Em resposta à presença do Grupo Wagner e de armas nucleares tácticas na Bielorrússia, a Polónia quer responder à letra. O major-general Arnaut Moreira acredita que estamos a entrar numa altura perigosa deste conflito.
Tvi.iol.ptsexta-feira, 30 de junho de 2023
"Estamos a entrar numa zona particularmente perigosa" com a Polónia a querer armas nucleares no seu território
Presidente da República na reza de sexta-feira com o corpo de segurança e alguns funcionários da presidência.
Pelo menos 48 mortos em acidente rodoviário no Quénia
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Notícias ao Minuto 30/06/23
A Cruz Vermelha do Quénia informou que o camião abalroou mais de seis veículos e atropelou vários peões. Mais de 20 vítimas foram levadas para hospitais locais.
Pelo menos 48 pessoas morreram num acidente rodoviário em Londiani, na zona oeste do Quénia, na noite desta sexta-feira, quando um camião que transportava um contentor saiu da estrada onde seguia e embateu em vários veículos, segundo a polícia e testemunhas citadas pela Reuters.
Imagens que estão a ser difundidas na televisão mostram os destroços resultantes do acidente, que causou danos em veículos ligeiros, motociclos e vários camiões.
No mais recente balanço sobre a ocorrência, o comandante da polícia regional, Tom Odera, deu conta de que foram contabilizados 48 mortos.
"Vi um reboque em excesso de velocidade em sentido contrário. Desviei-me e evitei bater de frente com ele. A pessoa que estava atrás de mim pensou que eu queria comprar alguma coisa. Ele ultrapassou-me e foi aí que foi atingido. O reboque saiu da estrada e embateu noutros veículos", relatou Peter Otieno, um condutor que presenciou o incidente.
E acrescentou: "Vi cerca de 20 corpos com os meus próprios olhos. Havia outros corpos debaixo do veículo".
A Cruz Vermelha do Quénia informou que o camião abalroou mais de seis veículos e atropelou vários peões. Mais de 20 vítimas foram levadas para hospitais locais, segundo a fonte aqui citada.
O presidente do Quénia, William Ruto, também já reagiu ao incidente, através de uma publicação na rede social Twitter. "O país está de luto com as famílias que perderam entes queridos num terrível acidente rodoviário em Londiani", escreveu.
O chefe de Estado apontou ainda ser "angustiante que algumas das vítimas mortais sejam jovens com um futuro promissor e empresários que estavam a fazer as suas tarefas diárias".
O acidente é um dos mais mortíferos nas estradas do Quénia nos últimos anos. No ano passado, 34 pessoas também morreram no centro do Quénia, quando um autocarro se desviou de uma ponte e caiu no vale de um rio.
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Austrália autoriza uso médico de 'ecstasy' e de cogumelos alucinogénicos
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POR LUSA 30/06/23
A Austrália torna-se este sábado um dos primeiros países do mundo a autorizar o ecstasy e os cogumelos alucinogénicos para fins médicos, na esperança de combater determinadas patologias mentais.
Apartir de 01 de julho os psiquiatras poderão prescrever estas substâncias, conhecidas pela designação de MDMA e psilocibina, para o tratamento de estados de 'stress' pós-traumático e certo tipo de depressões, segundo uma decisão adotada em fevereiro pelo organismo australiano de vigilância das drogas.
O Canadá e alguns estados dos Estados Unidos autorizaram o uso médico de psilocibina e/ou de MDMA, mas apenas no quadro de ensaios clínicos ou autorizações especiais.
A Austrália vai reclassificar estas substâncias, após os ensaios da Therapeutic Goods Administration australiana (TGA), avaliando-as como "relativamente seguras" quando forem utilizadas "em ambiente médico controlado".
Os defensores desta decisão esperam que estas substâncias possam permitir avanços decisivos no tratamento de determinadas perturbações mentais.
Mike Musker, investigador em saúde mental e em prevenção do suicídio na universidade Austrália-Meridional, declarou à agência noticiosa AFP que o MDMA pode ser útil para tratar o 'stress' pós-traumático, enquanto a psilocibina pode ajudar no combate à depressão.
