sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

GUINE-BISSAU - PR Umaro Sissoco Embalo faz visita de agradeciemento ao antigo PM Carlos Gomes Júnior.

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Por CNEWS EDITORIAL  dezembro 4, 2020

Alguém que chegou de afirmar que a “unanimidade mata a democracia”, agora quer unidade nacional.

Foi com estupefação e com total incredulidade, que se assistiu e ouviu o apelo à unidade nacional, do ex-presidente da república, José Mário Vaz, depois de ter recebido, esta quinta-feira (03.12), na sua residência, a visita do seu sucessor, Umaro Sissoco Embaló.

A democracia é um dos maiores ganhos que a Guiné-Bisssu alcançou ao longo dos seus 47 anos da independência. Graças a esse regime (Democrático), hoje, fazemos abordagens muito profunda dos diferentes assuntos do nosso quotidiano, embora a grande maioria não saiba viver dentro da democracia, ou não saiba interpretar esse “bem”.

Nem a fundação de “toneladas” de partidos políticos, nem a realização de seis eleições presidenciais e o número igual de legislativas conseguem acordar aqueles que teimam e fingem não entender o que se passa. Mas até agora é tudo na mesma. De fio a pavio. A situação torna-se ainda preocupante quando se ouve de alguém que, num determinado momento da sua vida, quis pôr tudo em causa, mas agora quer exaltar a “guinendade”, que nunca possuiu.

Em 2014, a Guiné-Bissau foi para as eleições gerais, que resultaram na escolha dos novos deputados (da nona legislatura), na constituição de um novo governo e também na eleição de um chefe de Estado, na altura, José Mário Vaz.

O desafio da altura e de agora ainda reside na pacificação e unidade nacionais, tanto postas em causa por algumas figuras da classe política guineense, que nada têm a dar para a sã democracia que ainda se deseja. Os passos começaram a ser dados em 2014, até que o presidente da república, José Mário Vaz, com intenções e objetivos que só ele pode explicar ao povo da Guiné-Bissau, decidiu aparecer, em plena estabilidade política, perante um governo de inclusão e estabilidade social, com a sua célebre frase, “A UNANIMIDADE MATA A DEMOCRACIA”, aludindo desta forma, ao “forte” entendimento (que ainda é necessário) na Assembleia Nacional Popular (ANP). Esse discurso foi feito no próprio parlamento guineense (imagine)!

Essa era a “inauguração” de uma crise política sem precedentes na história democrática do país. Resultado: A legislatura acabou com a nomeação de mais de uma dúzia de primeiros-ministros. Ator? José Mário Vaz. Instala-se crise no PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), vencedor das legislativas.

O homem político guineense (nem todos) nunca soube diferenciar o eu e o nosso, ou seja, os interesses pessoais e os do povo. A democracia foi (ainda é) “massacrada” e posta na rua. A constituição pisada e espezinhada, perante as graves dificuldades das populações, que ainda vivem no limiar da pobreza, enquanto aqueles que orientam a política vivem de um luxo imerecidamente, mas teimam a insultar o povo, dizendo que as vítimas são eles.

Depois de ter dedicado os cinco anos da sua presidência (2014-2019) à desunião, intriga e desestabilização da Guiné-Bissau, JOMAV, como é conhecido, agora aparece a fazer-se de um guineense comprometido com a causa nacional. Não é. É cúmplice de tudo que ainda se vive na Guiné-Bissau.

Ouvir José Mário Vaz a falar da unidade nacional, é como ouvir um futebolista a jurar que nunca tocou na bola. Uma incoerência de tamanho da desgraça do povo guineense! Essa figura devia ser “proibida” de falar em unidade. Nunca a quis.

Os fundamentos para reforçar a estranheza em relação ao apelo ouvido de Mário Vaz, são vários. Podemos recordar várias intervenções do então presidente. As mesmas, de forma “grosseira”, puseram e ainda põem em causa a unidade e coesão entre os filhos da Guiné-Bissau.

Enquanto chefe de estado, nomeou e assistiu o “seu primeiro-ministro (Umaro Sissoco Embaló) a falar e a intrigar as etnias e religiões, sem que nada dissesse. Assistiu em Gabú (na presidência aberta), à uma afirmação da mesma figura, a dizer que não a queriam como primeiro-ministro, porque era fula e era de Gabú. Qual foi a reação de José Mário Vaz? Nada. Alimentou e “deu vida a um indivíduo” que levou todo o tempo a falar de etnias, religiões e regiões”.

1. “A unanimidade mata democracia” – 2014;

2. “Este é o governo dos melhores filhos da Guiné-Bissau” – 2017;

3. Silêncio perante espancamento dos manifestantes pacíficos e indefesos – maio de 2017;

Há outros, mas esses elementos servem para desclassificar o apelo à unidade nacional, de José Mário Vaz.

Num país em que tudo falta, a conduta devia ser outra. O melhor favor que o antecessor de Umaro Sissoco Embaló, na Presidência da República, devia fazer a ele e ao povo, é remeter-se ao silêncio. Um silêncio “ensurdecedor”.

A Guiné-Bissau precisa da paz, estabilidade, unidade, mas também de homens sérios, coerentes, honestos e comprometidos com a democracia e os direitos humanos.

É pena hoje em dia assistir ao alto nível de desrespeito à constituição da república e às demais leis do país.

Com o ódio que se semeia todos os dias, com declarações “bombásticas” e de apelo ao rancor, pode-se imaginar uma Guiné-Bissau unida? Será?

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