domingo, 4 de março de 2018
ATENÇÃO ENGENHEIRO DOMINGOS SIMÕES PEREIRA!
PAIGC está a ser alvo de uma das mais fortes ofensivas desde há independência Nacional. No fundo o que os poderes dominantes não toleram é a existência de um partido com identidade de classe própria – partido da classe operária e de todos os trabalhadores – com o objectivo de transformação da sociedade, com princípios de funcionamento que criam, simultaneamente, possibilidades de ampla participação dos militantes e consistência e solidez de intervenção, dependente apenas das suas próprias forças e, por isso, independente na definição da sua política, propostas e intervenção.
Um partido ainda mais necessário aos trabalhadores, ao povo e ao país no actual quadro de uma situação nacional e internacional difícil. É este partido que não toleram que exista, com a força e a influência que tem, independentemente de deficiências e insuficiências, tornando-o alvo de uma ofensiva fortíssima, com a contribuição destacada de alguns membros do Partido, que comandam uma acção fraccionista, procurando instrumentalizar preocupações de muitos Militantes e simpatizantes!
A coesão do Partido é um elemento fundamental sem o qual toda a intervenção e força do Partido é afectada e, por isso, é necessário abordar algumas questões que sobre ela se colocam.
O PAIGC tem princípios de funcionamento elaborados e assumidos democraticamente pelo colectivo partidário. Cada pessoa quando decide aderir ao Partido, acto livre e voluntário, assume um conjunto de direitos e deveres que, com os objectivos de luta, são um compromisso fundamental inerente à condição de membro do Partido.
A organização do Partido baseada no funcionamento decidido colectivamente faz a diferença entre um conjunto de indivíduos atomizados e dispersos e uma força organizada, composta por militantes com as suas opiniões próprias mas unidos na aplicação das orientações resultantes do apuramento colectivo e actuando segundo regras com que todos voluntariamente se comprometeram.
A organização e os princípios de funcionamento são pilares essenciais da força do Partido, elementos base para a sua intervenção, a sua ligação às massas, o alargamento da sua influência, mas também, e em primeiro lugar, como elementos agregadores dos militantes do Partido.
É natural que um membro do Partido que mudou o seu pensamento e em questões fundamentais se deixe de identificar com os objectivos, orientações e princípios do Partido possa entender sair do Partido, acto tão livre e voluntário como o da adesão. Como é natural que um membro do Partido, mantendo discordâncias em questões importantes, se mantenha no Partido, actuando no quadro dos Estatutos e do Programa, condição para ser membro do Partido.
O que não é partidária e eticamente aceitável é que membros do Partido rompam com compromissos fundamentais inerentes à qualidade de membro do Partido e persistam em promover, além de campanhas públicas para o denegrir, uma acção interna de desagregação da organização e do funcionamento partidários.
É isso que tem acontecido com a promoção de acções só possíveis com trabalho organizado em confronto com os princípios de funcionamento partidário, a definição de posicionamentos políticos próprios de grupo, a gestão de porta-vozes, o desenvolvimento de acções e iniciativas concertadas, à margem das orientações e dos métodos de funcionamento partidário, voltadas para o interior e o exterior do Partido.
Há mesmo quem, tendo-se objectivamente colocado fora do Partido, continue a evocar a qualidade de membro do Partido não porque esteja preocupado com o reforço do PAIGC como é elementar para quem adere a um projecto colectivo e nele se quer manter, mas porque entende que a sua continuação como membro do Partido, actuando como se já não o fosse, constitui a melhor forma de o prejudicar e debilitar.
Tais actuações só podem contribuir para enfraquecer o Partido e representam uma efectiva ruptura e auto-exclusão dos deveres, dos laços de lealdade, fraternidade e solidariedade devidos ao Partido e a todos os seus membros.
Uma coisa é o direito de opinião de cada membro do Partido, no respeito pela opinião dos outros e do funcionamento democrático do Partido, direito que deve ser estimulado e assegurado, como todos os direitos e deveres dos membros do Partido no âmbito da democracia interna. Outra coisa é um género de direito à promoção da desagregação do Partido que alguns promotores do processo em curso querem garantir para si próprios ao mesmo tempo que pretendem que o Partido se resigne a tal caminho. Não é aceitável.
O caminho para o fortalecimento do PAIGC, partindo da força que tem, vencendo atrasos e insuficiências, privilegiando sempre o debate das ideias, passa necessariamente pela afirmação dos seus princípios de funcionamento e pela reprovação e ultrapassagem das práticas que os atropelam. Não pode fortalecer-se um partido que se deixe desgastar por uma continuada acção antidemocrática de arrogante afronta ao colectivo partidário e aos princípios de funcionamento que democraticamente decidiu.
A batalha política e ideológica pela coesão do Partido é assim um elemento fundamental para o seu fortalecimento, inseparável da definição e realização do movimento geral de reforço da organização partidária, aos vários níveis, concretizando as orientações do Nono Congresso que a situação impõe.
Esta acção geral de reforço do Partido passa por várias linhas de trabalho entre as quais se incluem: a adopção de medidas de direcção, de quadros e financeiras; a realização de Assembleias das Organizações, nomeadamente das organizações de base; a passagem a uma nova fase na acção do Partido junto da classe empresarial e dos trabalhadores, associando este trabalho à intervenção e mobilização em torno dos problemas decorrentes da situação social e da política do governo da esquerda e iniciando a preparação do Encontro Nacional do PAIGC sobre a problemática da acção do Partido para com o seus militantes e simpatizantes o desenvolvimento da nossa acção junto da juventude e estabelecimento de planos de trabalho para a acção junto dos intelectuais e dos quadros técnicos, a intensificação da acção de recrutamento, para o Partido, dando seguimento à campanha de recrutamento, cujos resultados mostram que é possível trazer muitos mais membros ao Partido, designadamente jovens e ao mesmo tempo promover a sua integração e responsabilização; a responsabilização de quadros aos vários níveis, dando particular atenção à chamada de jovens a novas responsabilidades; a aceleração da acção de esclarecimento da situação dos membros do Partido, encontrando formas diversificadas de integração, participação, contacto e informação; a associação das várias linhas de reforço da organização partidária a um estilo de trabalho que centre a atenção das organizações na análise e intervenção sobre os problemas dos trabalhadores, das populações, das áreas em que actuam.
Só assim podemos garantir uma reaproximação construtivo e estável do PAIGC ao seu povo!
Fonte: PAIGC De imortal Amílcar Lopes Cabral
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