segunda-feira, 23 de novembro de 2020

ONG guineense Tiniguena vai propor regulamento para utilização da floresta comunitária


A organização não-governamental (ONG) de defesa do ambiente e dos recursos naturais Tiniguena está a trabalhar para instituir um regulamento de utilização da floresta comunitária na Guiné-Bissau, disse hoje Pedro Quadé, um dos responsáveis da organização.

Coordenador do Projecto “Monitorização dos Recursos Naturais - Gestão Transparente, Recursos Sustentáveis”

Coordenador do Projecto “Monitorização dos Recursos Naturais - Gestão Transparente, Recursos Sustentáveis, Pedro Quadé assinalou estarem em curso trabalhos de auscultação às comunidades do interior da Guiné-Bissau "onde ainda existem bolsas florestais" sobre a criação de um regulamento.

"Porque pela constatação que fazemos no terreno, pelo diagnóstico feito, os sítios que podíamos considerar, tanto no norte, leste e no sul, como zonas de grandes concentrações de árvores, estão praticamente esgotados", notou Quadé.

A Tiniguena está a levar a cabo as consultas juntamente com técnicos da Direção-Geral da Floresta, destacou ainda Pedro Quadé, frisando que por aquilo que se constatou são as comunidades que têm impedido que "as poucas árvores que ainda lá existem sejam dizimadas".

"É preciso constituir o reservatório para o futuro com as matas que ainda existem", exortou o ambientalista, que admitiu ser complicada a questão da gestão florestal na Guiné-Bissau, sobretudo pela forma como o Estado lida com o assunto.

Pedro Quadé deu o exemplo de duas diretivas que o Governo emitiu sobre o abate de árvores nas florestas do país, para sublinhar que "não ajudaram a clarificar as coisas".

Segundo o ambientalista, a primeira moratória, de 2015 e que determinava ser proibido o abate de árvores madeireiras durante cinco anos, "não foi aplicada de forma correta", e a nova medida, de outubro passado, que anuncia um regime especial de cinco anos para o abate de certas espécies, deveria ser antecedida de outras diretrizes.

"Estávamos à espera de uma discussão ampla com a participação de organizações da sociedade para saber quais as novas diretivas para a nova moratória, não a revogação da moratória antiga", observou o dirigente da Tiniguena, uma das mais destacadas ONG guineenses da defesa e promoção da biodiversidade do país.

Pedro Quadé é da opinião de que uma discussão ampla de novas medidas poderia levar ao redimensionamento da moratória anterior e sugestões concretas para a proteção das espécies de árvores mais ameaçadas nas florestas guineenses, nomeadamente, o pau sangue, o pau conta e o bissilon.

Quadé afirmou que, ao contrário de tudo, aquelas espécies são as mais procuradas e atacadas atualmente pelos madeireiros.

O projecto conta com financiamento da delegação da União Europeia na Guiné-Bissau e está na segunda fase após ter feito o diagnóstico dos sectores da pesca, floresta e minas

Por Lusa

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