terça-feira, 10 de setembro de 2019

GUINÉ-BISSAU - NARCO-ESTADO OU NARCO-DEMOCRACIA?

Por Jorge Herbert

EM 2008 fomos o primeiro país do mundo a ser contemplado pela ONU com um título que envergonha a todos os guineenses - um Narco-Estado! Levantaram suspeitas sobre Nino Vieira, Tagmé Na Waie, Baciro Dabó, António Indjai, Bubo Natchuto, Ibraima Papa Camará, entre outros. Os três primeiros foram assassinados, sem que se tenha provado até hoje a autoria desses crimes e, o então primeiro-ministro sobre quem recai fortes suspeitas de ter sido o autor moral desses crimes, é hoje candidato às eleições presidenciais, após um longo exílio entre Cabo-Verde e Portugal. Os dois últimos chegaram a ser detidos pelas forças americanas, com a colaboração da polícia caboverdeana e publicava-se que António Indjai teria escapado por pouco, por ter-se apercebido do “Isco” que os EUA tinham lançado...

Nessa altura, a Liga Geral dos Direitos Humanos encontrava-se muito ativa nas denuncias e em pressionar a atuação das autoridades nacionais e internacionais...

Hoje, apesar de ser rotulado nalguns órgãos da comunicação social como “Ex-Narco-Estado”, a Guiné-Bissau assiste a apreensão de quantidades de droga nunca antes vistas no país, coincidentemente antes das eleições legislativas e presidenciais e curiosamente nas eleições legislativas houve investimentos eleitorais nunca antes visto na Guiné-Bissau, sem que o país nem o seu povo conhecesse a proveniência de tanto dinheiro investido! Sim, houve pessoas detidas. Da primeira apreensão, até hoje, o cidadão guineense comum não ficou a saber quem foram, quantos estrangeiros e quantos guineenses estiveram envolvidos... Desta última apreensão de duas toneladas de Cocaina, o povo continua sem saber quem são os guineenses envolvidos e como conseguiram colaborar com a introdução de tamanha carga no país!

Para além do facto dos nomes antes apontados, presos e alguns assassinados, na altura ameaçarem o poder conquistado nas urnas pelo PAIGC, existirá algum motivo em especial para aqueles nomes terem sido fortemente divulgados e perseguidos e hoje as autoridades agirem em total secretismo em relação aos guineenses envolvidos?! Será que os atuais guineenses envolvidos em vez de ameaçarem o poder absoluto perseguido pelo PAIGC estarão a colaborar com ele?

Magoa-me tanto os tímpanos, esse silêncio e total alheamento da LGDH sobre um assunto que põe em causa a segurança do país e ameaça seriamente a saúde dos nossos jovens!

A partir de que altura a Guiné-Bissau deixou de ser considerado pela ONU um Narco-Estado e porquê?! Estando o PAIGC a controlar o poder sem grande ameaça, deixa de haver altos membros do aparelho do Estado a colaborar com o tráfico de estupefacientes na Guiné-Bissau?!

Cada cidadão guineense, cada pai de família não têm o direito de conhecer quem são os guineenses envolvidos no tráfico de droga, a que família pertencem, em que Bairro vivem, como atuam e que funções desempenham no aparelho do Estado, para a proteção dos filhos?! Pelo menos é dessa forma que funciona neste quadrante do mundo onde vivo, apesar de saber que há muito que querem transformar a Guiné-Bissau no vosso quintal e não um país livre e soberano, tanto quanto sonhou Cabral e muitos dos seus companheiros tombados por essa causa.

Jorge Herbert

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