quarta-feira, 30 de maio de 2018

Exigida a extradição de Yahya Jammeh

Várias organizações humanitárias internacionais exigem que antigo líder da Gâmbia seja julgado em Accra, no Ghana. 

Ghanês exige extradição de Yahya Jammeh

Antigo Presidente da Gâmbia acusado
de ter ordenado o fuzilamento de ghanenses.
A insistente denúncia de um cidadão ghanês da morte de 55 compatriotas, acusados há 30 anos pelo então Presidente Yahya Jammeh de terem participado numa tentativa de golpe de Estado para o derrubar, mobilizou diferentes organizações humanitárias internacionais que lançaram uma campanha internacional de apoio a essa iniciativa.

Martin Kyere, assim se chama o ghanês que busca na justiça conforto para os familiares dos seus 55 compatriotas, testemunhou pessoalmente tudo o que se passou há 30 anos, tendo numa entrevista à BBC dito que só escapou porque foi protegido por missionários católicos que o acolheram.

De regresso ao Ghana, após ter vivido 22 anos na Gâmbia debaixo daquilo que descreve como um “teatro de terror”, Martin Kyere encetou esforços para levar Yahya Jammeh à justiça.

Para isso criou uma associação com outros 56 sobreviventes (na maioria nigerianos e ghaneses) da chacina ocorrida na Gâmbia no fatídico dia 22 de Julho de 2005, data em que Yahya Jammeh ordenou o fuzilamento de centenas de pessoas que ele disse estarem envolvidas numa tentativa de golpe de Estado para o derrubar.

Campanha internacional

Esta semana, as organizações Human Rights Watch (HRW) e Trial International confirmaram tudo o que Martin Kyere havia dito e acusaram formalmente em Banjul, o antigo Presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, de ter mandado assassinar, em 2005, mais de 50 imigrantes oriundos de países da África Ocidental, maioritariamente do Ghana e da Nigéria.

Em comunicado conjunto, as duas organizações pedem que Yahya Jammeh, actualmente exilado na Guiné Equatorial, seja extraditado para o Ghana, onde deverá ser julgado.

Ambas as organizações fundamentam as suas acusações em entrevistas a mais de três dezenas de funcionários gambianos, onze deles directamente envolvidos no incidente, e a de um sobrevivente, Martin Kyere, que esteve na base da investigação internacional do caso.

Um grupo de imigrantes, entre eles 44 ghaneses, vários nigerianos, senegaleses, marfinenses e togoleses foram detidos numa praia de Banjul, quando tentavam chegar à Europa.

Os detidos foram considerados suspeitos de serem mercenários, que tinham por missão derrubar o Governo de Jammeh.

Este, chegou ao poder através de um golpe de Estado em 1994, e foi derrotado nas eleições presidenciais de Dezembro de 2016.

Como resultado da forte pressão interna e externa, Jammeh foi forçado a exilar-se na Guiné Equatorial.

Um assessor de uma destas duas organizações, refere que os imigrantes da África Ocidental não foram assassinados por pessoas de forma isolada, mas sim por um esquadrão da morte paramilitar que recebia ordens directamente do Presidente Yahya Jammeh.

“Os subordinados de Jammeh destruíram depois as provas para impedir que os investigadores internacionais conhecessem a verdade”, acrescentou.

Um relatório da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e das Nações Unidas concluiu, em 2009, que as mortes e desaparecimentos foram da responsabilidade de membros corruptos das forças de segurança gambianas, embora sem provas credíveis de que receberiam ordens superiores, realçase no comunicado conjunto da HRW e da Trial.

“As novas provas, porém, deixam claro que esses responsáveis pertencem à unidade paramilitar de Jammeh”, lêse no recente comunicado das duas organizações não governamentais de defesa e promoção dos Direitos Humanos.

A HRW e a Trial, bem como várias organizações de direitos humanos do Ghana, pediram ao novo Governo gambiano, liderado pelo Presidente Adama Barrow, que investigue as novas provas, de forma que o processo permita extraditar Jammeh para Acra onde, defendem, deve ser julgado.

A HRW e a Trial, bem como várias organizações de direitos humanos, pediram ao novo Governo gambiano que investigue as novas provas, de forma que o processo permita extraditar Jammeh para Acra, onde deve ser julgado.

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