© MNPTE
Por LUSA 26/01/22
O presidente do Movimento Nacional para Promoção da Tolerância Étnica (MNPTE) na Guiné-Bissau, Dencio Fernandes, disse hoje à Lusa que a sua organização "está bastante preocupada" com o nível de ataques étnicos nas redes sociais.
Médico recém-formado e colocado no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau, Dencio Fernandes explicou à Lusa que, decidiu, juntamente com outros jovens académicos e profissionais de diferentes áreas, criar, em outubro de 2020, uma organização que juntasse "pessoas com vontade de proteger a unidade nacional".
O líder do MNPTE, que trabalhou até aqui na prevenção e resolução de pequenos conflitos entre pessoas de diferentes grupos étnicos, nomeadamente as disputas pela posse da terra, disse ter percebido "que há um claro aumento de violência verbal e incitamento ao ódio étnico" nas redes sociais.
"Esse fenómeno começou a ganhar força a partir de 2014, mas passou a ter outra proporção com as eleições gerais de 2019. O incitamento étnico, o preconceito nas redes sociais passou a ser um verdadeiro problema na Guiné-Bissau", notou Dencio Fernandes.
O ativista social dá o exemplo de pessoas que "insultam toda uma etnia, às vezes de cara tapada", numa referência ao perfil falso ou identidade escondida nas plataformas das redes sociais.
"Muitas vezes as pessoas escondem-se em perfis falsos e lançam informações que acabam por intoxicar a sociedade e incitam ao ódio étnico. Isso é muito perigoso para um país como o nosso onde a maioria da população não sabe ler e escrever", sublinhou Fernandes.
O MNPTE insta as autoridades a avançarem para a criação de legislação contra o que diz ser um "fenómeno que pode vir a incendiar" a Guiné-Bissau.
"Temos indícios fortes de que não há hora de a Guiné-Bissau ficar mergulhada em problemas de cariz étnico como os que aconteceram no Ruanda. Nós não podemos ficar de braços cruzados à espera que algo de grave aconteça ao nosso país", enfatizou Dencio Fernandes.
A partir de fevereiro, a organização vai lançar uma campanha nacional de sensibilização à população sobre os "perigos do uso indevido das redes sociais" e as suas consequências para a unidade e coesão entre os guineenses, salientou Fernandes.
A Guiné-Bissau tem cerca de dois milhões de habitantes e conta com cerca de 30 grupos étnicos.
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