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Notícias ao Minuto 19/08/23
O chefe da diplomacia europeia afirmou que o "projeto de conquista" do presidente russo foi "um fiasco completo".
O alto-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, defendeu que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, "enganou-se em quase tudo" em relação à sua chamada "operação militar especial" na Ucrânia e que "está agora a sacrificar o seu exército e o seu povo pela sua sobrevivência especial".
"Militarmente a Rússia falhou. Putin queria uma 'blitzkrieg' [guerra-relâmpago, em alemão], mas já passaram 18 meses e está na defensiva. O seu projeto de conquista rápida foi um fiasco completo", apontou, em entrevista ao jornal espanhol El País.
"A Rússia já pagou um preço enorme em termos materiais e humanos: perdeu dois mil tanques, mais do que todos os exércitos da Europa juntos. Embora isso não signifique que tenha esgotado as suas capacidades, Putin está agora a sacrificar o seu exército e o seu povo pela sua sobrevivência pessoal", acusou.
Borrell afirmou ainda que "Putin pensou que a enorme dependência da Europa" em relação aos hidrocarbonetos russos "impediria" a União Europeia (UE) de lhe "fazer frente". No entanto, "em ano e meio, o consumo de gás russo, com excessão da Hungria, caiu para praticamente zero".
"Ele pensava que tinha tudo sob controlo e, de repente, parte do seu exército, ou pelo menos parte das suas tropas, pega em armas contra os seus próprios camaradas e avança 400 quilómetros em direção a Moscovo. Este facto põe em evidência as fissuras do sistema político russo", disse, referindo-se à rebelião falhada do Grupo Wagner.
"Repito: Putin vai sacrificar o seu povo e o seu exército pela sua sobrevivência pessoal e política, e é por isso que é tão difícil negociar a paz. E o que tem de ser negociado é um novo sistema de segurança coletiva que esta guerra destruiu", atirou.
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que quase dez mil civis morreram e mais de 16 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.