrinhos em 2018

Não apenas os músicos podem ajudar, acrescenta o cantor.

"Qualquer pessoa pode fazer. Isso às vezes leva tempo. Há pessoas que sempre dizem: ‘Eu quero fazer’. Mas nunca fazem. Nunca fazem, pode ser por vários motivos. Às vezes as pessoas pensam ‘eu vou pôr dinheiro nessa conta, não sei para onde é que o dinheiro vai.’ Eu acho que muitas pessoas têm medo disso," pondera.

"Eu escolhi essa associação, porque eu sei que o meu dinheiro vai para o ponto certo," afirma Nelson Freitas.

"Quero pedir aos fãs no mundo inteiro para tentar ajudar nem [que seja] um pouquinho só," apela.

O objetivo até ao final do ano é conseguir duplicar para 100 o número de padrinhos, assegura o músico - que tem agenda repleta ao longo de 2018, abrangendo Portugal, Cabo Verde, Bélgica e Luxemburgo, entre outros. E, acrescenta, Alemanha, onde tem fãs e já esteve poucas vezes, não está fora do horizonte.

"É uma questão de tempo. Vamos chegar lá," afirma o músico.

O seu novo single "Nubian Queen" saiu em maio deste ano. É a segunda canção cantada em português depois do enorme sucesso de "Miúda Linda", que contabilizou mais de 45 milhões de visualizações.

"O single já está a fazer sucesso. [Já tem mais de] um milhão de visualizações no Youtube e já está a tocar nas rádios no mundo inteiro," conclui.

DW

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