terça-feira, 3 de novembro de 2015

Bravura da bideira -Tia Npot


À luz da sua vela, a tia Npot vai iluminando a sua vida e a das famílias à sua volta. Vende carvão durante o dia. À noite faz cuscuz e vende mancara à beira da estrada, no chamado beco. É a mãe que não tem filhos e que já não os pode ter. A idade pesa-lhe nas coxas. Tia Npot é surda, mas todos os dias ouve a necessidade e a luta pela sobrevivência a bater-lhe à porta.
Atrás da sua porta, que não é porta, vive no limiar da pobreza extrema. Mas do Estado não espera qualquer apoio que possa melhorar, nem que fosse um pouco, a sua vida.
Tal como a maioria das mulheres guineenses batalhadoras, a tia Npot sentiu na pele a ausência do Estado. Nunca recebeu apoio social. Nunca sentiu uma preocupação, um querer saber, um carinho por parte da sua pátria.
Dorme nos recantos mais escuros numa casa coberta de palha, sem luz, sem água canalizada e em precárias condições físicas no bairro de Cuntum-Madina, em Bissau.
A sua sala não tem televisão moderna. Mas tem utilidade. Serve para armazenar o sustento. Os sacos de carvão. E serve de dormitório para patos e galinhas, seus companheiros.
No quarto, tia Npot tem panelas, bindi di cuscus e um colchão feito de palha. Uma relva sem alma colocada num cantinho no chão. Um quarto escuro, sem janela nem porta, que cheira a humidade.
É uma espécie de terra batida - só areia por dentro. Mesmo assim, quando entra, tia Npot deixa os chinelos à entrada da porta principal.
A cobertura da casa, por ser velha, deixa entrar a chuva. Tigelas e baldes servem de remendo ao que não tem conserto. Já perdeu a conta às noites que passou em branco por chover intensamente e sem parar. Não sabe onde colocar o colchão. Está tudo molhado, parece que em casa é pior que na rua.
Npot acorda às cinco da manhã para preparar o seu longo dia. Vai dormir à uma de madrugada. É a rotina normal de uma mulher que não conhece descanso aos domingos.
A fome não descansa e nunca dorme. Enquanto há quem espere pelo final do mês para receber o salário - algo que nunca experimentou -, Npot odeia o fim do mês. A sua renda de casa custa 8 mil francos. Nunca se interessou por pedir recibo de pagamento, já que nem ler sabe. Conhece apenas os números para contar os rendimentos e calcular a soma para pagar ao senhorio a renda mensal.
Muitas vezes, eu no meu carro e ela caminhando, cruzamos os nossos caminhos à entrada da mesma rua.
Vejo-a sempre a carregar à cabeça.
Leva mais de cinco quilos, deduzo.
Fogareiro, bindi e tudo o que lhe permita ganhar algum dinheiro por dia - às vezes quinhentos francos.
Dinheiro que guarda cuidadosamente na ponta de panos, num nó que faz propositadamente.
Mesmo com a testa sofrida, a roupa a pingar de calor e os chinelos que se remendam a toda hora, tira sempre um tempinho para saudar e cumprimentar as pessoas.
Nunca aceitou a minha boleia, quando lhe digo: "Tia no bai pan n´lebau, sol noti".
Reage sempre da mesma forma. "Nha fidju ntchiga dja, bai diritu".
E lá vai ela, num andar rápido. Talvez porque começa o dia sempre em desvantagem, correndo contra o relógio e contra o prejuízo que já é certo.
Amanhã nunca se sabe. Uma pasta dentífrica é um luxo? Ou sobra carvão para esfregar os dentes ao nascer do sol? E o país? Como estará amanhã? Negro de novo? Ou há esperança numa nação de todos e para todos?
Por várias vezes, do seu pequeno lucro tira uns 200 francos para oferecer aos jovens que andam de peditório em peditório para a sua equipa de futebol ou para comprar warga nas bancadas de Djumbai.
Da política, a tia Npot só conhece o PAIGC de Nino Vieira e o PRS de Kumba Yala, antigos presentes dos respetivos partidos e ex-chefes de Estado guineenses.
Ao contrário dos políticos, serve-se de si mesma para ter uma vida digna e honesta.
Votou uma única vez na vida, nas eleições de 1994, as primeiras eleições livres na história da democracia do país.
Ainda tem o seu cartão de eleitor novinho, pensando que fosse um único documento que o Estado se dignou legar a alguém.      
Ela é umas das milhares de guineenses invisíveis aos olhos do Estado. É uma indefinição.
