A empresa "Saluspharma Bissau", detida por três grupos farmacêuticos portugueses, mostrou-se preocupado com a demora do Estado da Guiné-Bissau no cumprimento do acordo rubricado em 2016, que permitiria a empresa importar, vender e distribuir medicamentos no país.Saluspharma foi uma das três empresas estrangeiras que participaram no concurso público organizado pelo Estado guineense, em 2016. Na sequência deste concurso, apenas a Saluspharma e a Guipharma apresentaram a melhor proposta e venceram o concurso, obtendo uma licença que as habilitou para importar medicamentos.
Embora foi concedida a licença, a empresa lamenta lentidão das autoridades em cumprir com a sua obrigação desde 2016, porque entende que o Estado Guineense nunca teve a capacidade de supervisionar e de regulamentar o sector de importação de medicamentos para a Guiné-Bissau".
A informação foi transmitida à Rádio Jovem pelo diretor geral da Saluspharma Bissau, David Peixoto, na qual revela que instituição informou actuais autoridades guineenses sobre a demora na efetivação do acordo.
"Nós temos mais de 30 ou 40 cartas enviadas a várias instituições, nomeadamente, à Procuradoria Geral da República (PGR), ao Ministério da Saúde Pública, ao Ministério do Comérc, à Prematura e no mês de julho fizemos chegar ao senhor Ministro da Saúde, António Deuna, a carta que tínhamos enviado ao anterior executivo, juntamente com a decisão do PRG, em aditamentos aos contratos pelo incumprimento da parte do nosso contrato com o Estado, mas até então não recebemos nenhuma resposta", explicou Peixoto.
Nesta entrevista concedida a nossa estação emissora, o responsável administrativo da empresa revela que, apesar terem vencido o concurso para o direito de exclusividade, o Ministério da Saúde Público continuou a emitir licenças de exportação às pessoas singulares e às empresas que não têm esse direito, e até a presente data , continuam a entrar pelos portos e Fronteiras Medicamentos alguns deles com
despachos legais .
David Peixoto revela que, devido à falta de engajamento e cumprimento de acordo rubricado, a Saluspharma já enviou uma carta ao Ministério da Saúde Pública, há mais de ano, a dizer que pretendia abandonar o país e fechar as portas da empresa, em Bissau caso não existisse cumprimento contratual .
"Nós conseguimos cumprir com a etapa do nosso investimento ou ter uma dimensão maior, quando todos os dias pensamos que não passaria, pelo menos, um único dia sem a instabilidade política ou falta de regulamentação. Por isso, é complicado mantermo-nos aqui, vendo o Ministério da Saúde a não supervisionar e ainda a não apoiar,não acreditamos!", notou
De acordo com diretor-geral Saluspharma , desde que a empresa começou a operar na Guiné-Bissau já foram emitidos cinco despachos oficiais um
deles despacho conjunto do Concelho de Ministros e ninguém conseguiu respeitar a tutela máxima do Ministério da Saúde Pública, sendo o próprios órgãos de fiscalização contradizem os despacho e diretrizes desses despachos .
Perante este cenário, David Peixoto frisou que quando não são respeitadas essas diretrizes os investidores na Guiné-Bissau ficam preocupados e começam a repensar nos seus planos estratégicos do investimento no país.
Apesar do silêncio do Estado guineense relativa ao cumprimento do acordo assinado na altura pelo então governo liderado pelo actual Presidente da República, Umaro Sissoco , David Peixoto revela que não pode abandonar a Guiné-Bissau só por causa da pandemia de covid-19, porque "a Saluspharma foi a primeira empresa que estava pronta e manifestou a sua disponibilidade em apoiar o executivo no combate à pandemia, desde que foi anunciado primeiro caso, em março deste ano, do Covid-19 no país".
"O único sinal de continuarmos no país é porque ainda eu estou em Bissau. Não abandonei a Guiné-Bissau por causa do novo Coronavírus. Foi a primeira empresa a apoiar o governo quando o covid-19 chegou ao país e fizemos a entrega de 32 mil e quinhentas máscaras e continuarmos a apoiar nos testes rápidos", e continuaremos a apoiar rematou o DG da Saluspharma .
Durante a entrevista, David Peixoto apresentou despachos oficiais emitidos pelos diferentes governos, na sequência do acordo rubricado e a decisão da Procuraria Geral de Republica, onde responsabiliza o Ministério da Saúde pelo sucedido.
Embora seja cidadão português, transmitiu aos jornalistas da Rádio Jovem e ao Jornal O Democrata que tem um carinho pessoal pela Guiné-Bissau e continua a acreditar no País .
Nesta longa entrevista, onde o responsável abordou vários assuntos ligados a sua empresa, David Peixoto revela que, desde 2015 que começou a operar na Guiné-Bissau, a empresa já doou mais noventa (90.000.000) milhões de francos CFA ao Estado Guineense e a várias Estrutura públicas e privadas .
David Peixoto revelou igualmente que a Saluspharma foi responsável pela maior parte da logística e operação que envolveu a compra de 26 TON ( 26) mil kilos de materiais médicos e de equipamentos sanitários para a Guiné-Bissau, no âmbito de combate à pandemia do covid-19, financiados pelo Banco Mundial (BM), promessa cumprida que iria trabalhar com os parceiros económicos da Guiné Bissau.
Informações disponíveis indicam que a Saluspharma não é uma simples estrutura de negócio de medicamentos, mas sim um grupo farmacêutico que detém 4 unidades de produção de medicamentos, dois centros de investigação, uma das maiores tradings da Europa e um dos únicos três laboratórios de certificação, em África, com sede em Cabo-Verde.
Por: Alison Cabral