segunda-feira, 1 de julho de 2024

Mais soldados e uma ameaça nuclear. Tensão cresce na fronteira com a Bielorrússia, Ucrânia fala em "operação de informação"

Baterias de mísseis Iskander (AP)

Por  Cnnportugal.iol.pt  01/07/2024
Minsk acusa Ucrânia de colocar mais soldados na zona. Em paralelo denunciou uma ação de um drone ucraniano e encontrou engenhos explosivos. Kiev nega tudo

A Bielorrússia destacou soldados, a Rússia está preocupada e a Ucrânia nega tudo, falando numa “operação de informação” que chega de Minsk.

Está a subir de tom a tensão na fronteira entre a Bielorrússia e a Ucrânia, depois de as autoridades bielorrussas terem vindo anunciar um reforço militar daquela zona, justificando isso mesmo com um incidente de segurança.

Foi o que motivou Alexander Lukashenko a ordenar o destacamento de toda uma divisão de sistemas de lançamento de rockets, naquilo que o Ministério da Defesa apelidou de testes à prontidão de combate.

A motivação, sempre segundo a Bielorrússia, foi a entrada de um drone ucraniano em território bielorrusso. O aparelho acabou abatido, mas Minsk garante que estava ali para tentar recolher informações sobre as infraestruturas fronteiriças do país.

“Os soldados equiparam-se e camuflaram-se em localizações militares nas zonas definidas e continuam a desempenhar as funções que lhes foram atribuídas”, pode ler-se no comunicado do ministério bielorrusso, que se fez acompanhar de imagens dos sistemas de mísseis a serem colocados na região.

Antes disso os serviços de fronteira da Bielorrússia tinham também encontrado material para fabrico de bombas caseiras na mesma zona, acusando um grupo de russos pró-Ucrânia de estar a preparar operações naquela zona.

Mas as acusações da Bielorrússia subiram de tom. Já durante o fim de semana surgiu a alegação de que a Ucrânia estaria mesmo a mobilizar soldados para aquela zona, falando em “sabotagem” e “atos terroristas” por parte dos ucranianos.

“A situação na fronteira entre Bielorrússia e Ucrânia é caraterizada por uma crescente tensão”, afirmou mesmo o coronel Vadim Lukashevich, um dos responsáveis mais altos do exército, em declarações reproduzidas pela agência Belta, onde acusou Kiev de “tentar arrastar” o país para a guerra.

Mais graves foram as declarações de um superior seu. O chefe das Forças Armadas da Bielorrússia, Pavel Muraveiko, ameaçou com a utilização de armas nucleares táticas caso a soberania e a independência do país esteja em causa. Recorde-se que Minsk não dispõe de armas nucleares, mas a Rússia destacou uma série de ogivas para o país, o que o coloca com essa capacidade neste momento.

"Aprendemos como lidar com estas armas. Sabemos como as aplicar com confiança. Estamos aptos para o fazer. E podem ter a certeza: iremos fazê-lo caso a soberania e independência do país sejam ameaçadas", afirmou.

Indefetível aliado da Bielorrússia, talvez o único até, a Rússia já veio mostrar “preocupação”. Foi essa a expressão utilizada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Já do lado ucraniano tudo calmo. O que se passa é apenas uma “operação de informação” levada a cabo pela Bielorrússia com o apoio de Moscovo.

“Não é a primeira vez que a Bielorrússia oferece informação sobre ameaças e reforço ucraniano. Esta é mais uma parte da operação de informação conduzida pela Bielorrússia com o apoio da Rússia”, afirmou na televisão nacional o porta-voz da guarda fronteiriça, Andriy Demchenko.

O mesmo responsável admitiu, ainda assim, que a situação no local continua “ameaçadora”, assumindo que há um número “necessário” de soldados ucranianos na fronteira.

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