© Seyllou/AFP via Getty Images
POR LUSA 20/07/23
Um barco que transportava migrantes foi encontrado em perigo ao largo da costa do Senegal, e mais de 90 passageiros continuam desaparecidos, depois de 50 terem sido resgatados e sete encontrados mortos, informou quarta-feira uma associação de pescadores.
O barco foi localizado no alto mar na passada sexta-feira, ao largo da costa da cidade piscatória senegalesa de Saint-Louis, na fronteira do norte do país com a Mauritânia, de acordo com Abdou Ndiaga Beye, vice-secretário de uma associação local de pescadores, Conselho de Pesca Artesanal.
Os mortos eram todos do sexo masculino, e a polícia questionou os sobreviventes resgatados pela guarda costeira do Senegal, que fez saber que a embarcação transportava 148 pessoas, afirmou Beye em declarações à Associated Press (AP).
Não ficou claro se a embarcação era um dos três barcos que transportavam um total de 300 pessoas que, segundo o grupo de ajuda espanhol Walking Borders, desapareceram no final de junho, depois de partirem do Senegal.
Alguns dos sobreviventes eram, no entanto, das duas cidades onde os três barcos iniciaram as respetivas viagens.
A Walking Borders anunciou no início da semana que os três barcos que deixaram o Senegal no final de junho eram provenientes de Mbour, uma cidade costeira no centro do país, e da cidade de Kafountine, no sul do país.
O Conselho de Pesca Artesanal afirmou também que todos migrantes que seguiam num barco resgatado na semana passada eram senegaleses e incluíam pessoas de Mbour e Kafountine.
O ministério senegalês das Relações Exteriores afirmou, porém, num comunicado divulgado na passada terça-feira, que as informações do grupo de ajuda espanhol sobre migrantes desaparecidos são completamente infundadas.
Segundo a Walking Borders, 260 senegaleses foram resgatados no mar pelas autoridades marroquinas entre 28 de junho e 9 de julho e, posteriormente, levados para instalações junto ao consulado do Senegal em Dakhla, uma cidade do Sara Ocidental, de onde serão repatriados.
As novas informações passada pelo Conselho de Pesca Artesanal esta quarta-feira surgem numa altura em que um número crescente de embarcações de migrantes está a deixar o Senegal rumo às Ilhas Canárias, em Espanha.
No início desta semana, as autoridades espanholas resgataram 86 pessoas de um barco perto das Canárias, aparentemente proveniente do Senegal.
Pelo menos 19 embarcações do Senegal chegaram às Canárias desde junho, segundo o Walking Borders.
A rota migratória atlântica é uma das mais mortais do mundo. Cerca de 800 pessoas morreram ou desapareceram no primeiro semestre de 2023, de acordo com a organização espanhola.
Nos últimos anos, as Ilhas Canárias tornaram-se um dos principais destinos para migrantes que tentam chegar a Espanha, tendo sido registado um pico de mais de 23.000 pessoas em 2020, de acordo com o ministério espanhol do Interior. Nos primeiros seis meses deste ano, mais de 7.000 migrantes e refugiados chegaram às Canárias.
Economias em dificuldades, falta de emprego, violência extremista, agitação política e o impacto das alterações climáticas estão entre fatores que levam os migrantes a arriscar a vida em barcos sobrelotados para chegar às Canárias.