Nas suas declarações, explicou que a MDMA fornece aos pacientes "um sentimento de conexão" que lhes permite o contacto com o terapeuta e discutir as suas experiências traumáticas.
O "efeito psico-espiritual" da psilocibina, "que não se obtém com medicamentos tradicionais", disse, "pode alterar a vossa perceção de vós próprios e da vossa vida (...) e com alguma sorte, pode fornecer-vos o desejo de viver".
Musker duvida que estas drogas sejam "amplamente utilizadas" pelos doentes antes de 2024, e declarou que o processo não consiste em "tomar um comprimido e desaparecer na Natureza".
O ecstasy, por exemplo, necessitará provavelmente de três tratamentos num período de cinco a oito semanas, com cada sessão a prolongar-se por cerca de oito horas.
Precisou ainda que os terapeutas permanecerão com os doentes enquanto estiveram sob o efeito da droga e durante sessões que poderão custar, cada uma, cerca de 1.000 dólares australianos (609 euros).
O doutor David Caldicott, consultor em medicina de urgência e investigador em substâncias clínicas na Universidade nacional australiana de Camberra, declarou à AFP que esta decisão permite à Austrália uma vantagem na exploração dos benefícios médicos das drogas.
No entanto, Susan Rossel, neuropsicóloga cognitiva na universidade de Swinburne, declarou que apesar de estes tratamentos "possuírem um potencial", a Austrália "está a avançar em cinco anos antes de o dever fazer".
"Para outros tipos de doença, seja uma doença cardiovascular ou um cancro, é impossível colocar um medicamento no mercado de forma tão rápida como foi feito no caso presente", indicou à AFP.
"Não existem medicamentos no mercado que não tenham sido objeto de ensaios clínicos de fase três e de fase quatro -- e é o que fazemos aqui".
Um porta-voz do ministério da Saúde declarou à AFP que a decisão "tem em consideração o facto de as provas relacionadas com a utilização destas substâncias no tratamento de doenças mentais ainda não terem sido totalmente estabelecidas".
"As vantagens para certos doentes (...) sobrepõem-se aos riscos, e existe atualmente uma ausência de opções para os doentes resistentes aos tratamentos que sofrem de doenças mentais específicas".
"Penso ser necessário advertir o doente, antes de participar no programa, que [as 'bad trips' (más viagens)] constituem em efeito secundário potencial", assinalou Musker.
MALI: Conselho de Segurança da ONU encerra missão no Mali após 10 anos
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POR LUSA 30/06/23
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou hoje o fim do mandato da sua missão no Mali (Minusma) a partir de 30 de junho e a sua retirada do país após 10 anos de serviço.
"Sou funcionário público há 15 anos e vivo aqui há 30. Nunca vi nada igual. Nem os octogenários se lembram de algo assim", afirmou Sahane Yusuf Barjadle, comissário da aldeia de Magalo Qaran no município etíope-somali de Wajale.
A região afetada regista agora um colapso das temperaturas acompanhado de "neve, também em forma de granizo pedras, e ainda ventos gelados", descreveu o mesmo responsável.
As autoridades estimam que pelo menos 10 quilómetros de estradas entre as cidades de Gobyarrey e Haroreys estão obstruídos pela neve.
Há ainda registo de danos materiais nos telhados das casas, bem como em alguns veículos, mas não de pessoas feridas em resultado da tempestade.
Senegal. Amadou Ba garante eleições "transparentes" e "pacíficas" em 2024
© Mamadou Ba/Facebook
POR LUSA 30/06/23
O primeiro-ministro senegalês, Amadou Ba, garantiu hoje que o Governo vai organizar eleições "transparentes, inclusivas e pacíficas" em 2024, apesar das críticas da oposição sobre a alegada intenção do Presidente Macky Sall concorrer a um terceiro mandato, proibido constitucionalmente.
"O Presidente pediu ao Governo que preparasse e lhe enviasse o mais rapidamente possível os textos das leis necessárias para criar pontos de convergência para que o país avance, de acordo com o interesse geral, para eleições transparentes, inclusivas e pacíficas", disse Ba, citado pela agência noticiosa senegalesa APS.
