Por Roberto INDEQUE
No passado dia 23 de Agosto, os Comités foram chamados às urnas para escolherem o seu candidato às presidenciais de 24 de Novembro próximo.
Ao todo foram seis candidatos, depois desistiu-se uma, e ficaram cinco. Importa salientar que, dentre estes cinco concorrentes, figura o próprio presidente do partido, Eng.º Domingos Simões PEREIRA, este pleito é um acto de exercício de democracia interna do Partido, o que vem demostrar a vivacidade, e a alma do partido.
Pois, os estatutos do partido conferem direito á qualquer militante, de participar na corrida das primárias, em igualdade de circunstâncias com o presidente do partido, desde que, satisfaça os requisitos pré-estabelecidos no regulamento eleitoral.
Do nosso ponto de vista, é exactamente a partir daqui que, queremos deixar a nossa modesta opinião. OS estatutos do partido estatuíram que, o presidente do partido é cabeça de lista para às legislativas, ou seja, é primeiro candidato á primeiro-ministro em caso da vitória do partido. De igual forma, devia-se fazer o mesmo em relação às presidenciais. Porquanto, este acto de abrir a possibilidade á qualquer militante concorrer em igualdade de circunstâncias com o presidente pode até em certa medida pôr em causa a liderança do partido.
Se não vejamos: imagine que ganhe um outro candidato que não seja o próprio presidente? Quem passaria a deter o “Real Power” do partido? Como é óbvio, o vencedor das primárias, não só passaria de candidato do partido, como também do líder do mesmo.
Daí passamos a ter um presidente “De Iure” e um outro “De Facto”. O que não é nada salutar para o partido, ter uma liderança bicéfala nas vésperas das eleições presidenciais, que é um acto tão importante e de grande responsabilidade, escolher o primeiro Magistrado da Nação. Nestas circunstâncias, não restaria ao presidente do partido, outra alternativa que não seja a demissão, por ter-lhe escapado o controlo dos militantes e, consequentemente do partido. O que naturalmente pode gerar um caos dentro do partido. E como as primarias, normalmente se fazem nas vésperas das presidenciais, tendencialmente os resultados eleitorais serão desastrosos para o partido. Porquanto, o partido concorre às presidenciais sem uma liderança efectiva.
Por tanto, deve-se proceder a revisão imediata dos estatutos (pelo menos no próximo congresso), conferindo estatutariamente ao presidente do partido o direito de ser candidato directo do partido às presidenciais. E só em caso da sua desistência, é que poderão concorrer nas primárias aos demais militantes interessados.
Como se costuma dizer, a política é um jogo de interesses, mas, acima dos nossos interesses pessoais, deve prevalecer a ética, humildade e a moral, um militante ainda que fosse dirigente, não se pode dar ao luxo de desafiar o presidente do partido numa situação destas, que não seja, (Congresso) para liderança do partido.
Embora esteja estatutária, mas, subentende-se que, por uma questão de decorro, ética e moral, não se deve concorrer às primarias com o presidente do partido, tudo em nome da salvaguarda dos superiores interesses do partido e da dignidade da função do presidente do partido. Sob pena de banalizarmos esta função tão nobre e merecedora de respeito, pelo menos, dos militantes.
Qualquer presidente decente, respeitador dos princípios e dos valores democráticos, (DSP), se tivesse perdido esta corrida, obviamente colocaria o seu lugar a disposição dos militantes, porquanto, deixou de ser o verdadeiro líder do partido, o que pode gerar uma confusão de liderança com repercussões desastrosas nos resultados eleitorais de 24 de Novembro.
Com efeitos, na nossa modesta opinião, o PAIGC e, eventualmente outros partidos que tenham algum preceito de igual teor, devem tomar providencias adequadas (que passa pela revisão dos Estatutos), para que, no futuro próximo (próximas presidenciais), as situações do género voltem a acontecer.
Bissau, 28/08/19
Roberto INDEQUE
Aliu Cande
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