Nunca é demais alertar para os perigos a que se associa o tabagismo. O Dia Mundial Sem Tabaco, que se celebra a 31 de maio serve para isso mesmo.
O tabaco é a maior epidemia do século XX, dia a Organização Mundial de Saúde, que prevê que o problema continue a ocupar o pódio da gravidade no século XXI.
O vício e produto em si é alvo de inúmeros estudos e a própria população geral reconhece as graves doenças consequentes ao consumo de tabaco – seja em consumo direto ou de forma passiva. Mas a par das doenças cardíacas, problemas respiratórios ou risco de diabetes de tipo 2, há muitos outros problemas associados, nomeadamente problemas mentais, em que se foca Tânia Silva, psiquiatra da Unidade Psiquiátrica Privada de Coimbra.
Para a especialista, “o consumo excessivo e adicto” do tabaco deve ser considerado “uma doença mental crónica de difícil tratamento. Prova disto é o reduzido valor de fumadores inquiridos que não pensam em deixar de fumar – apenas 30%. Dos 70% que já tentaram deixar de fumar em algum momento, só 3% fê-lo sem ajuda médica, um valor que reflete a grande dependência deste produto.
A vulnerabilidade a que se associa a fase em que a grande maioria dos fumadores inicia esta prática é um aspeto de grande relevância que segundo Tânia Silva obriga a um maior alerta principalmente aos jovens, já que é entre os 13 e os 15 anos que muitos experimentam o seu primeiro cigarro. Destes, 32% mantém o consumo que leva ao posterior vício.
Por outro lado, a altura mais ‘fácil’ para incentivar ao abandono do vício é quando a mulher engravida, e fica mais sensível aos efeitos nocivos do tabaco para o se próprio organismo e o do bebé. Mas “deixar de fumar nem sempre é fácil” refere a especialista, que aponta os casos em que “o tabagismo está relacionado com alguma patologia psiquiátrica”. Destes casos, são mais evidentes os dos doentes com esquizofrenia ou afetação bipolar, onde a dependência ao tabaco é ainda maior, “o que justifica a elevada prevalência de fumadores neste grupo”, conclui a psiquiatra que não deixa de referir que “estudos recentes defendem que a cessação tabágica pode até melhorar sintomas psiquiátricos, particularmente quando integrada num plano de tratamento da doença mental”.
NAOM
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