As organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau lançaram hoje uma quinzena dos direitos humanos, no momento em que acusam as autoridades de proibirem manifestações dos cidadãos.
Miguel de Barros, dirigente da associação Tiniguena, membro do consórcio das organizações que lutam pela promoção dos direitos humanos na Guiné-Bissau, disse à Lusa ser importante alertar e mobilizar a sociedade sobre o nível do desrespeito dos direitos dos cidadãos consagrados na Constituição.
Barros citou o facto de atualmente os cidadãos serem impedidos de se manifestarem contra a classe política por ordens do Governo, sem que tenha sido declarado o estado de sítio ou de emergência no país.
«Estamos a vivenciar aquilo que é a morte lenta do cidadão guineense porque naquilo que é o básico não tem havido respostas conducentes e eficazes do Estado», em garantir o direito à vida, declarou Miguel Barros, em nome de mais de duas dezenas de organizações que operam na promoção dos direitos humanos na Guiné-Bissau - e que estão associadas à programação da quinzena.
Em representação do governo demissionário, o ministro da Justiça, Olundo Mendes, disse compreender o papel das organizações que atuam no campo dos direitos humanos e prontificou-se em «estar na linha da frente» na defesa dos direitos e liberdades dos cidadãos.
Miguel de Barros agradece a disponibilidade do governante, mas reforçou que «mais do que as vontades individuais» dos responsáveis políticos, todos os cidadãos «devem ter uma ação cívica» em prol da promoção dos direitos humanos e desta forma levar o Estado a assumir a sua responsabilidade, disse.
A cooperação portuguesa é uma das organizações associadas à quinzena dos direitos humanos na Guiné-Bissau.
Fábio Sousa, representante do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, em Bissau, considerou «permitir a visibilidade» do trabalho que tem sido feito pelos cidadãos em prol dos seus direitos.
Há três anos que a cooperação portuguesa tem vindo a juntar-se à iniciativa uma vez que a promoção dos direitos humanos reflete-se na visão estabelecida no Plano Estratégico de Cooperação, assinado em 2015, entre os governos de Lisboa e Bissau, indicou Fábio Sousa.
Durante os próximos quinze dias, várias iniciativas de promoção e divulgação dos direitos humanos serão levadas a cabo em Bissau, na Casa dos Direitos, Centro Cultural Português, passando por outros locais e também na emissão das estações de rádio.
Abola.
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