Macky Sall vai reunir-se em breve com representantes do setor económico e empresarial do país, acrescentou Ba, salientando que "o diálogo nacional não é apenas político".
"As conclusões do diálogo nacional serão examinadas e aplicadas de forma diligente", afirmou ainda.
A comissão de diálogo propôs na semana passada alterações à legislação eleitoral para permitir que figuras proeminentes da oposição, Khalifa Sall e Karim Wade, condenados por corrupção, concorram à Presidência, numa aparente tentativa de reduzir as tensões.
Sall afirmou durante o fim de semana que irá dirigir-se à nação "muito em breve" para esclarecer se irá candidatar-se a um terceiro mandato, tendo em conta o recrudescimento dos protestos contra essa possibilidade e a recente condenação a dois anos de prisão do líder da oposição Ousmane Sonko por "corrupção da juventude", que este considera uma tentativa de o afastar da corrida presidencial.
O líder senegalês nunca esclareceu se iria concorrer a um terceiro mandato, mas indicou que essa decisão, a acontecer, estaria dentro da lei, apesar de a Constituição do país vizinho da Guiné-Bissau limitar o número de mandatos a dois.
A repressão dos protestos dos apoiantes de Sonko, que é também presidente da câmara de Ziguinchor, sul do país, pelas forças de segurança senegalesas causou mais de 15 mortos e levou as Nações Unidas a pedir investigações "independentes e exaustivas" sobre os incidentes.
Madonna recebe alta hospitalar após internação em UTI
O assustador momento em que um homem é atingido por um raio na Rússia... Vítima morreu no local e as imagens foram captadas por uma câmara de videovigiância.
Notícias ao Minuto 30/06/23
Um homem de 49 anos morreu na terça-feira, ao ser atingido na cabeça por um raio, num parque de estacionamento, na cidade de Krasnodar, no oeste da Rússia.
O momento - que foi registado por uma câmara de videovigiância no local - pode ser visto no vídeo que acompanha esta notícia.
Quando os serviços de emergência chegaram ao local, a vítima já não tinha sinais vitais.
A polícia de Krasnodar está a investigar o incidente.
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A Ministra da Justiça considera que o acesso à informação é um direito fundamental e para o fortalecimento da democracia. Ela enfatizou a importância de fiscalizar as ações do governo, exigir a prestação de contas e contribuir para a formulação de políticas públicas mais transparentes e eficazes.
Teresa Alexandrina da Silva fez estas declarações durante o encerramento de um workshop no âmbito do projeto do Fundo de Construção da Paz, intitulado "Estabilização Política e Reforma através da Construção de Confiança e Diálogo Inclusivo".
Já são 667 detidos nos protestos em França. Macron convoca nova reunião
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Notícias ao Minuto 30/06/23
Pelo menos 307 detenções aconteceram na região de Paris. Além disso, 249 elementos da polícia ficaram feridos nos tumultos.
O presidente francês, Emmanuel Macron, vai presidir a uma nova reunião de emergência ainda esta sexta-feira, depois da terceira noite consecutiva de tumultos no país em protesto contra a morte de um jovem às mãos da polícia, no início da semana, informou a BFMTV, citando o palácio do Eliseu.
A reunião acontecerá às 13h locais (menos uma hora em Lisboa), o que obrigará Macron a encurtar a viagem a Bruxelas, onde se encontra a participar na cimeira europeia.
É a segunda reunião de emergência em dois dias, frisa o Eliseu.
A convocação deste encontro acontece quando o mais recente balanço, feito pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin, dá conta de 667 detidos na última noite.
Pelo menos 307 detenções aconteceram na região de Paris, tendo a maioria dos detidos idades entre os 14 e os 18 anos.
Além disso, 249 elementos da polícia ficaram feridos nos tumultos.
A polícia recebeu "instruções sistemáticas de intervenção", escreveu o ministro, numa mensagem na rede social Twitter, onde adianta que estes tiveram de responder a uma "violência rara".
Também a presidente da câmara de Paris, Anne Hidalgo, convocou uma unidade de crise às 9h (8h em Lisboa).
Milhares de pessoas protestaram, na quinta-feira, em Nanterre, contra a morte do jovem de 17 anos Nahel, num controlo de trânsito na terça-feira, captado pelas câmaras de vigilância.
