domingo, 18 de junho de 2023

MALI: Referendo à nova Constituição no Mali? Resultados conhecidos 4.ª-feira

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POR  LUSA    18/06/23 

As ameaças de grupos armados e divergências políticas impediram hoje a realização, nas regiões do norte e centro do Mali, do referendo à nova Constituição, cujos resultados deverão ser conhecidos dentro de 72 horas.

Cerca de 8,4 milhões de malianos foram chamados a pronunciar-se sobre o texto da nova Constituição, apresentado pela junta militar no poder desde 2020, e que prevê um reforço dos poderes do Presidente da República, mantém a autoridade do Tribunal Constitucional sobre os processos eleitorais e continua a definir o Mali como um estado centralizado.

Os resultados da consulta, que foi muito participada na capital Bamako, são esperados dentro de 72 horas, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

As urnas encerraram pelas 18:00 (hora local e GMT) e o chefe da junta militar, o coronel Assimi Goïta, foi dos primeiros a votar em Kati, perto de Bamako, logo ao início da manhã.

"Estou convencido de que este referendo abrirá o caminho para um novo Mali, um Mali forte, um Mali eficiente, um Mali ao serviço do bem-estar do seu povo", disse.

Informações provenientes do resto do país indicam que, tal como previsto, os grupos armados do norte bloquearam o referendo na cidade estratégica de Kidal e na região circundante.

Os antigos movimentos rebeldes, signatários de uma paz frágil com as autoridades de Bamako, recusaram-se a permitir a entrega de material eleitoral, adiantando que não identificam no texto em consulta o acordo que assinaram em 2015.

Na região de Ménaka (nordeste), que está a ser atacada pela organização Estado Islâmico há meses, as operações foram limitadas à capital regional, de acordo com os representantes eleitos.

Um consórcio de observadores da sociedade civil, MODELE, apoiado pela União Europeia, indicou num comunicado de imprensa que mais de 80 assembleias de voto na região central de Mopti, um dos focos da violência que assola o Mali desde 2012, estavam "inoperacionais devido à insegurança".

O mesmo comunicado deu conta da transferência de várias assembleias de voto para a cidade de Bankass e sem avançar mais detalhes referiu um "ataque terrorista" que perturbou a votação em Bodio, também no centro do país.

O novo texto constitucional é rejeitado pelos movimentos políticos e militares tuaregues, que reclamam autonomia territorial, e também pelos imãs do Mali, que contestam o laicismo do Estado, previsto no texto.

O líder da junta militar no poder no Mali, Assimi Goïta, que chegou ao poder em 2020 após um golpe de Estado, enfrenta, na prática, o primeiro teste eleitoral, quando os malianos responderem "sim" ou "não" à nova Constituição que propõe.

Ao chegar ao poder, Assimi Goïta foi empossado como presidente para um período de transição, que deverá terminar no início de 2024 com eleições, as quais devolverão o poder a civis.


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