segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Sem patrocínio oficial: CARNAVAL 2017 REALIZA-SE COM RECURSOS DISPONIBILIZADOS PELO GOVERNO DE ÚMARO SISSOCO

O diretor-geral da Cultura, João Cornélio, disse numa entrevista ao semanário ‘O Democrata’ que a semelhança do ano passado os patrocinadores não estão disponíveis para financiar a realização do Carnaval 2017, pelo que a comissão prosseguirá para a organização daquele que é considerada a maior festa cultural da Guiné-Bissau com os recursos disponibilizados pelo executivo liderado por General Úmaro El Mokhtar Sissoco Embaló.

Este responsável da cultura informou durante a entrevista que a comissão definiu um orçamento de 217 milhões de francos CFA [trezentos e trinta mil euros] para cobrir toda a despesa do Carnaval, mas até no momento da entrevista o executivo não mostrou uma disponibilidade clara de assumir integralmente o orçamento. E avançou ainda que a comissão trabalhará com os meios disponíveis, ou seja, fará o ‘omelete com os ovos disponíveis’.

Assegurou ainda que o lema escolhido para o Carnaval é a ‘Cultura como factor de inserção social e económico’, tendo explicado neste particular que o lema escolhido é no sentido de juntar toda agente como irmãos e sem exceção de ninguém, como também considerar aquele evento cultural como uma fonte de receita que contribua com uma soma importante para economia do país.

Segundo João Cornélio, a soma que a comissão solicitou ao Governo tinha a ver com a dimensão que se pretendia dar ao Carnaval 2017, por isso era definido o montante de 217 milhões de francos cfa´s como orçamento geral. Apesar de falta de verba para cumprir os primeiros planos da comissão, o João Cornélio não desarma e garantiu que o evento terá lugar na data marcada e será feito com os recursos financeiros disponibilizados.

“Queríamos fazer um Carnaval com grande dimensão sub-regional, porque já mereceu ir mais para além da nossa fronteira e razão pela qual fizemos esse orçamento. O Governo é quem tem o direito de promover, proteger e preservar todos os valores culturais da Guiné-Bissau e não só, como também de desenvolver ações concretas para a divulgação da cultura nacional”, disse.

Informou que nesta altura as subcomissões deveriam ser empossadas e estar no terreno para prosseguir com os trabalhos, mas tendo em conta a falta de disponibilidade financeira não conseguirão fazer os trabalhos projectados.

Cornélio reconhece a dificuldade do país bem como a indisponibilidade das duas grandes empresas de telecomunicações que patrocina o carnaval, dado que todos eles, apoiaram a participação da seleção nacional ‘Djurtos’ nos jogos do Campeonato Africano das Nações com uma soma considerável. Contou que para já os patrocinadores tradicionais do Carnaval, a Orange Bissau e MTN informaram que não estão disponíveis para patrocinar o carnaval por causa das dificuldades.

Interrogado sobre os rumores que indicam que não haverá o desfile nacional por falta de dinheiro para premiar os participantes, considera de falsa as referidas informações, tendo garantido que haverá desfile nacional e regional bem como prémio para os vencedores, cujo valor será definido pela Comissão Nacional.

Relativamente a indisponibilidade de patrocinadores tradicionais que leva algumas vozes avançar que o Carnaval 2017 corre sérios riscos de ser realizado, o diretor-geral da Cultura disse que no ano passado os referidos patrocinadores não puseram nenhum franco para a realização do carnaval e, foi o executivo guineense que custeou o evento com uma soma de 150 milhões de francos CFA.

“A comissão no ano passado trabalhou apenas com o dinheiro concedido pelo governo, portanto esperamos que o atual executivo assume a responsabilidade de financiar na íntegra o orçamento do carnaval estimado em mais de 217 milhões de francos CFA”, referiu.

Solicitado a justificar o orçamento de 217 milhões de francos cfa submetidos ao executivo, uma vez que as premiações não chegam nem dez milhões de francos cfa para o vencedor, João Cornélio disse que as premiações ultrapassam dez milhões, porque segundo a sua explicação, o “prémio definido para o vencedor do grupo é de nove milhões de francos cfa para este ano, de acordo com os planos definidos”.

“É normal questionar-se os custos, mas se estarmos dentro passaremos a saber que há muitas despesas que a comissão paga. Pagamos a premiação a nível dos Grupos, das Rainhas, das Máscaras. Também pagamos as despesas do Carnaval Infantil, bem como os custos do Carnaval regional que se estima em cerca de 60 milhões de francos cfa para a premiação e logística”, justificou o director-geral da Cultura, que entretanto, avançou ainda que o orçamento não serve apenas para pagar as premiações, mas sim cobrir todas as despesas das actividades agendadas, sobretudo a própria logística dos grupos desde a deslocação de vinda e regresso dos mesmos e o custo de alimentação dos grupos.

João Cornélio assegurou que para além de evento do Carnaval, a comissão pretende levar a cabo várias acções de promoção da cultura nacional, como também a promoção dos produtos produzidos localmente. Acrescentou neste particular que a comissão vai trabalhar juntamente com as Organizações Não Governamentais que trabalham na transformação dos produtos locais para a exposição dos seus produtos no período do Carnaval.

“Vamos fazer uma ‘Feira Cultural’ onde vai entrar desde artistas plásticas, artesanatos, pessoas que fazem ‘Pano di Pinti’ e mais outras coisas, porque é verdade que não podemos limitar o carnaval só no desfile. Essas atividades todas agendadas é um dos componentes culturais, portanto esta é a inovações que implementaremos nas atividades programadas para o Carnaval deste ano. Estamos a discutir neste momento com as organizações e entidades que selecionados, mas também vamos contar com a participação de associação de alfaiates que durante o carnaval fazem produções com tecidos cores de bandeira nacional”, contou o responsável da cultura, que entretanto, reconhece que as autoridades sempre resolvem problemas nas últimas horas, por isso irão avançar com os trabalhos programados.

GESTÃO DAS “BARRACAS”

Sobre o diferendo entre a Câmara Municipal de Bissau e a Comissão organizadora do Carnaval em relação a distribuição dos ‘Quiosques – Barracas’, João Cornélio explicou que o Carnaval é um evento cultural e quem tem a competência de assumir a sua realização é a direção-geral da Cultura, sob a orientação do Ministério da Cultura e de Desportos.

“Para a realização do carnaval é criado uma Comissão, portanto a Câmara não tem nada na realização do Carnaval, mas sim pode fazer parte como uma instituição parceira, aliás, como fazem parte várias instituições do país. A Câmara assumiu a cobrança de ‘Quiosques’ que anteriormente era feita pela comissão aqui em colaboração com a Câmara. A receita recolhida na base de concessão de espaço para quiosques é partilhada com a Câmara atualmente, dado que alega que há muitos lixos. A comissão fica atualmente com 60 por cento e a Câmara 40 por cento. Lembro que o defunto presidente da Câmara, Armando Napoco negava esse dinheiro, alegando que era a obrigação da sua instituição apoiar os bairros que participavam no carnaval e o Artur Sanhá, também apoiava a comissão”, esclareceu.

Frisou ainda que algumas instituições podem decidir cobrar o serviço prestado durante o carnaval a semelhança da Câmara, mas decidiram fazer o trabalho sem pedir nada e apenas a comissão é que tomou a diligência de subsidiar os elementos das forças de ordem que garantem a segurança durante a noite nos quiosques. 

Por: Assana Sambú
OdemocrataGB

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