domingo, 29 de novembro de 2020

NIGÉRIA - Grupo terrorista mata 43 agricultores no estado nigeriano de Borno

© Reuters

Notícias ao Minuto  28/11/20 

Pelo menos 43 agricultores foram mortos pelo grupo terrorista Boko Haram, no estado de Borno, no nordeste da Nigéria, onde decorrem hoje as primeiras eleições locais desde o início da insurreição jihadista, em 2009.

"Encontrámos 43 corpos, todos eles com a garganta cortada, e seis pessoas ficaram gravemente feridas", disse Babakura Kolo, o líder de um grupo pró governamental de autodefesa.

"É sem dúvida um trabalho de Boko Haram, que opera na região e ataca frequentemente os agricultores", adiantou Kolo, que ajudou a transportar as vítimas.

O ataque teve lugar num arrozal a menos de dez quilómetros de Maiduguri, a capital do Estado do Borno. No mês passado, 22 agricultores foram mortos nos seus campos perto da cidade.

"Sessenta trabalhadores agrícolas foram contratados para a colheita do arroz neste campo. Quarenta e três foram mortos e seis outros feridos", disse outro habitante, Ibrahim Liman, à agência de notícias francesa AFP.

Oito agricultores estão desaparecidos e, presumivelmente, terão sido raptados pelos jihadistas, acrescentou a mesma fonte.

Os corpos das vítimas foram transferidos para a aldeia de Zabarmari, a dois quilómetros do campo de arroz, e os funerais realizam-se no domingo, de acordo com um dos seus habitantes, Mala Bunu, que participou nas operações de socorro.

O ataque ocorreu em dia de eleições para os representantes regionais e conselheiros dos 27 círculos eleitorais do estado de Borno.

As eleições foram adiadas muitas vezes, desde 2008, por causa do Boko Haram e a sua fação rival, o Estado islâmico na África Ocidental (Iswap), terem multiplicado os ataques mortais e controlarem parte do território.

Em cinco círculos eleitorais, nas margens do Lago Chade, uma área controlada pelo grupo Iswap, os habitantes votaram hoje longe das suas casas, em Maiduguri.

É nesta cidade e nos arredores que centenas de milhares de pessoas encontraram refúgio em campos improvisados, depois dos grupos jihadistas terem atacado as suas aldeias.

Cerca de 2 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas desde o início do conflito, em 2009, que matou mais de 36.000 pessoas.

"É meu dever vir e votar nos representantes e conselheiros regionais porque eles são responsáveis pela minha localidade", disse Bukar Amar, um deslocado do conflito que votou na sua localidade a partir do campo de Bakassi, à AFP.

"Até agora, as eleições têm corrido bem e esperamos que todos os eleitores possam colocar o seu boletim de voto nas urnas antes do encerramento das mesas", disse Abdulrahman Bulama Ali, um funcionário eleitoral no campo.

Durante vários meses, as autoridades foram encorajando os deslocados a regressarem às suas aldeias, porque já não era financeiramente viável cuidar deles, uma vez que aquelas pessoas dependem quase inteiramente da ajuda humanitária para sobreviver e já não têm acesso aos campos.

Como resultado, um número significativo de deslocados regressou às suas aldeias, que tinham sido devastadas pela violência.

"Queremos voltar para casa e estas eleições locais são um grande passo para mim", disse Bukar ao meio-dia.

Os ataques estão a visar cada vez mais os madeireiros, pastores e pescadores. Acusam-nos de espionagem e de passarem informações aos militares e às milícias que combatem a violência jihadista na região.

O conflito, que dura há mais de uma década, criou uma crise humanitária dramática, recentemente agravada por más colheitas e restrições impostas pela pandemia.

"Registámos níveis de insegurança alimentar semelhantes aos de 2016-2017, no auge da crise humanitária, quando o risco de fome ameaçava o nordeste", disse Edward Kallon, Coordenador Humanitário das Nações Unidas na Nigéria, em novembro.

Cerca de 4,3 milhões de pessoas estavam em insegurança alimentar em junho de 2020, durante a época de escassez. A ONU prevê que este número aumente 20% no próximo ano.

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