Devido à patrulha que as forças de segurança fazem nos bairros à noite para tentar travar os assaltos à mão armada, Npot foi à minha casa ao final de mais um dia de trabalho.
"Filho, assisti a uma correria e gritaria na feira esta noite. Por que é que os militares estão a pedir documentos?", perguntou, com um balde na cabeça cheio de balas, da sua armada de luta contra a fome.
Mas ela tem. É o cartão de eleitor de 1994. Ainda tem validade? Ou melhor, será que um dia valerá alguma coisa?
Npot não sabe se chegou a ter bilhete de identidade. Não se lembra. Ou seja, Npot vive à margem do Estado e é invisível para o Governo.
Um dia disse-me: "Filho, ajuda-nos por favor... já estamos cansados dessa situação. Dizem que tu trabalhas na rádio. Então, diga-lhes (aos governantes) que estamos a sofrer e não temos nada nem para comer. Que façam algo por nós (povo)". Nem sequer ouviu a minha resposta: foi-se de imediato.
Quando está doente, diz-se que faz cura tradicional apostando nos remédios de terra com folhas de árvores, raízes, pedaços de troncos de madeiras, entre outros, que muitos acreditam serem eficazes para combater doenças sem tomar comprimidos. No caso da tia Npot, ela não vai ao hospital do Estado porque não tem dinheiro. Se nem cem francos tem para pagar toca-toca, onde terá dinheiro para pagar a entrada no hospital, comprar luvas, seringas, soro, medicamentos e mais e mais e mais? Por isso, prefere ficar em casa e tentar a sorte com o que tem.
Não conhece Eneida Marta, Karyna Gomes ou Ammy Indjai, mas sabe de cor as músicas de Dulce Neves no histórico grupo musical Super Mama Djombo. Não tem tempo para ouvir noticiários. Não conhece nenhum ministro. Aliás, ainda não sabia que há carros com ar condicionado. Foi uma admiração grande e surpreendente ver e sentir um carro a "refrescar-se".
Ela não é de muita conversa, até porque não funcionam bem os ouvidos de uma mulher que se conforma com o que tem e luta dia e noite para andar de cabeça erguida na nossa sociedade. No dia de Natal sempre vende mais na rua, sobretudo na noite da ceia: está-se sempre a recarregar munições para a dura batalha do dia 25 de Dezembro. Um bom dia para elevar o lucro do dia-a-dia.
Na sexta-feira passada, por volta das 00:30, a tia Npot deu-me os primeiros sinais de desespero com a sua vida de sacrifício em sacrifício. Sem sossego.
Nesse dia, cruzámo-nos mais tarde do que habitual, eu a pé e ela de rastos, muito embriagada. Era evidente que o efeito do álcool tomou de assalto a força que a movia todos os dias. Soltei lágrimas sem ela se dar conta. Passados dois dias, comunicaram-se a sua morte. Foi encontrada sem vida na sua casa, deitada ao pé do seu saco de carvão. Entrei em choque. Ninguém conhece a sua família. A tia Npot, que aparentava 65 anos, sempre viveu sozinha. Nunca ficou a dever a renda de casa onde morava, nem à Câmara Municipal de Bissau pelo espaço que ocupava no mercado. O corpo foi levado para a sua aldeia natal no interior do país, graças ao dinheiro das suas poupanças encontrado na sua mala de madeira.
Que tenha um cantinho para descansar em paz nos céus.
Mais de metade das mulheres guineenses vive em situação de pobreza extrema, ainda que lutem diariamente para garantir o sustento da família em casa.
A questão que se coloca é: será que vamos aceitar uma economia em que apenas alguns se dão espectacularmente bem? A ideia partilhada pelo meu pai (um verdadeiro combatente da liberdade da pátria) é que este país será melhor quando todos tiverem as mesmas oportunidades, todos tiverem a sua fatia justa, todos seguirem as mesmas regras. Razão pela qual deu toda a sua juventude para a libertação dos povos nas mãos do jugo colonial para que este país fosse um santo lugar para os seus filhos desfrutarem das riquezas desta fatia de terra. Nasci, cresci e assisti o meu pai a morrer por não aguentava mais os reflexos das torturas a que foram submetidos nas prisões de Tarafal e Djiu di Galinha. Aceitou se sacrificar, tal como muitos combatentes, para que possamos levar em avante a difícil tarefa de construir uma nação próspera que sirva todos os seus filhos. Não só burgueses, elites, ou apenas uma geração.
 
