sexta-feira, 3 de março de 2023

Guerra? "Temos de admitir que podemos perder", confessa cineasta russo

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Notícias ao Minuto   03/03/23 

 O realizador apontou, também, não concordar com aqueles que consideram cegamente que a Rússia vencerá o conflito com a Ucrânia, uma vez que "não é correto" acreditar que as coisas "vão acontecer por elas próprias".

Karen Shakhnazarov, um conhecido cineasta russo, apontou, em declarações à televisão estatal daquele país, que a Rússia tem de admitir que poderá não sair vitoriosa na guerra com a Ucrânia.

Num vídeo partilhado por Francis Scarr, que monitoriza a televisão estatal russa para a BBC, Shakhnazarov admitiu que "é realmente uma situação que pode ter consequências muito sérias", complementando: "temos de admitir que podemos perder".

Confessou, também, não concordar com aqueles que consideram cegamente que a Rússia vencerá o conflito com a Ucrânia, uma vez que "não é correto" acreditar que as coisas "vão acontecer por elas próprias".

"Isso é fraqueza. Não é força, é fraqueza", reiterou.

Na sua ótica, é necessário "saber olhar a verdade nos olhos", o que passa por "encarar as forças e fraquezas".

"A nossa sociedade não está organizada para este tipo de guerra. Não está!", reiterou, apontando que se trata de "uma batalha com todo o Ocidente".

"Quem ganha? Disciplina e organização vencerão. […] isso não existe na nossa sociedade atualmente", atirou, apontando que a Rússia subestimou "a unidade do Ocidente".

Shakhnazarov foi mais longe, indicando que o Ocidente não se "desmoronará", ao contrário do discurso propagado na sociedade russa.

"Quando o Ocidente sentir que pode ganhar, vai tentar ganhar. E têm-no num nível inconsciente. Claro que temos de encarar [Volodymyr] Zelensky e a Ucrânia com seriedade. Ele é perigoso! Não é estúpido. É energético. Tem um grande papel nesta história. Não é só uma marioneta. Estamos a enganar-nos quando dizemos isso", lançou.

Shakhnazarov recordou que a sociedade russa parecia estável "três anos antes do fim da URSS" e, de um momento para o outro, verificou-se que, afinal, não o era.

"É uma situação perigosa, por isso, não podemos perder, em qualquer circunstância. Mas temos de nos organizar", rematou.

Por seu turno, Scarr comentou não ver "nada assim na televisão estatal russa desde a ofensiva ucraniana, no ano passado", na mesma publicação.

Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.101 civis desde o início da guerra e 13.479 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.


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