Foram destacados 40.000 polícias para tentar travar os distúrbios que se arrastam há alguns dias nos bairros sociais em Nanterre, arredores de Paris, e noutros bairros desfavorecidos da capital francesa.
Os manifestantes incendiaram carros, fecharam ruas e lançaram projéteis contra a polícia, após uma vigília pacífica realizada anteriormente.
De acordo com a autarquia de Seine-et-Marne, foi ateado fogo a um centro comercial em Mée-sur-Seine, o que obrigou a realojar os moradores de dois prédios adjacentes. Os bombeiros ainda estavam, esta manhã, no combate às chamas.
Em Estrasburgo, 66 carros foram incendiados e, em Pantin, foi ateado fogo a 12 autocarros.
A morte do jovem Naël de 17 anos, num controlo de trânsito na terça-feira, captado pelas câmaras de vigilância, fez regressar a tensão entre jovens e a polícia nos bairros sociais em Nanterre, arredores de Paris, e noutros bairros desfavorecidos da capital francesa.
Os confrontos contra as forças de segurança surgiram logo na noite de terça-feira em Nanterre e, na madrugada de quinta-feira, foram danificados edifícios públicos e queimados carros, tendo sido detidas cerca de 150 pessoas.
O agente da polícia suspeito da morte do jovem, acusado de homicídio, foi detido e vai ficar em prisão preventiva.
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Banco Mundial anuncia nova ajuda de 1,4 mil milhões à Ucrânia
ALEX BABENKO
Por sicnoticias.pt 30/06/23
Novo empréstimo pretende "responder às necessidades dos novos pobres e deslocados pela guerra", "apoiar reformas para melhorar a transparência e a responsabilidade das despesas públicas" e “ajudar os mercados a funcionar melhor durante e depois da guerra”.
O Banco Mundial (BM) anunciou uma nova ajuda à Ucrânia no valor de 1,5 mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros), a ser subsidiada pelo Japão.
Este novo empréstimo tem como objetivo "responder às necessidades dos novos pobres e deslocados pela guerra", "apoiar reformas para melhorar a transparência e a responsabilidade das despesas públicas" e "ajudar os mercados a funcionar melhor durante e depois da guerra", indicou a instituição, em comunicado.
"Desde fevereiro de 2022, o Banco Mundial tem trabalhado incansavelmente com a comunidade internacional de doadores para fornecer financiamento de emergência que está a ajudar o Governo da Ucrânia a manter as crianças na escola, os hospitais abertos e a assegurar as funções básicas do governo", disse a vice-presidente do BM para a Europa e Ásia Central, Antonella Bassani, na mesma nota.
"A Ucrânia, por sua vez, tem demonstrado uma imensa resistência face à invasão russa. Louvamos o Governo por ter empreendido reformas difíceis durante uma guerra, tendo em vista o futuro e os ganhos de desenvolvimento do país a longo prazo. O Banco Mundial vai continuar a apoiar, de forma inabalável, a Ucrânia a recuperar e a reconstruir uma economia ainda mais forte", acrescentou Bassani.
Ajuda do Banco Mundial
Desde o início da invasão, o BM concedeu mais de 37,5 mil milhões de dólares (cerca de 34 mil milhões de euros) para apoiar cerca de 13 milhões de ucranianos.
Os países que emprestaram dinheiro incluem os Estados Unidos, o Japão, o Reino Unido, a Noruega, os Países Baixos, a Espanha, a Alemanha, o Canadá, a Suíça, a Suécia, a Dinamarca, a Áustria, a Finlândia, a Irlanda, a Lituânia, a Letónia, a Islândia e a Bélgica.
O dinheiro será canalizado para o projeto PEACE (Public Expenditure for Administrative Capacity Resilience in Ukraine) do BM.
De acordo com a instituição, aquele projeto disponibilizou um total de 19,7 mil milhões de dólares (18,2 mil milhões de euros) para os mais necessitados, e para o Fundo Fiduciário de Auxílio, Recuperação, Reconstrução e Reforma da Ucrânia (URTF), que responde a necessidades em setores como os transportes, a energia e a saúde.