Nós, o povo, entendemos que o nosso país não pode ter êxito quando uns poucos estão muito bem e um número cada vez maior não está. Acreditamos que a prosperidade da Guiné-Bissau deve repousar sobre os ombros largos de uma crescente classe mais desfavorecida e vulnerável. 
 
À tia Npot nunca foi dada a oportunidade de provar o sabor da propriedade do seu país ou mesmo de aprender a ler e a escrever o seu nome para poder conhecer os seus direitos e deveres, exigindo que o Estado cumpra a sua tarefa de levar avante a nobre jornada iniciada nas matas de Boé em 1973. Tinha o dom precioso de saber lidar com os números para fazer contas ao seu dinheiro, que ganhava a conta-gotas, e saber geri-lo. Saliente-se que até ao final desta década, dois em cada três postos de trabalho irão exigir alguma formação superior - dois em cada três. E, no entanto, ainda vivemos num país onde muitos guineenses brilhantes e batalhadores não podem conseguir a formação que merecem. Não é justo para eles e certamente também não é inteligente para o nosso futuro.
 
Sim, vale a pena contar a história de tia Npot.
Ficção? Metáfora? Ou realidade?
Ela ilustra o exemplo da bravura da mulher guineense. Dos sacrifícios que faz para sustentar a família.
Ela contrasta com a história de outras mulheres que não sabem o que é dormir com chuva em casa. E quando estamos a celebrar os 42 anos da independência…
A história desta mulher valente podia ser a sua, a da sua mãe ou de algum parente. Então, faça algo sério e digno para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, salvando vidas e tirando da pobreza milhares e milhares de irmãos guineenses. Pense mil vezes antes de colocar os seus interesses pessoais ou partidárias acima dos da nação! A Guiné sempre em primeiro lugar, não se esqueça.
Não fique parado a ver pessoas a passar fome, a morrer de doenças fáceis de curar. Faça algo para que o seu irmão tenha uma boa educação, saúde, emprego, vida condigna, um bom professor. E faça algo pela sua terra natal. Pode até ter tripla nacionalidade, mas nunca deixará de ser um nativo da Guiné-Bissau. Faça algo e faça agora!
Que Deus abençoe a Guiné e que Allah abençoe os guineenses!

Rokhsahana foi apedrejada até à morte e acordou o fantasma dos taliban

Crime ocorreu numa região remota do Afeganistão que está nas mãos dos fundamentalistas.

Imagem do vídeo que circula nas redes sociais e que foi mostrrado na televisão afegã RADIO FREE EUROPE / RADIO LIBERTY/AFP

Rebeldes taliban e senhores da guerra de uma zona montanhosa do Afeganistão lapidaram até à morte uma jovem afegã acusada de adultério. Segundo as autoridades locais que contactaram a AFP, o brutal castigo suscitou a indignação de muitos habitantes que ainda não esqueceram as horas sombrias do regime fundamentalista dos “estudantes de teologia”. Um vídeo, apresentado pelas autoridades como sendo aquele da tragédia circula nas redes sociais e foi difundido na televisão afegã.

A lapidação aconteceu “há cerca de uma semana” em Ghalmine, zona montanhosa e deserta da província de Ghor que está nas mãos dos taliban há alguns meses, segundo revelou à AFP a governadora de Ghor, Sima Joyenda. Esta responsável é uma das duas únicas mulheres a governar uma das 34 províncias do Afeganistão, onde a sociedade é predominantemente patriarcal.

No vídeo, uma jovem mulher está de pé dentro de um buraco escavado na terra, estando apenas a sua cabeça à superfície. Há um homem vestido de negro que lança a primeira pedra, depois três outros imitam-no. Um dos homens convida-a a recitar a shahadah, a profissão de fé do Islão. A jovem diz então com uma voz fraca: “Não existe nenhum Deus a não ser Alá.” E depois a câmara pára de filmar.

Abdul Hai Katebi, porta-voz da governadora garantiu à AFP que o vídeo é autêntico
Da vítima sabe-se que se chamava Rokhsahana, que teria “entre 19 e 21 anos”, que “estava casada com um homem contra a sua vontade” e que “tentou fugir com outro homem da sua idade”, segundo a governadora Sima Joyenda.

“As principais vítimas nas zonas controladas pelos taliban são as mulheres”, sublinhou a governadora. “O homem com quem Rokhsahana tentou a fuga não foi lapidado”. Sima Joyenda condenou esta morte “irresponsável” e apelou ao governo central de Cabul para “limpar” os taliban daquela região.

“Este incidente foi o primeiro deste género naquela região e certamente não será o último”. Um responsável da polícia confirmou que se tratou da primeira lapidação que aconteceu “este ano”.

