Foi justamente o que o PAIGC fez na Guiné-Bissau! Negou a instrução e apostou na politização da sociedade.
Hoje, predomina a insolência e a luta cega pelo poder político, instrumentalizado por uma fraca liderança daquele que devia ser o maior partido guineense, não só pela sua dimensão histórica como pela sua implantação social, consequência dos anos de domínio do aparelho do Estado.
A fraca liderança do PAIGC tentou catapultar o partido através de um novo fenómeno na sociedade guineense, tirando proveito dessa intencional falta de instrução da população, através da manipulação da informação virtual, radiofónica e televisiva, com a difusão, até à exaustão, de falsas notícias em jeito de informação jornalística, diabolizando todos aqueles que decidiram colocar-se do outro lado da disputa política, chegando ao ponto de praticar terrorismo difamatório aos seus familiares, apenas e só pela luta que devia ser na arena política para a conquista do poder...
Esse novo paradigma social guineense, introduzido na sociedade pelo atual líder do PAIGC, é reproduzido até à exaustão pelos seus fiéis “acólitos” deslumbrados com o impacto social da desinformação e de uma calúnia lançada de forma cirúrgica nas redes sociais ou nos órgãos da comunicação social.
Desde o período pós guerra civil de Junho de 1998, que não se via a sociedade guineense tão dividida e tão “inflamada” como nos dias hoje. Amigos, irmãos, primos e outros parentes deixaram de falar porque estão do lado diferente da luta pelo poder. As pessoas, amigos e familiares, chegam a conviver a volta de uma mesa de um café ou restaurante, de uma data festiva em casa de algum familiar ou amigo comum, para a seguir virarem as costas e insultarem-se e ofenderem-se mutuamente as honras familiares nas redes sociais, através de perfis falsos...
Esses perfis falsos tornaram-se no método que o PAIGC encontrou para intimidar todos aqueles que ousarem contrariar os seus propósitos e, sem dar conta, é um fenómeno em generalização e uma potente arma de destruição de laços familiares e de amizade...
Para além de outros factos, que não interessa neste texto em concreto, é pelo acima relatado, que considero o PAIGC e a sua atual fraca liderança, uma ameaça ao nobre caráter que caraterizava os guineenses como pacíficos, hospitaleiros, familiares, amigos dos seus amigos e respeitadores da hierarquia. Por esse novo paradigma introduzido na sociedade guineense pelo atual líder do PAIGC, aquilo que era o extensível espírito de “iermondade” aos amigos e vizinhos, que a gente do meu querido Bairro D’Ajuda ainda tenta preservar, está a desaparecer aos poucos entre nós guineenses, tudo porque usou-se e abusou-se do poder de informar e desinformar, antes de instruir.
Hoje, um candidato a Primeiro-ministro ofende, insulta e calúnia publicamente e sem qualquer pejo ou respeito o mais alto magistrado da nação, o que faz com que qualquer cidadão com mínimo de literacia ofenda e insulta publicamente e/ou nas redes sociais um ministro, o procurador-geral da república, um juiz, um advogado, um médico, etc, etc, sem que tenha qualquer consequência, porque não só têm esses exemplos negativos naqueles que deviam ser o exemplo social, como também é consequência da ineficiência e a mercantilização da justiça, também institucionalizada pela carência económica a que o país foi remetido pela asfixia administrativa, social e económica que o PAIGC impôs ao país na última legislatura, apenas e só por ter perdido o poder...
Hoje é, ilusoriamente, mais seguro navegar nos espaços virtuais com perfis falsos do que ter orgulho na sua própria identidade e na sua família. Quando se tem esse orgulho, muitos criam mais dois ou três perfis para poder descarregar a sua raiva e frustrações pessoais e políticas...
Há dias, dei comigo a pensar que a Guiné-Bissau deve ser o único país do mundo, com democracia representativa, em que o funcionamento do parlamento é bloqueado apenas e só porque um único homem foi destituído do seu cargo! Coisas nossas!
A história nos julgará a todos e todos ao seu tempo. Espero eu é que ainda vamos à tempo de um dia conseguirmos recuperar o espírito de “iermondade” entre familiares, amigos e vizinhos, que essa política pequena, mesquinha e nefasta está a destruir aos poucos...
Jorge Herbert
„Politizar sem primeiro instruir provoca a intervenção do mais grosseiro rosto dos desejos humanos. Aparece a cupidez e a insolência, e por aí adiante.“ — Agustina Bessa-Luís
Acho esse seu artigo um perfeito retrato do atual contexto sóciopolítico a q vivemos no País.
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