© REUTERS/Jonathan ErnstNotícias ao Minuto 20/06/23
O presidente russo confirmou, no final da semana passada, a transferências das primeiras armas nucleares táticas para a Bielorrússia, garantindo que "até ao final do ano, teremos concluído completamente este trabalho ".
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a ameaça do presidente russo, Vladimir Putin, de usar armas nucleares táticas é "real", dias depois de denunciar a implantação de tais armas na Bielorrússia, revelou a agência Reuters.
O presidente norte-americano afirmou, no sábado, que o anúncio de Biden de que havia implantado as suas primeiras armas nucleares táticas na Bielorrússia foi "absolutamente irresponsável".
"Quando eu estava aqui, há cerca de dois anos a dizer que estava preocupado com a seca do rio Colorado, toda a gente olhou para mim como se fosse louco. Olharam para mim da mesma forma quando eu disse que me preocupo com o risco de Putin usar armas nucleares táticas. É real", terá dito Biden, na Califórnia, esta segunda-feira.
Na semana passada, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, deu conta de que o seu país já começou a receber as armas nucleares táticas anteriormente prometidas por Moscovo.
"Temos já mísseis e bombas que recebemos da Rússia", confirmou em entrevista à televisão estatal russa, aqui citadas pela Sky News. Nesse momento, o líder bielorrusso afirmou ainda que algumas destas armas são três vezes mais potentes do que as bombas atómicas que os Estados Unidos lançaram sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945.
Entretanto, na sexta-feira, Putin confirmou a transferências das primeiras armas nucleares táticas para a Bielorrússia, numa intervenção no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, garantindo que "até ao final do verão, até ao final do ano, teremos concluído completamente este trabalho".
De recordar que a transferência de armas nucleares táticas russas para o país vizinho foi anunciada em março por Putin e pelo homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Estas primeiras entregas parecem ter sido aceleradas, depois de Putin ter afirmado, há uma semana, que o destacamento teria lugar em julho, segundo a AFP.
Putin disse que se trata de uma medida de dissuasão para "aqueles que estão a pensar em infligir uma derrota estratégica à Rússia".
Reiterou que as armas nucleares só podem ser utilizadas pela Rússia se houver uma ameaça à integridade territorial, à independência, à soberania e à existência do Estado russo.
"As armas nucleares foram criadas para garantir a segurança e a existência do Estado russo. Mas não há necessidade" de recorrer a elas, disse, segundo a agência espanhola EFE.
Putin considerou que todos os debates em torno desta possibilidade "baixam o limiar para a utilização destas armas".
A Rússia tem "mais armas do que os países ocidentais" e é por isso que querem "forçar-nos a começar a discutir" a sua eventual utilização, disse.
"De maneira nenhuma", afirmou, ao mesmo tempo que destacou que o facto de a Rússia ter superioridade em armas nucleares "é uma vantagem competitiva" para o país.
Em 25 de março, Putin anunciou que Moscovo iria instalar armas nucleares táticas na Bielorrússia, um país vizinho da União Europeia (UE), alimentando o receio de uma escalada do conflito na Ucrânia.
O anúncio suscitou críticas da comunidade internacional, em especial do Ocidente, dado que Putin tem levantado a possibilidade de usar armas nucleares desde que mandou invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
As chamadas armas nucleares táticas podem causar danos imensos, mas a capacidade de destruição é mais limitada do que o das armas nucleares estratégicas.