quinta-feira, 3 de novembro de 2022

UNCTAD: ONU defende "transformação estrutural verde" para os países mais pobres

© Reuters

Por LUSA  03/11/22 

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) considerou hoje que os países menos desenvolvidos precisam de fazer uma "transformação estrutural verde" para reduzir a pobreza e fomentar o crescimento das economias.

"É preciso uma transformação estrutural verde para reduzir a pobreza nos países menos desenvolvidos [LDC, na sigla em inglês] para melhorar a sua resiliência e gerir, adaptar e responder melhor aos riscos climáticos", lê-se no relatório sobre os Países Menos Desenvolvidos 2022.

As transformações estruturais querem dizer "uma transição das economias de baixa produtividade e produção de mão de obra intensiva, para atividades económicas de alto valor acrescentado e maior produtividade", salienta a UNCTAD.

O relatório, que incide sobre os LDC, que incluem todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), com exceção de Cabo Verde e Guiné Equatorial, surge dias antes da 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP), que se realiza este ano em Sharm El Sheik, no Egito.

O documento desta agência das Nações Unidas diz que os LDC, "que já são marginalizados no comércio global, enfrentam agora piores condições por causa das políticas ambientais dos seus parceiros comerciais", mais focados nas energias renováveis do que nos combustíveis fósseis.

"A UNCTAD exorta a comunidade internacional para considerar os interesses destes países e evitar medidas políticas que limitem o espaço orçamental destes países e aumenta a probabilidade de nascerem 'paraísos poluentes' entre eles", à semelhança dos 'paraísos fiscais'.

Para além disso, os peritos das Nações Unidas defendem também um "reinício" do financiamento climático e do apoio internacional, lamentando que os países mais desenvolvidos nunca tenham cumprido a promessa de financiar a adaptação climática em 100 mil milhões de dólares por ano para os países mais desfavorecidos até 2020.

No documento, defende-se ainda a adoção, pelos LDC, de políticas industriais verdes que acelerem a transição de indústrias intensivas em carbono para indústrias de baixo carbono, o que implica a promoção da adoção de tecnologias verdes e inovação, para além da criação de um ambiente que leve a melhor inovação e a uma melhoria tecnológica.

Para isso, concluem, são necessárias "política industriais verdes que incluam medidas para expandir o desenvolvimento do empreendedorismo local, aumento das qualificações científicas, tecnológicas e de inovação, para além de aumentar as capacidades produtivas e promoção da investigação e desenvolvimento".


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