Foto ilustrativa: Praça central no Huambo |
Adulai Seidi diz que se sente envergonhado se fala na classe política do seu país, que provou ser incapaz de pôr termo à atual crise. O comerciante, que trocou a Guiné-Bissau por Angola há 14 anos, diz que a situação que o país vive é resultado da ambição dos dirigentes políticos que querem o poder político a todo o custo, sem cumprir as regras democráticas instituídas: "Na Guiné Bissau há três políticos: o que está no poder e não quer sair do poder; o que saiu do poder e quer voltar ao poder, mas não tem maneira de voltar; e o que quer o poder e não tem forma de ter o poder. E estas três pessoas estão a complicar a Guiné-Bissau."
Direito à estabilidade
Adulai Seidi refere-se aos protagonistas da crise guineense, o Presidente José Mário Vaz, o presidente do principal partido – Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) -, Domingos Simões Pereira e o primeiro-ministro, Umaro Sissoco Embaló.
Muitos guineenses procuram por uma vida melhor em Angola |
Abandonados pela Guiné
A crise na Guiné-Bissau está afetar negativamente a vida dos guineenses em Angola. O país não dispõe, neste momento, de uma representação diplomática em Luanda. Os guineenses aqui residentes dizem-se abandonados pelas autoridades do seu país, como afirma Braima Isow:
"Estamos a viver muito mal. Imagine que o seu passaporte caduca. Não tem como renová-lo, por que não temos uma embaixada aqui. "Para tratar de qualquer assunto com as autoridades, é necessário regressar à Guiné, com tudo o que isso acarreta de custos e tempo. Btaima Isow explica: "Tudo isso deixa-nos insatisfeitos."
Emigração prejudica a Guiné-Bissau
A instabilidade política guineense leva muitos quadros a abandonar o país em busca de melhores condições de vida. O emigrante Braima Dembo acha que essas saídas prejudicam a Guiné-Bissau, porque esses cidadãos poderiam contribuir para o desenvolvimento do país se houvesse estabilidade no seu país: "A Guiné-Bissau não é um país pobre. Mas hoje a população está muito pobre por causa da instabilidade política," diz Dembo e acrescenta: "É por isso, que muitos cidadãos, muitos jovens, já não podem viver na Guiné: por falta de emprego. Não há nada".
Em Angola vive uma comunidade guineense significativa, composta, sobretudo, por comerciantes, estudantes e docentes universitários. O rosto mais visível da comunidade era a jornalista Ana Emília Pereira, mais conhecida por Milocas Pereira. A jornalista desapareceu há mais de quatro anos. As autoridades angolanas continuam a não ter qualquer pista sobre o seu paradeiro. A família acredita que na origem do desaparecimento estão motivações políticas. Milocas Pereira era convidada com frequência pela imprensa angolana para comentar as sucessivas crises político-militares na Guiné-Bissau.
DW
Sem comentários:
Enviar um comentário