Leia Também: As autoridades ucranianas revelaram hoje que a Rússia está a reduzir a presença na central nuclear de Zaporíjia, cerca de uma semana após o presidente ucraniano ter alertado que Moscovo planeava um "ato terrorista" naquelas instalações
MIGRAÇÕES: Lampedusa, a ilha onde o paraíso e o inferno se tocam
© Reuters
POR LUSA 30/06/23
Em poucos locais da Europa haverá uma convivência tão chocante entre cenários idílicos e de horror como na ilha italiana de Lampedusa, cujas praias e águas turquesa são atração turística para uns, mas uma miragem e cemitério para outros.
Mais próxima da costa africana do que da própria Sicília, à qual pertence administrativamente, Lampedusa, uma pequena ilha de 20 quilómetros quadrados com cerca de seis mil habitantes, é o ponto mais a sul de Itália, que no início do século se tornou um dos principais pontos de entrada na Europa de migrantes irregulares, na sua maioria subsaarianos, que atravessam o Mediterrâneo em embarcações precárias operadas por redes de traficantes desde a Líbia e Tunísia.
Os que conseguem chegar ao largo da ilha são levados diretamente para o «centro de acolhimento» ('hotspot') de Lampedusa, por estes dias sistematicamente sobrelotado e com condições muito precárias, apesar de também diariamente centenas de migrantes serem transferidos dali para outros centros na Sicília e na península italiana, tal é o fluxo de chegadas que se verifica este ano, o maior desde 2017.
Mas muitos morrem no mar durante a travessia daquela que é hoje apontada pela Organização Internacional para as Migrações como "a rota mais perigosa do mundo", a do Mediterrâneo Central, onde este ano já terão perdido a vida mais de 1.500 pessoas, segundo estimativas 'por baixo'.
"É muito provável que o número trágico de pessoas que se sabe terem perecido ou desaparecido no Mediterrâneo esteja significativamente subestimado. Muitos naufrágios podem ter ocorrido sem testemunhas", diz à Lusa Laurence Bondard, da SOS Mediterranee, uma das várias organizações não-governamentais que prestam socorro no Mediterrâneo.
Lampedusa é também destino de eleição para muitos turistas que, nos meses de verão, 'invadem' a ilha, conhecida pelas suas praias exóticas, onde tartarugas depositam ovos, e fundos marinhos protegidos.
A artéria principal é como a de qualquer destino balnear de sucesso, com restaurantes e bares cheios, lojas de artigos de praia e de 'souvernirs', bancas de venda de bijuteria, artesanato ou fruta, e agências turísticas que organizam excursões de barco.
Desde o café do seu amigo Giacomo, localizado no ponto de interceção entre o porto velho e o porto novo da ilha, localizados na mesma baía, Gianluca habitou-se a ver embarcações turísticas com festa e luxos a bordo cruzarem-se diariamente com os navios da guarda-costeira que trazem os migrantes recolhidos ao largo da costa.
"Chegam, fazem-nos sentar ali, por vezes uma hora ou mais ao sol, enquanto tratam das burocracias, para depois os levarem para o 'hotspot'", diz à Lusa este músico radicado há muitos anos na ilha, apontando para o local habitual de desembarque dos migrantes, que da ilha só conhecerão o centro de acolhimento. "Centro de detenção", corrige Giacomo.
Natural de Lampedusa, a maior das três Ilhas Pelágias que formam o pequeno arquipélago, Giacomo sente-se revoltado com a gestão da crise migratória e criou mesmo um "movimento político e cultural", denominado «Pelagie Mediterranee», cujo grande objetivo é travar aquilo que classifica como "a militarização de Lampedusa, que chegou a um nível nunca antes visto, com a presença de casernas e áreas militares disseminadas por toda a ilha e a deturpação da ilha com antenas e radares que poluem o ambiente".
"Apenas é aceitável uma pequena presença militar, proporcional à dimensão de Lampedusa", defende Giacomo, que, num espaço adjacente ao seu café construiu um pequeno museu de homenagem aos migrantes, com objetos recuperados das embarcações precárias tão distintas dos barcos turísticos, como biberões, latas de conserva, medicamentos, panelas e até sapatos.
