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A Polícia Judiciária desmantelou uma rede de falsificação de certificados e de emissão de cartões de vacina contra a Covid-19 para as pessoas que nunca foram vacinadas e deteve na terça-feira, 11 de janeiro de 2022, dois suspeitos considerados elementos chave da rede entre angariadores de clientes e falsificadores.
O grupo, que era liderado por um cidadão nigeriano que, entretanto, faleceu há quatro meses, operava também na reutilização de selos que eram reaproveitados para emissão de certificados falsificados com médias altas suspeitas de 19, 18, 17 e 16 valores, atribuídas a pessoas que talvez nunca tenham passado pelo sistema de ensino.
A Polícia Judiciária apreendeu, na mesma operação que durou seis meses a ser montada, centenas de certificados dos Liceus públicos Samora Moises Machel, Kwame Nkrumah, Luís Fona Tchuda de Gabu, Drº Agostinho Neto e João XXIII. Os suspeitos operavam no bairro de Bandim, em Bissau.
Os dois suspeitos, que lideravam agora a rede em conluio com os angariadores de clientes e falsificadores, já se encontram detidos e aguardam que o processo seja encaminhado para o Ministério Público.
Depois de apresentação, o diretor Nacional Adjunto da Polícia Judiciária, Domingos Monteiro Correia, disse que essa prática coloca em causa a credibilidade dos documentos da Guiné-Bissau, sobretudo os certificados das diferentes escolas públicas.
O diretor Nacional Adjunto da Polícia Judiciária defendeu que é preciso que as escolas públicas adotem outro padrão de segurança para garantir que os certificados emitidos por essas entidades escolares não sejam falsificados facilmente.
“Atribuir a uma pessoa que não passou por um processo normal de ensino uma média que lhe permita concorrer, por exemplo, a uma faculdade de medicina é preocupante, porque não só põe em causa o espírito de competitividade como também terá consequências no futuro”, sublinhou.
Perante estes fatos, Domingos Monteiro Correia anunciou que a PJ vai colocar o acento tónico na prevenção, tendo apelado ao setor público, às entidades administrativas e políticas a trabalharem mais na regulamentação necessária da emissão de certificados, bem como na padronização de métodos mais seguros e credíveis, para poder responsabilizar criminalmente indivíduos que tentam pôr em causa a documentação nacional.
Questionado sobre eventual envolvimento de alguns técnicos do Ministério da Educação Nacional na rede, o diretor adjunto Nacional da Polícia Judiciária disse não ter informações precisas, mas diz esperar que a investigação em curso venha a determinar quem são os outros implicados, sobretudo na componente de reconhecimento e autenticação de certificados.
“A PJ já tem informações que indicam que boa parte das autenticações vem de fora do ministério, mas com imitações a padrões de autenticação oficiais, daí talvez a necessidade de reforçar mais a segurança”, salientou.
Por: Filomeno Sambú
Foto: F.S