A lapidação é um castigo previsto na lei islâmica para os homens e mulheres que forem considerados culpados de manterem relações sexuais fora do casamento. Esta pena, raramente aplicada nos países muçulmanos, esteve em vigor durante o reinado dos taliban no Afeganistão (1996-2001) mas agora é ilegal no país.
http://www.publico.pt/mundo/noticia/rokhsahana-foi-apedrejada-ate-a-morte-e-acordou-o-fantasma-dos-taliban-1713194?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+PublicoRSS+%28Publico.pt%29

Afghan woman stoned to death for 'adultery'

Kabul (AFP) - A young Afghan woman was stoned to death after being accused of adultery, officials said Tuesday, a medieval punishment apparently recorded in a video that harks back to the dark days of Taliban rule.

The 30-second clip run in Afghan media shows a woman in a hole in the ground as turbaned men gather around and hurl stones at her with chilling nonchalance.
The woman, named by officials as Rokhsahana and aged between 19 and 21, is heard repeating the shahada, or Muslim profession of faith, her voice growing increasingly high-pitched as stones strike her with sickening thuds.

The killing took place about a week ago in a Taliban-controlled area just outside Firozkoh, the capital of central Ghor province, officials said, confirming the video which went viral on social media.
"Yes, the footage shown in the media is related to Rokhsahana, who was stoned to death," a spokesman for Ghor's Governor Seema Joyenda told AFP.

Rokhsahana was stoned by a gathering of "Taliban, local religious leaders and armed warlords", Joyenda said.

Joyenda, one of only two female governors in Afghanistan, said Rokhsahana's family had married her off against her will and that she was caught while eloping with another man her age -- seen as tantamount to adultery.

The man was let off with a lashing, Joyenda's spokesman said.

The brutal punishment meted out to Rokhsahana highlighted the endemic violence against women in Afghan society, despite reforms since the hardline Taliban regime fell in 2001. - 'Conservative attitudes' -

In March a woman named Farkhunda was savagely beaten and set ablaze in central Kabul after being falsely accused of burning a Koran.

The mob killing triggered protests around the country and drew global attention to the treatment of Afghan women.

Joyenda condemned the stoning in Ghor, calling on Kabul to launch a military operation to rid the area of insurgents and other armed groups.
"This is the first incident in this area (this year) but will not be the last," she said.
"Women in general have problems all over the country, but in Ghor even more conservative attitudes prevail."

In September a video from Ghor appeared to show a woman -- covered head to toe in a veil and huddled on the ground -- receiving lashes from a turbaned elder in front of a crowd of male spectators.

The flogging came after a local court found her guilty of having sex outside marriage with a man, who was similarly punished.
Shariah law decrees stoning as the punishment for men and women convicted of having sex outside marriage, but the penalty is very rarely applied in Muslim countries.
Public lashings and executions were common under the Taliban's 1996-2001 rule, when a strict interpretation of Sharia law was enforced, but such incidents have been less common in recent years.

The Taliban have so far not commented on the stoning in Ghor.
Long condemned as misogynistic zealots, the militants have recently sought to project a softened stance on female rights.

But the insurgents' recent three-day occupation of the northern provincial capital of Kunduz offers an ominous blueprint of what could happen should they ever return to power.

Harrowing testimonies have emerged of Taliban death squads methodically targeting a host of female rights workers and journalists just hours after the city fell on September 28.
http://news.yahoo.com/graphic-video-shows-afghan-woman-stoned-death-eloping-071332458.html

"A successful man is one who makes more money than his wife can spend. A successful woman is one who can find such a man." - Lana Turner

A Mom is driving her little girl to a friend’s house for a play date. Mommy, the little girl asks, how old are you?
Honey, you are not supposed to ask a lady her age, the mother warns. It is not polite.

Ok, the little girl says. How much do you weigh?
Now really, the mother says, these are personal questions, and really none of your business.
Undaunted, the little girl asks, Why did you and daddy get a divorce?
That is enough questions, honestly!

The exasperated mother walks away as the two friends begin to play.
My Mom wouldn’t tell me anything, the little girl says to her friend.

Well, said the friend, all you need to do is look at her driver’s license. It is like a "report card” it has everything on it.
Later that night, the little girl says to her mother, I know how old you are. You are 32.
The mother is surprised and asks, How did you find that out?
I also know that you weigh 140 pounds.

The mother is past surprise and shocked now.
How in heaven’s name did you find that out?
And, the little girl says triumphantly, I know why you and daddy got a divorce.
Oh really? the mother asks. And why that?

Because you got an F in sex.