De "visita técnica" de poucos dias a Lampedusa, Rafael, um académico brasileiro da Universidade de Vale do Itajai, em Santa Catarina, que coordena um mestrado em direito das migrações transnacionais, diz à Lusa que a principal impressão que leva de Lampedusa é precisamente "o contraste de duas realidades tão contraditórias", que seria ainda mais evidente não fosse a criação de áreas de acesso extremamente restrito, longe dos olhares dos turistas, como o prório 'hotspot', que a Lusa teve autorização para visitar.
"Há um esforço no sentido de tornar os migrantes irregulares invisíveis, esconder essa realidade para não prejudicar a chegada dos migrantes que lhes interessam, os que têm dinheiro", comenta.
Também Gianluca admite que o contraste de duas realidades tão opostas, "entre os que tudo têm e os que nada têm senão desespero", é "particularmente intenso em Lampedusa".
De amigos ouviu o testemunho de quando Lampedusa assistiu, a 06 de outubro de 2013, à que foi a maior tragédia no Mediterrâneo até ao recente naufrágio em águas gregas, cujo número de vítimas mortais está ainda por apurar.
A curtíssima distância da mais emblemática e paradisíaca praia da ilha, a Spiaggia dei Conigli (Praia dos Coelhos), que já foi eleita a melhor do mundo, uma embarcação com centenas de somalis e eritreus naufragou cerca das 05:00 da madrugada, causando a morte de pelo menos 368 migrantes,
"Os meus amigos tinham saído para uma noite de festa a bordo de um barco, que se prolongou pela madrugada. Quando começou a alvorecer e a fazer luz, viram o mar cheio de corpos", conta.
"Ainda socorreram aqueles que puderam, enquanto a guarda-costeira, que demorou uma hora a chegar, observava à distância, a aguardar autorização para intervir. Apresentaram denúncia contra as autoridades. Mas ainda hoje estão traumatizados", diz.
Dez anos volvidos, as tragédias nas águas do Mediterrâneo sucedem-se, e, em Bruxelas, os Estados-membros da União Europeia continuam a refletir sobre o tema e a tentar 'fechar' o novo pacto sobre migrações e asilo, a partir de 01 de julho sobre presidência da Espanha, outro dos países europeus mais afetados pela crise migratória e que tem a 'sua' Lampedusa nas Ilhas Canárias, outra das 'portas' procuradas por quem tenta de forma desesperada chegar à Europa.
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EUA agradecem a países africanos esforços pela paz na Ucrânia
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POR LUSA 30/06/23
O secretário de Estado norte-americano agradeceu à homóloga sul-africana, Naledi Pandor, pelos esforços na luta pela paz na Ucrânia, no final da visita de uma delegação de países africanos à Rússia e à Ucrânia.
Antony Blinken falou com Pandor sobre a recente visita aos dois países por uma delegação de sete nações africanas, disse, na quinta-feira, em comunicado, o porta-voz do Departamento de Estado Matthew Miller.
"Blinken agradeceu os esforços da delegação e sublinhou a força do compromisso dos EUA com a soberania e a integridade territorial da Ucrânia e a visão da Ucrânia de uma paz forte e duradoura que ponha fim à guerra brutal da Rússia", notou Miller.
Em meados de junho, a delegação de líderes africanos visitou a Ucrânia e a Rússia numa tentativa de mediar o conflito.
Apesar de os países terem tomado posições diferentes em relação à guerra, a delegação optou por uma estratégia de não-alinhamento.
O grupo incluiu representantes de África do Sul, Senegal, Zâmbia, Comores, Egito, Uganda e República do Congo.
A proposta de paz africana é mais uma das iniciativas apresentadas por atores internacionais para mediar o conflito que se arrasta há mais de 15 meses.
A China e o Brasil também avançaram com propostas, embora a Ucrânia tenha insistido que só vai considerar as que contemplem uma série de condições às quais não está disposta a renunciar, como o regresso às fronteiras internacionalmente reconhecidas até 2014, incluindo a península da Crimeia, o fim do conflito e a apresentação na justiça dos responsáveis por crimes de guerra.
A 24 de fevereiro do ano passado, Moscovo lançou uma ofensiva militar, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.
A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.