O Presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), Cipriano Cassamá, reconheceu esta quarta-feira, 8 de fevereiro 2017, que a “Guiné-Bissau é um país conhecido pelas suas cíclicas crises políticas e sociais, que têm minado qualquer tentativa de instaurar um processo de desenvolvimento socioeconômico e um projeto de sociedade que sirva os interesses de todos os guineenses”.
Cassamá falava durante a cerimónia de abertura do Simpósio Internacional organizado pela Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Reconciliação, sob o lema “Nó Nfrenta Passado Pa Nó Kumpu Guiné-Bissau di Amanhã”. O evento reúne várias personalidades políticas, responsáveis da organização da sociedade civil, académicos e entidades religiosas. Simpósio contou ainda com a participação do antigo chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, igualmente ex-Presidente da República de Timor Leste, José Ramos Horta, que foi convidado como orador de um dos temas da conferência.
Cipriano Cassamá recordou no seu discurso de abertura que a criação da Comissão Organizadora da Conferência Nacional, obedece justamente a ambição de fazer a família guineense falar a uma só voz, por isso o lema ‘Caminhos para Consolidação da Paz e Desenvolvimento’, é um anseio de todos os guineenses em ver eliminado definitivamente os fatores que concorrem para o aparecimento endêmico de conflitos nocivos às suas convivência e ao desenvolvimento da sociedade.
“O povo guineense já provou que, quando unido, consegue forjar empreendimentos espantosos, pelo que a resignação, o deixa andar, o conformismo e o alheamento que grassam a nossa população, sobretudo a camada juvenil, é sintomático da dimensão a que chegou a crise política e social no nosso país. Assistimos, para a nossa desgraça coletiva, que a Guiné-Bissau, outrora um país respeitado e admirado mundialmente pelos seus feitos, mas após mais de 40 anos da sua independência política não logrou concretizar as aspirações e os desígnios mais básicos que estiveram nos ideias daqueles que, ontem, deram a sua juventude e as suas vidas, em prol de uma Guiné-Bissau livre e independente”, espelhou Cassamá.
Explicou ainda que o simpósio que se inicia tem um duplo cunho de natureza avaliadora, por um lado e, por outro, sufragar os resultados obtidos e as propostas feitas pela Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Reconciliação, durante o seu percurso de quase uma década.
“Independentemente dos constrangimentos de várias naturezas, os resultados obtidos permitirão que se avalie a existência de condições objetivas para se avançar para a fase da realização da conferência nacional, cujo pressuposto principal é o comprometimento dos principais órgãos de soberania e de todas as forças que detém ou influenciam efetivamente o poder político no seu exercício”, adevertiu.
O Presidente da Comissão Organizadora da Conferencia Nacional de Reconciliação, Padre Domingos da Fonseca, explicou que a comissão tem como mandato e missão preparar a organização da conferência nacional capaz de delinear modelos, estratégias e mecanismos de implementação de um verdadeiro processo de reconciliação.
“Ao longo da sua história recente a Guiné-Bissau passou por vários ciclos de crises políticas, econômicas e sociais com muitos reflexos no seu percurso de desenvolvimento. Tendo variado essas crises de intensidade, algumas mais violentas do que outras e com duração diferente, mas a consciência de que nenhuma delas trouxe vantagens gerais, contrariamente às justificações que serviram para colocar o país em determinadas situações”, descreveu.
Por: Aguinaldo Ampa
OdemocrataGB
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